Uma coligação entre dois partidos não é evidentemente fácil de fazer e muito menos de gerir durante os anos em que se mantém.
Pessoas diferentes, ideologias diversas, eleitorados com interesses nem sempre comuns tudo contribui para que se exija aos principais protagonistas dos partidos coligados uma enorme sensatez, grande inteligência e imensa tolerância.
Em Portugal os exemplos de sucesso são raríssimos.
Em termos pré eleitorais apenas a AD de Sá Carneiro/Freitas do Amaral/Ribeiro Telles resultou.
E resultou enquanto Sá Carneiro foi vivo porque após Camarate, e a ascensão à liderança de Pinto Balsemão, rapidamente deu para o torto e acabou em eleições antecipadas.
A FRS constituida pelo PS/UEDS/ASDI foi um rotundo fracasso e dissolveu-se logo após a derrota eleitoral.
Quanto a coligações pós eleitorais o cenário ainda parece pior.
A coligação PS/CDS pouco durou.
O famigerado Bloco Central (PS+PSD) acabou em eleições antecipadas ao fim de dois anos após Cavaco Silva ascender á liderança do PSD e dizer claramente não à forma como Soares liderava o governo.
Restam as coligações entre PSD e CDS formadas depois de eleições para obter maiorias parlamentares.
A de 2002, liderada por Durão Barroso e depois Santana Lopes, correu bem até à"golpada"de Jorge Sampaio e a consequente dissolução do parlamento e marcação de eleições antecipadas a que o CDS não quis ir em coligação com o PSD seu parceiro de governo.
A actual, com altos e baixos,tem sobrevivido aos infortúnios e parece (parece...) capaz de chegar ao fim da legislatura o que será uma absoluta novidade em termos de coligações deste género.
E isso deve-se, essencialmente, à sensatez de Pedro Passos Coelho e à infinita paciência do PSD perante as pequenas(uma não tão pequena como isso), mas constantes, "bicadas" que o seu parceiro de coligação persiste me lhe dar em todas as oportunidades que se lhe deparam.
Sem precisarmos de grandes esforços de memória recordamos a "demissão irrevogável" (a tal "grande bicada") , os episódios narrados no recente livro do ex ministro Álvaro Santos Pereira, o recente "fait divers" da pretendida reposição de feriados ou a forma como ao longo destes anos de coligação o líder do CDS nunca se eximiu a criticar violentamente o governo regional da Madeira liderado pelo PSD.
Que em 2011 afirmou ser(Alberto João Jardim) igual a Sócrates (um comparação que com o passar dos anos ganhou gravidade acrescida)e esta semana , no congresso regional do CDS, acusou de ter arruinado a região autónoma.
Ora isto é inaceitável entre dois partidos que estão coligados.
É certo que apenas no continente e não nas regiões autónomas.
Mas então seria pedir muito ao líder do CDS que tivesse um comportamento idêntico ao do líder do PSD?
Que deixa a politica partidária da região autónoma a cargo do PSD/Madeira, sem nela se imiscuir, não afrontando lá o partido com quem está coligado cá.
É a postura correcta de quem tem sentido de Estado.
Agora estas atitudes do líder do CDS, permanentemente com um pé na coligação e o outro sempre a escorregar para fora dela, é que me parecem perfeitamente escusadas.
Porque enfraquece a coligação, lança duvidas na solidariedade entre partidos, não é aceitável pelos militantes do PSD e hostiliza um eleitorado fundamental para quem quer vencer as legislativas de 2015.
Porque, e já o disse noutro contexto, se PSD e CDS forem coligados em 2015 (do que francamente duvido cada vez mais) uma grande votação na Madeira é importante para vencer as eleições.
Se alguém põe isso em causa é porque não percebe nada de aritmética eleitoral ou...não quer ganhar as eleições!
Depois Falamos
2 comentários:
Caro luis Cirilo uma Grande votação na madeira é igual a ter uma grande votação em Trás-os-montes um partido pode ter 80% em Vila Real, Bragança e Madeira que daria apenas cerca de 80 mil votos e 11 deputados, as eleições decidem-se em Lisboa, Porto, Setúbal, Braga, Coimbra. Quem vencer nestes distritos vence as eleições repare que dede 1976 quem venceu em pelos menos lisboa e porto e maia outro destes distritos venceu as eleições
Caro cards:
Eu sei onde se decidem as eleições. Mas também sei que nos eleitorados mais propícios não se podem desperdiçar votos. E discursos como este apenas prejudicam.
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