sexta-feira, dezembro 19, 2014

Pés no Chão

Fruto deste excelente inicio de época do Vitória, quer nos resultados obtidos quer nos talentos confirmados, há muitos adeptos do clube que sempre com a legitima ambição de ver o Vitória atingir o topo já falam em apuramentos para a liga dos Campeões e até na conquista do titulo (como o habitual comentador deste blogue Quim Rolhas) a maior de todas as ambições.
Gostava de poder ser tão optimista como eles, até porque potencial (não explorado) para isso tem o Vitória, mas realisticamente acho que devemos fixar como nosso objectivo concretizável o apuramento para a Liga Europa através da conquista do quarto ou quinto lugar da Liga.
Por várias razões:
Que sistematizarei em quatro essenciais.
Plantel, "Sistema", Estratégia e Comunicação Social.
Não temos plantel para sermos campeões nacionais ou ambicionarmos o segundo lugar.
Temos um grupo jovem, talentoso, com imenso potencial mas a que falta a qualidade extra que permite sonhar com outros voos. Com mais três jogadores de grande qualidade, experientes, decisivos nas suas zonas de actuação talvez pudéssemos sonhar mais alto.
Mas a verdade é que não os temos.
E por isso se em Janeiro não aparecerem os cada vez mais temidos..."disparates" podemos consolidar com os reforços já anunciados (Kanu, Valente e mais um ou outro) a candidatura europeia mas não mais do que isso.
Em segundo lugar o "sistema".
Na arbitragem, na disciplina, e noutras áreas onde se faz sentir e ás quais o Vitória não chega de forma a poder,ao menos, exigir igualdade de tratamento.
E para superar esse tremendo obstáculo (veja-se como o Benfica está a ser levado ao "colo" com mais de meia dúzia de pontos dados por "erros" de apitadores) era preciso uma equipa mais forte no terreno e uma postura muito mais actuante no combate mediático.
Não temos.
Nem uma nem outra.
Em terceiro lugar a estratégia do clube não aponta para isso.
Porque, fruto até da louvável recuperação financeira alcançada nestes dois anos e ainda agora anunciada na Gala, faria sentido investir no futebol, ser "surdo" em Janeiro e apostar em reforçar decisivamente a equipa para a segunda metade do campeonato.
Apostar numa classificação no pódio, na ida à pré eliminatória da Champions, na valorização inerente dos jogadores e em negociar no final de época um ou dois mas numa posição negocial forte.
Ao invés aposta-se na permanente "oferta" de jogadores ( e até do treinador...), na reiterada necessidade de vender o que naturalmente embaratece o "produto" dado o estado de necessidade de que os compradores se apercebem, na prioridade em reduzir o passivo pela alienação constante de "activos" e não pela sua valorização.
Finalmente a Comunicação Social.
Que faz permanentemente o jogo dos outros (Benfica-Porto-Sporting e até Braga), que os valoriza ao mesmo tempo que nos desconsidera, que nos trata como um parceiro menor onde por justo direito somos um parceiro maior.
E para isso não há uma estratégia.
Mesmo quando os nossos adversários ( até para além dos quatro citados) a usam despudoradamente para inventarem favores de que não usufruímos e benesses que ao contrário deles não temos.
Ou para condicionarem árbitros dos nossos jogos.
E pese embora já toda a gente ter percebido a ineficácia da estratégia do silêncio persiste-se nela sem que se perceba porquê.
E por todos estes factores entendo que pese embora o natural desejo de qualquer vitoriano seja o ser campeão nacional ou, no mínimo,ir à Liga dos Campeões é mais adequado pormos os pés no chão e percebermos que,por factores externos e opções internas, é mais sensato definirmos como objectivo para esta época o apuramento para a Liga Europa.
No futuro...logo se verá.
Depois Falamos

10 comentários:

Francisco Guimarães disse...

