Era um jogo com algumas condicionantes especiais.
O Vitória vinha de uma derrota clara no Porto e de uma dolorosa eliminação europeia aos pés de uma equipa austríaca a quem o adversário de hoje tinha acabado de derrotar,fora de casa,na fase seguinte da competição de que os vitorianos tinham sido arredados.
No "Dragão" além da derrota por números claros tinha-se visto uma equipa "macia" e pouco ofensiva ao passo que o adversário tinha empatado na jornada anterior em casa,com o Rio Ave, mas marcando três golos e demonstrando uma garra e combatividade que não podiam ser ignoradas.
E talvez por tudo isso o treinador vitoriano, privado de Alex por lesão(e Alex tem sido o jogador de melhor rendimento neste inicio de época), tenha optado por uma formação conservadora em termos defensivos com dois trincos (Cafu e Bouba) e apenas um médio (Tozé) com funções mais viradas para o ataque.
Manda a verdade dizer que o Vitória fez uma primeira parte agradável, ás vezes com lances de bom futebol,muito por força da bela exibição de Tomané que a jogar no "seu" sitio criou uma série de lances bem perigosos para a baliza belenense.
O Vitória fez um golo, com Valente a aparecer nas costas de Dourado (que arrastara a defesa) a finalizar de primeira, tirando partido daquela que é ,do meu ponto de vista, a forma como o seu ataque tira mais rendimento dos jogadores que tem.
Dourado em cunha,Tomané nos flancos e Valente aparecendo como segundo homem de área.
Ao intervalo o 1-0 correspondia ao que se tinha visto pese embora os homens de azul tenham terminado o primeiro tempo com dois remates perto dos postes e uma excelente defesa de Douglas a evitar o empate.
Na segunda parte,porém, o panorama alterou-se.
O Belenenses apostou mais no ataque,como era de prever, enquanto o Vitória deu a clara sensação de estar mais apostado em defender o resultado do que em consolidá-lo com mais golos fazendo descer o ritmo de jogo e entretendo-se com umas perdas de tempo que pareceram(e foram) absolutamente prematuras.
Quando aos 59 minutos Sá Pinto lançou em jogo Miguel Rosa (um jogador cujo talento merecia "outra" camisola) percebeu-se que ou o Vitória se prevenia ou então a qualquer momento podia sofrer o empate porque o 7 belenense é de facto um jogador que desequilibra.
Como desequilibrou no lance do golo e em mais duas oportunidades que só não deram golo...por acaso.
Não sou dos que "arrasa" Evangelista pelas substituições com que respondeu ás mexidas do adversário.
Digamos que nas três mexidas uma aceita-se, a outra foi bem conseguida e só a terceira é que foi francamente má.
A saída de Dourado (provavelmente fatigado) e a entrada de Licá, com o senão de desviar Tomané para o meio onde rende menos, aceita-se como uma tentativa de refrescar o ataque e dar mais velocidade à equipa nas saídas para contra ataque aproveitando um Belenenses mais balanceado ofensivamente em busca do empate.
A intenção era boa mas Licá não correspondeu.
A entrada de Otávio para o lugar de Tozé foi bem conseguida e a equipa melhorou com o brasileiro porque passou a ter uma qualidade de passe e uma visão de jogo que não tivera até então pese embora o jogo esforçado do português.
E uma substituição que mexe positivamente com o desempenho da equipa é uma boa decisão do treinador.
O erro esteve na terceira.
Não pela entrada de Vigário, que até esteve bem no pouco tempo em campo, mas porque nunca podia ser Valente a sair quando a equipa procurava o segundo golo.
Naquele momento em que era preciso arriscar ou saía um lateral ou um dos trincos e a equipa reorganizava-se em função disso.
Agora precisar desesperadamente de marcar e tirar o melhor goleador da equipa é que não lembra a ninguém mas lembrou,por azar nosso, a Evangelista naquele frenesim final de tentar fazer o segundo golo que permitisse chegar ao triunfo.
Em suma um empate que se pode considerar adequado aquilo que se viu nos noventa minutos mas bastante "azedo" para um Vitória que precisava de um triunfo que lhe permitisse estancar uma sequência de maus resultados.
Agora importa tirar ilações destes erros para que na próxima jornada, em casa do União da Madeira, o Vitória consiga o seu primeiro triunfo e embale numa Liga que já se percebeu que vai ser muito complicada para todos.
Incluindo Benfica, derrotado em Arouca,Porto que empatou em casa do Marítimo e Sporting autor de empate caseiro face aos Paços de Ferreira numa jornada em que nenhum dos chamados "grandes" conseguiu vencer.
Esta Liga não dá para facilitar!
Vasco Santos fez um trabalho sem reparos.
Depois Falamos.