quinta-feira, outubro 30, 2014

Estórias da História


O PSD está a comemorar 40 anos de História.
Nesse âmbito decidiu a secretaria-geral criar um espaço no qual para além de se fazer a própria História do partido se pudessem contar estórias em volta da própria História.
www.psd40anos.pt é o endereço.
Onde os militantes são convidados a contarem as suas próprias estórias , ligadas a qualquer aspecto da vida do partido, com isso contribuindo para que a História do PSD seja ainda melhor conhecida.
É uma iniciativa muito interessante.
E por isso decidi contribuir com duas pequenas histórias passadas comigo e com dois líderes do PSD.
Com o primeiro e com o actual.
Ainda não foram publicadas, nem sei se o virão a ser tantas as estórias que devem estar a ser enviadas, mas aqui as partilho com os leitores do Depois Falamos.

1) Com Francisco Sá Carneiro

Tinha-me filiado na JSD de Guimarães em 21 de Janeiro de 1975.
Seis dias depois, a 27, o PPD realizava o seu primeiro comício em Guimarães no Teatro Jordão com as presenças de Francisco Sá Carneiro, Marcelo Rebelo de Sousa, Helena Roseta e outros dirigentes da altura.
Naquele tempo, em pleno PREC, e com um partido com pouco mais de meio ano de vida tudo era improviso, boa vontade e uma ponta de loucura.
Vivam-se tempos em que de norte a sul os comícios do PPD eram alvo de tentativas de boicote provocadas pelo PCP e pela extrema esquerda.
Sabíamos que no de Guimarães, ainda por cima com a forte componente operária do concelho, não seria diferente.
O partido tinha a sua segurança assegurada pelos militantes e pela JSD que na base do voluntariado davam literalmente o corpo ao manifesto.
No dia anterior ao comício apareceram na sede de Guimarães uns companheiros vindos do Porto que reuniram com a malta da Jota e alguns mais velhos para tentarem organizar a segurança do comício dentro daquilo que nos era possível fazer.
No dia lá nos concentramos todos no Teatro Jordão para ocuparmos os lugares que nos eram destinados (entradas, quadro da luz, acesso ao palco, etc) portando umas braçadeiras a dizerem "SEGURANÇA" e que "pesavam" como chumbo a miúdos de 15,16, 17 anos como a maioria de nós era.
Penduradas as faixas e bandeiras, colocados os distícos, restava-nos esperar pela hora do comício.
Foi então que tivemos o mais inesperado dos brindes.
Por baixo do Teatro Jordão existia o restaurante...Jordão que durante muitos anos foi uma referência de Guimarães mas encerrou anos atrás com grande pena dos seus mais que muitos clientes.
Pois no restaurante Jordão estavam a jantar os dirigente do PPD que iam participar no comício.
E entre eles Francisco Sá Carneiro.
Foi então que um desses companheiros do Porto veio junto dos miúdos da Jota dizer que aqueles que quisessem podiam descer ao restaurante (existia uma escada interior  a ligar os dois espaços) para cumprimentarem o Homem (foi exactamente assim que ele se referiu a FSC) e o conhecerem pessoalmente.
Para nós foi um alvoroço e um entusiasmo.
Lá descemos, em grupos de três ou quatro, para com uma devoção explicada pela idade e pela aura do líder cumprimentarmos o secretário-geral do PPD.
No meu caso foi um aperto de mão que valeu como um compromisso de vida.
Que passados quase 40 anos continuo a respeitar.

2) Com Pedro Passos Coelho

Esta estória é mais recente.
Algures em 1988 o PSD de Guimarães, ao tempo dirigido pelo então deputado José Mário Lemos Damião, realizou um plenário concelhio para o qual foi convidado o então presidente da JSD Carlos Coelho por esses dias de visita ao distrito de Braga.
No dia aprazado para o plenário (recordo-me que era uma sexta feira mas não tenho a mínima ideia do mês nem para a estória importa) ,e uns quinze minutos antes da hora prevista , quando os dirigentes da concelhia de que eu fazia parte chegamos à sede já lá encontramos Carlos Coelho acompanhado por um dos seus vice presidentes na JSD.
Um jovem alto, magro, aloirado e dando a imagem de ser algo tímido pelo menos nos primeiros contactos.
Lemos Damião e Carlos Coelho eram colegas no Parlamento e no meio de algumas brincadeiras em volta da pontualidade do segundo (famosa já nesse tempo) lá se criou um ambiente de enorme descontracção em que o jovem vice-presidente da Jota se integrou.
Entrados na sala do plenário, e enquanto Carlos Coelho se sentava na mesa da presidência dada a sua qualidade de orador convidado ,o jovem VP sentou-se entre os membros da CPS e casualmente entre mim e um tradicional militante da secção chamado Laurentino Macedo conhecido pelo seu sentido de humor e permanente boa disposição.
E a verdade é que o jovem VP durante todo o plenário ,deixada de lado a imagem inicial de timidez, se fartou de fazer perguntas acerca da secção, da distrital, do concelho e da sua realidade autárquica pontuadas com alguns comentários próprios sobre a politica nacional ou a curiosidade sobre algumas intervenções dos militantes locais.
Mostrando um interesse, uma curiosidade de saber e uma perspicácia invulgar e que recordo ainda hoje passados vinte e seis anos sobre a data.
Ao ponto de no final do plenário, e já os dois dirigentes da JSD se tinham retirado, o militante Laurentino Macedo comentar comigo acerca do jovem VP da Jota.
":.sim senhor... este rapaz vai longe...".
Foi.
É hoje primeiro-ministro de Portugal.
Depois Falamos.

2 comentários:

il disse...

O PPD que recorda está apenas no passado. Agora...é melhor nem comentar. Dá vontade de chorar!

luis cirilo disse...

cara il:
Infelizmente assim parece ser. Mas há que reinventá-lo