Eu sei que muita gente, no clube e à volta dele, advoga o conceito do "jogo a jogo", do "caminho faz-se caminhando" mas eu não tenho essa opinião.
Acho que devem ser traçados objectivos claros nos inícios das épocas para serem concentradores do foco, de todos os focos. Podem dizer que apesar desse "jogo a jogo" há sim objectivos mas que são internos (ao grupo) ou estão apenas na cabeça dos dirigentes e manager/treinador, mas mesmo essa postura eu não corroboro.
Para mim devem ser sempre: objectivos claros e públicos, aglomeradores e galvanizadores.
Diz-se que eles não são assim traçados para proteger o grupo, para não pressionar, etc, acho que o que se passa na realidade é que sem essas metas não há possibilidade de falhanços, ou seja, ninguém pode dizer no fim que a direcção ou o manager/treinador ou grupo falharam porque simplesmente não houve objectivos!
Por isso, pode o ilustre Blogger estar aqui a traçar um objectivo Liga Europa, Champions ou "Champion" mas de nada serve para J.Mendes/R.Vitória e seus pares que vão continuar com o "jogo a jogo" e pior do que isso com o "vende e vende".
É, então, pena que os seus "Pés no Chão" sirvam infelizmente apenas para fazer aterrar os sócios e simpatizantes e não para definir "a rota e os destinos de voo" aos mandantes e praticantes!

J.Mendes falou que decidirá da recandidatura apenas 1 mês antes das eleições, jogada puramente estratégica de quem quer afastar possíveis pretendentes.
Pelo contrário, está mais do que na hora de surgirem esses pretendentes, para ganharem lanço, apresentarem soluções alternativas e "darem aperto" ao actual presidente para que as asneiras que se prenunciam para Janeiro não sejam executadas!

Anónimo disse...

Temos pena que o Sr. Cirilo pense pequeno, porque o apuramento para a Champions é bem possível este ano.
Quanto à permanente "oferta" de jogadores, julgo que a direcção acaba de o "calar" com a renovação do Hêrnani...

P.S. Aguardo de si, um conhecido bibliófilo, um post sobre o livro do nosso grande treinador Rui Vitória. Ou será que não o comprou ?

luis cirilo disse...

Caro Francisco:
Eu também defendo que no inicio de época se deve traçar um objectivo mobilizador e em torno do qual se unam esforços. O jogo a jogo dá para tudo e não entusiasma grande coisa.
Quanto à pressão quem não souber viver com ela não serve para profissional de futebol e é argumento que serve apenas para desculpar falhanços como muito bem diz.
Eu também tenho pena,pode crer, que me veja "obrigado" a escrever artigos de um realismo cru quando preferia estar neste momento a contribuir para um entusiasmo colectivo. Acontece que sei do que a "casa gasta" e por isso não acalento expectativas altas mas apenas aquelas que me parecem possíveis. Quanto ás eleições estou de acordo consigo.
Caro Anónimo:
Ai eu é que penso pequeno? Mas olhe que não fui eu que pus no jornal A Bola o ridiculo preço de tabela para o Hernâni. Foi uma das muitas fugas de informação para esse jornal oriundas no interior do clube. Nem sou eu que passo o tempo a falar na necessidade de vender as "pérolas". Porque pensar em grande era não vender ninguém e reforçar a equipa. Quanto à renovação do Hernâni, que aplaudo, era o minimo dos minimos que podiam fazer com um jogador que acabava contrato no final da época. Sabe, não há pior cego do que aquele que não quer ver.
P.S. Não tenho, como é óbvio, a mínima obrigação de dar satisfações (ainda para mais a anónimos) dos livros que compro ou deixo de comprar. Mas por consideração à pessoa que citou vou abrir uma excepção e dizer-lhe que não só comprei o livro como até adquiri mais que um exemplar para oferecer no Natal. Quanto a lê-lo...está na fila à espera de vez.

Anónimo disse...

