Tenho uma posição de sempre,e não a mudarei, sobre o Vitória receber jogadores emprestados por clubes com os quais está a disputar competições.
Entendo que são situações que não defendem o interesse do Vitória e por isso devem ser erradicadas da gestão desportiva do clube de uma vez para sempre.
Já sobre empréstimos por parte de grandes clubes estrangeiros, desde que num projecto comum e uma perspectiva (no mínimo) de médio prazo, sou favorável e acho que deve ser implementada com a escolha de ou ou dois parceiros estratégicos.
Como foi feito em 2012 com o Chelsea e depois abandonada sem qualquer explicação para o facto.
Agora empréstimos de clubes portugueses não.
Porque é valorizar jogadores dos outros, tapar o espaço de progressão dos nossos, adiar a solução de problemas e expormos-nos a repentinas manifestações de interesse do legítimo proprietário dos direitos desportivos do jogador.
Temos vários exemplos, ao longo dos anos, de casos em que as coisas não correram nada bem.
De Urreta a Abdoulaye passando por Sami,Ivo Rodrigues, Vitor Andrade ou Rosell.
E quando correram bem, casos de Alan e Otávio, a verdade é que passados os empréstimos os jogadores foram embora, sem qualquer proveito para o clube, e o Vitória teve de reiniciar o processo de preenchimento dos lugares.
Mas actualmente é especial estranha a relação entre Vitória e Porto.
Com empréstimos de cá para lá e de lá para cá.
Sobre os de lá para cá, e a forma como alguns terminaram (Abdoulaye requisitado pelo FCP a 31 de Janeiro deixando o Vitória desfalcado e sem possibilidade de suprir a lacuna) , já me referi ao assunto várias vezes e não me repetirei.
Sobre os de cá para lá é que o assunto fia mais fino.
São,para já , dois casos.
Cláudio e Areias.
Cláudio emprestado na época passada à equipa B do Porto com empréstimo renovado esta época e Areias a grande(e desagradável) surpresa do fecho de mercado e que igualmente irá para a equipa B do Porto.
São empréstimos incompreensíveis.
Desde logo porque tendo o Vitória uma equipa B ,e tendo os interesses desportivos desta de serem defendidos, não se percebe o interesse de reforçar um rival directo.
Mas no caso especifico de Areias é ainda mais estranho.
Porque Areias, formado no Vitória e desde sempre atleta do clube, é um ponta de lança extremamente prometedor que depois de um bom percurso na formação e na equipa B dava todos os indícios de ser aposta de Pedro Martins na equipa A.
Onde juntamente com Soares e Valente constituía o trio de pontas de lança ao dispor do técnico.
De repente ele e Valente são emprestados e o Vitória fica reduzido a Soares.
O que é pouquíssimo para uma equipa com as aspirações da nossa.
E não me venham dizer que existe Bruno Mendes na B porque nem Bruno Mendes tem a experiência de Valente e o sentido de golo de Areias como para ser chamado à A desfalca a B onde também não existem pontas de lança com fartura.
Não sei se repararam mas enquanto este fim de semana Bruno Mendes foi com a A a Lamego disputar dois joguinhos a brincar teve Vítor Campelos de defrontar o Leixões, em jogo oficial , sem pontas de lança de raiz!
E por isso a completa incompreensão de que gestão desportiva é esta que leva o Vitória a emprestar ao Porto jogadores que nos fazem falta na equipa B e na equipa A.
Porquê?
Para quê?
Com que interesse?
Que fez o Porto para merecer este tratamento de favor, este abdicar dos nossos interesses em favor dos interesses deles, estas decisões incompreensíveis de quase empurrar porta fora jogadores que deviam cá ficar.
E pelo meio ainda há a muito mal explicada rábula da cedência de João Pedro também ao Porto B que acabou por não se verificar (pelo menos por agora...) ,mas que foi amplamente noticiada como certa, graças ás exibições do jogador que tornaram o "negócio" inviável por demasiado escandaloso.
Será o preço das cedências de Marega e Hernâni?
O preço a pagar por termos cá jogadores que o Porto não quer lá é deixarmos ir para lá jogadores que fazem falta cá?
Será que ninguém, entre os que decidem é claro, percebe que só o Porto ganha nos balanços finais destes negócios?
Porque se os que empresta triunfarem (como Otávio) chama-os de volta e fica com os jogadores "prontos" à custa do clube a que os cedeu.
Se não triunfarem (Sami, Ivo Rodrigues, Abdoulaye...) empresta-os a outro clube qualquer e a vida continua porque há sempre mais jogadores para emprestar e clubes de "pernas abertas" para os receberem.
Em contrapartida se Areias se afirmar (espero que sim porque ele merece) fica com ele a troco de uma clausula de compra banal depois de o ter "experimentado" com sucesso ao seu serviço.
Júlio Mendes em entrevista a "O Jogo" refere que o empréstimo de Areias é um "acto de gestão".
Pois é.
Um péssimo acto de gestão!
E é estranho que quem dirige não só se não se aperceba dos erros como insista em praticá-los.
Muito estranho mesmo.
Depois Falamos
P.S. Acredito que o excelente artigo de Alfredo Magalhães, na edição de hoje do "Desportivo de Guimarães", seja um bom contributo para se perceberem as "areias movediças" em que se move o Vitória nas suas relações com o Porto e a gestão desportiva praticada no clube.