Tenho apreço pessoal e politico por Rui Rio.
Que conheço há muitos anos, de quem fui colega no Parlamento, que foi um excelente presidente da Câmara Municipal do Porto.
Considero-o um homem de carácter, pessoalmente sério e politicamente estruturado em volta de valores que considera fundamentais.
Não estarei de acordo com ele em tudo (mas também não estou com ninguém) mas acho-o perfeitamente à altura de exercer as mais elevadas funções no PSD e no Estado.
De líder do partido a primeiro ministro ou até presidente da República.
E por isso, até pela sensatez que lhe reconheço, achei que escolheu muito mal a altura para dar uma entrevista à Rádio Renascença em que se mostra disponível, dentro de certas condições, para ser candidato a líder do partido ou á presidência da república.
Achei mal a oportunidade e mal o conteúdo.
A oportunidade porque com o país a assistir à vergonhosa luta pelo poder dentro do PS não havia necessidade nenhuma de agitar, ainda que muito levemente, as mesmas águas no PSD.
Sabe-se que os timings e prioridades de Rio e do PSD nem sempre convergem e as ultimas autárquicas, onde ajudou mais Rui Moreira do que qualquer candidato do PSD em qualquer ponto do país, são exemplo flagrante disso.
Mas falar da liderança do PSD, neste momento e neste contexto (e quando o partido teve uma directas para a liderança semanas atrás), não me parece nada oportuno.
O conteúdo, mas aí é uma visão pessoal contra a qual nada tenho embora discorde, também não foi feliz.
Porque dizer que estará disponível para ser candidato a um ou outro cargo se "sentir que há muita gente que o deseja" (leia-se se houver muita gente a pedir-lhe) também não me parece ser a forma adequada de assumir uma futura candidatura.
O normal, e desejável, é tendo uma ideia e um projecto para o partido e/ou para o país apresentá-lo e esperar que seja suficientemente mobilizador para recolher os apoios necessários a sair vitorioso quando for a votos.
Recordo aqui um exemplo (desconfio que se Rui Rio lesse este post não o ia apreciar muito...) do que digo.
Em 2005 a primeira candidatura de Luís Filipe Menezes a líder do PSD começou num domingo à noite na sede do PSD de Gaia onde ele reuniu duas dezenas de amigos e apoiantes e lhes anunciou que ia ser candidato ao PSD em nome de um projecto de que enunciou as linhas gerais.
E depois as coisas fizeram o seu caminho.
Perdeu o congresso de Pombal por pouco mas passado dois anos venceu claramente as directas e chegou à liderança.
É assim, do meu ponto de vista, que as coisas devem processar-se.
Claro que Rui Rio tem toda a legitimidade para pensar diferente e fazer de outra forma.
Espero apenas, essencialmente porque o considero um excelente quadro do PSD que pode dar muito ao partido e ao país, que nestas matérias além do pensamento próprio esteja igualmente bem aconselhado.
É que em volta dele vejo alguns dos "arquitectos" e "engenheiros" da mal sucedida liderança de Manuela Ferreira Leite.
E esta entrevista, neste momento, é tudo menos inocente.
Esperemos para ver.
Depois Falamos
6 comentários:
Realço o apreço que o Sr. Luís Cirilo tem pelo Dr. Rui Rio, eu também, mas isso só não chega. Temos de pensar à português para podermos aventar cenários de boa liderança seja de um partido ou do Governo.
Primeiro, um líder tem que fazer 'escola'. Acho que antes de chegar à liderança do PSD, o Dr. Rui Rio deveria candidatar-se e vencer a Câmara de Lisboa. Não é por capricho. É assim que deve ser. Conquistando Lisboa, conquista Portugal. E o resto, tal como Gaia, Porto, Braga, Coimbra, Aveira, são meros ensaios de preparação para chegar a Lisboa!
Com a Câmara do Porto no curriculo, a mim e à maioria dos portugueses, não me diz nada. Todos os presidentes que valham alguma coisa, fazem-se em Lisboa. Acho que o Dr. Rui Rio sabe disso e não sou eu que o vou ensinar porque deve ter tanto gosto e admiração por Lisboa como terá pelo Porto.
Quim Rolhas
Caro Quim Rolhas:
Não concordo.
O PSD já teve excelentes lideres que
nunca foram autarcas.
Rui Rio tem curriculum mais que suficiente para aspirar a liderar o PSD e ser primeiro ministro.
Falta é saber se quer e,querendo,se faz as coisas como devem ser feitas
À excepção do Dr. Filipe Menezes, que era autarca em Gaia e que depois aspirou ao Porto, falhando, o Sr. Luís Cirilo sabe de mais algum caso para que possamos falar no plural quanto a ex-autarcas da Câmara do Porto que foram líderes do Partido e primeiro-ministros? Se o Dr. Rui Rio chegar a líder e a PM, vai ser caso único e objecto de estudo para as gerações vindouros.
Eu até acho que os líderes dos partidos ou do Governo nem deveriam ser fabricados a partir de câmaras para não trazerem os vícios de autarca para o Governo. A experiência de um lado, acresce pouco à exigente capacidade de PM. É só ver os bons exemplos que a Câmara de Lisboa proporcionou ao País: Jorge Sampaio, João Soares, Santana Lopes, Carmona Rodrigues, e agora recentemente, António Costa. O Sr. Luís Cirilo dava um conto de rei por algum deles? Eu não dava. E depois aqueles que não aspiram ao Governo acabam por ficar entretidos por entre negócios que não raras as vezes acabam nos tribunais.
Quim Rolhas
Caro Quim Rolhas:
No PSD o unico presidente de câmara que chegou a primeiro ministro foi Pedro Santana Lopes. Já Pedro Passos Coelho foi vereador mas nunca presidente.
Sá Carneiro, Balsemão,Cavaco e Durão Barroso foram primeiros ministro mas nunca foram autarcas em termos de executivos camarários. Barroso foi presidente da Assembleia Municipal de Valpaços.
Por isso não vejo que ser autarca seja condição nem impedimento para ser PM.
Pois não. Não é impedimento, mas também pouco serve de mais valia.
Reafirmo a minha ideia inicial quanto à presidencia da Câmara do Porto vista como trampolim para o Dr. Rui Rio chegar a líder de um partido ou a PM: sinceramente, não considero vantagem suficientemente sólida e garantida para se destacar como vencedor inatacável entre os seus pares.
Por favor, Sr. Luís Cirilo, analisemos o caso curioso de Luís Filipe Menezes que descreve um percurso inverso ao do Dr. Rui Rio. Foi líder do PSD por menos de 1 ano, abatido por demissão causada pela oposição interna. Depois ganhou a Câmara de Gaia e, findo os mandatos legalmente permitidos, decidiu subir de posto tentando conquistar a Câmara do Porto. Aqui, no meio deste normal processo de transição, pensou ele, comete o erro estratégido de entregar Gaia de bandeja ao PS, o que evidencia bem a sua priorização por uma Câmara que, em termos de promoção pessoal, pouco acrescenta, a menos que haja lá algum tesouro que ainda ninguém o tenha aberto.
No entanto, darei os meus parabéns ao Dr. Rui Rio se ele conseguir chefiar um Governo às custas do trabalho efectuado na Câmara do Porto. Tornava-se caso único nacional. Não digo que seja impossível, mas fácil não será.
Quim Rolhas
Caro Quim Rolhas:
Cada caso é o seu caso.
Neste momento RUi RIo não é candidato a primeiro ministro nem vai ser em 2015. A PR não sei mas vejo-o mais talhado para funções executivas. Vamos dar tempo ao tempo...
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