Muito Obrigado Sr. Luís Cirilo, pela menção ou elogio, mesmo que irónico, que mereci neste post.
A verdade é que cheguei a acreditar, antes do deslize no Funchal por 4-0, que seria possível a conquista do Título. O Vitória estava imparável e a jogar bem, logo era legítimo o sonho subir de patamar.
Nessa altura via a equipa como um todo e não valorizando este ou aquele jogador e, nessa perspectiva, julgava que acabaríamos com mais ou menos dificuldade nos primeiros dois lugares do pódio.
Agora, depois dos empates com o Paços de Ferreira, Rio Ave e em Braga, estou mais comedido. Começa a aparecer o preço a pagar por não termos substitutos à altura dos craques habituais quando estão lesionados ou castigados.
Nota-se que o plantel é curto. Foi construído à tangente de um orçamento que noutros clubes só dá para tratamento do relvado, sem margem de progressão em termos técnicos para atingir o primeiro lugar. Sei disso tudo.
No entanto, sou obrigado a discordar com o Sr. Luís Cirilo quando diz que o Benfica está a ser levado ao colo onde quer que seja. Olhe, ainda onde foi eliminado pelo Braga da Taça de Portugal, no estádio do "Regime", sem apelo nem agravo, pelo mesmo resultado que os guerreiros do Minho nos afastaram da prova. Nada de extraordinário. Mas fez despertar que temos equipa para ir à Luz e ao Dragão ganhar, como fez o Braga ontem e o Benfica à uma semana no Dragão.
Sem me pergunta se o Vitória ainda pode ser campeão, eu respondo-lhe: Claro! Claro que ainda é possível porque o Benfica não vai ganhar sempre. Na minha opinião está em fase decadente, tal como o Porto. Nem o Benfica tem equipa para ganhar jogos a eito. Viram-se ontem todas as debilidades que eles apresentam e não as vão corrigir.
Sobre a saída de jogadores, seria uma estupidez, como sempre, a direção desfazer-se dos melhores ativos quando a procissão ainda vai no adro. Só se justifica esse procedimento se a situação no Vitória for tão grave tipo corda na garganta, o que não ser o caso uma vez que se respira saúde financeira. E além disso, vender uma equipa campeã render quase 10 vezes mais do que vender 2 ou 3 jogadores a meio da época. Todos sabemos disso.
Aqui há uns anos, um amigo meu, já falecido, e grande Vitoriano, tão vitoriano que se tornava impossível ver jogos ao lado dele no Estádio, dizia que o Vitória nunca há-de passar de cêpa torta porque assemelha-se a uma sucateira onde todos vão buscar peças para as suas máquinas. Tenho consciência que é quase isso, mas contrariar essa tendência seria um feito tão grande como a conquista de Portugal aos Mouros. É nisso que estamos juntos.
Só para dar a minha opinião (a comentário extra post) quanto ao facto de Júlio Mendes continuar ou não à frente do Vitória, ou sobre o recente livro de Rui Vitória, com título plagiado, são como as bolas no pinheiro de Natal. É porreiro, enfeita, mas não acrescenta nada ao que estamos aqui a falar.

Quim Rolhas

Anónimo disse...

Pensar em grande era nao vender ninguém e reforçar a equipa. Pois isso e muito bonito de se falar, é muito fácil entrar na demagogia agora que está de fora ... o senhor virou a casaca e apoiou uma SAD minoritária com a desculpa que o clube estava falido, esteve lá dentro na direcção e não se cansou de apregoar que havia ordenados em atraso, não havia dinheiro para nada.
Agora que está de fora já é dos que pedem que o clube volte à rotina de gastar o que não tem, pedindo investimento na equipa !! Milagres ?! O Vitória tem um caminho, formar e vender, não me acredito que para já haja dinheiro de sobra para investir. A não ser que queira o Vitória um clube como o Braga, totalmente dependente de um empresário. Ou os grandes, dependentes dos fundos de investimentos !
P.S. O contrato do Hernani terminava em 2016...

luis cirilo disse...

Caro Quim Rolhas:
Não foi com ironia. Foi com pena de não poder partilhar do seu optimismo. Mas pareceu-me sempre que o plantel era curto para mais do que um apuramento europeu via liga Europa.Infelizmente não me enganei e mais do que isso espero não estar enganado.
Quanto ao resto estou de acordo excepto no que concerne ao SLB. Que na Liga tem seis ou sete pontos dados por arbitragens completamente tendenciosas. E ainda ontem ficou por marcar um claro penalti a favor do Braga. É claro que podemos ir ganhar à luz ou ao dragão mas como sabe muitas vezes nem é nesses jogos que se ganham ou perdem títulos. É nos empates caseiros como com o Rio Ave quer por eventual menor concentração da equipa quer por menor visibilidade (e portanto maior facilidade) dos erros arbitrais.
Saída de jogadores?É mais que tempo de virar essa página nos moldes em que se tem processado. Teremos de vender, como é obvio, mas o minimo e por preços compativeis com o valor.
Quanto aos enfeites de Natal...100% de acordo.
Caro Anónimo:
Recordar que estive lá e que saí há mais de dois anos é cada vez mais um elogio! Só que quando lá estive a situação era financeiramente muito diferente. O passivo era de 24 milhões e agora ao que se diz é de 12. Ou seja metade. Daí que as necessidades e a urgência da sua solução não sejam as mesmas como é evidente para quem quiser ver. O que devia implicar uma alteração significativa nas práticas "comerciais". Quanto ao virar da casaca está enganado na pessoa porque não sou dos que está a qualquer preço,em qualquer circunstância e com qualquer presidente. Finalmente perceba que no futebol a unica manierra de fazer dinheiro é tendo bons jogadores,boas equipas e dando bons espectáculos. É nesse sentido que falo de investir. De forma racional e adequada à realidade do clube

Anónimo disse...

O Sr. Cirilo não entende a política de renovações com as jovens promessas, como uma alteração das "práticas comerciais" ? Vira casaca ou não a verdade é que você num dia abominava a SAD minoritária e no dia seguinte apoiava a SAD minoritária, abraçando o projecto da direcção actual. A qual a partir do momento que saiu não se cansa de criticar. No mínimo... estranho. A não ser que o sr. esclareça as razões pelas quais saiu e que possam ter desvirtuado de tal maneira aquilo que o fez acreditar nesta direcção, cheira a ressabiamento, desculpe a franqueza.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
De facto há argumentos espantosos. A renovação com as jovens promessas vem desde hás muito tempo não é prática de agora. Alguns tinham contratos que vinham da direcção de Emílio Macedo. As práticas comerciais a que me refiro,como muito bem sabe, foram as vendas de jovens talentos abaixo do seu real valor. Quanto á SAD não fui eu que mudei de posição. Foi a legislação que mudou e obrigou os clubes a constituirem SAD ou SDUQ. Os pressupostos em que acreditei na SAD para o clube eram outros. De resto não h+á ressabiamento nenhum nem criticas constantes. Há a livre opinião de quem não alinha em "carneiradas" muito menos induzidas à força de "croquetes". Escrevi nestes dois anos vários posts a elogiar a direcção e decisões dela. Mas claro que só dá jeito lembrar as criticas. Que foram e serão sempre feitas como nome e assinatura e não como as suas escondido atrás do anonimato. Mas esse é um lado para que durmo bem.

Eduardo Ferreira disse...

A análise do Luis Cirilo é ponderada e provavelmente estará mais próxima da realidade... mas hoje (antes do jogo com o Estoril) o Vitória depende só de si para ser campeão nacional e as "pérolas" ainda cá estão... a comunicação social gosta de vencedores, por isso à medida que o Vitória consolidar a sua eventual liderança, mais "favoráveis" poderão ser... quanto ao "sistema" creio que já foi mais forte do que é hoje (... a falta de dinheiro motivada pelas "quedas" do BES e PT também ajuda)... assim, ainda podemos sonhar!... Falamos no fim!

luis cirilo disse...

Caro Eduardo:
Eu também gosto de sonhar. Mas dentro do razoável. E por isso apenas sonho com a Liga Europa