Foi presente de Natal.
E foi para a lista de espera, felizmente sempre bem guarnecida embora eu gostasse de a ver ainda mais vasta, aguardando o dia de ser lido.
Mas lá chegou a vez deste "Rio de Sombras".
Escrito por um politico, advogado, socialista e maçon bem conhecido revelou-se uma leitura bem interessante e capaz de prender a atenção de principio a fim de forma absorvente.
A história abarca um período recente da história de Portugal, decorre entre 1968 e 1988, e traça um retrato de todas as convulsões politicas e sociais que marcaram esses tempos de mudança desde o fim da guerra de África ao 25 de Abril e á instauração de um regime democrático.
Misturando ficção com realidade, personagens que marcaram a vida politica do Portugal democrático com personagens imaginadas, é uma história bem urdida e que tem o atractivo(pelo menos para mim) adicional de ser quase toda passada em Coimbra e no seu mundo universitário.
"Levando-nos" a lugares bem conhecidos da "Brasileira" ao café "Arcádia"(infelizmente já encerrado), do "Quebra Costas" ao "Jardim Botânico", do ponte de Santa Clara á Universidade e à "cabra".
António Arnaut assina uma obra que gostei muito de ler.
E recomendo!
Depois Falamos
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6 comentários:
Desde há muitos anos que sinto uma curiosidade estranha em relação a Coimbra. Já lá estive várias vezes. Sempre de fugida. Dada a distância de duas horas e pico por auto-estrada até Guimarães nunca calhou por lá pernoitar. Como se aquela paisagem estivesse retida em fragmentos de outras vivências ou memórias passadas. É-me familiar, sem nunca lá ter morado. Certamente, o Sr. Luís Cirilo compreende este estado de alma. Sinto o mesmo em muitos outros sítios e lugares portugueses que visito pela primeira vez.
Desde os seus encantos naturais, micro-clima, topografia, etc, a Cidade de Coimbra causa em muitos dos seus vistantes uma saudade invulgar sem nunca se ali ter estado. Há algo de místico para lá da Universidade, dos prédios e dos monumentos que fazem os estudantes eternizar a Cidade nas suas memórias. O Fado ajuda, mas a Cidade não se resume a um estilo musical.
O nosso 1º Rei, D. Afonso Henriques, por exemplo, e naquele tempo ainda nem fado se cantava, notou em Coimbra a existência de uma atmosfera digna de Capital que não encontrou a Norte e aí estabeleceu a sede do Reino. Ao longo dos anos, sempre pensei que na base da sua decisão estivessem razões geo-militates, mas o facto de ele ter deixado em testamento que queria ser lá sepultado, tem me dado que pensar.
Para um tipo como eu que pensa que Portugal não é só Guimarães, Coimbra é sem dúvida uma Cidade bonita, airosa e verdejante. Mas esta vida tem me dado uma compreensão telescópica para lá do que os olhos enxergam.
Há muitos anos tive um ilustre professor de português que dizia que a sua terra Natal, Viana do Castelo, tinha no monte de Santa Luzia a panorâmica mais bonita do Mundo com a foz do Lima aos seus pés. Visão bairrista. Mas mais espanto me deu quando em segundo lugar, segundo ele, colocava o Cristo Rei a olhar para o Pão de Açucar, no Rio de Janeiro, como a segunda mais bela paisagem mundial. Ele era tão sui generis que gastava o ordenado e a avultada herança a viajar pelo Mundo. Era o pasatempo dele. Já só lhe faltava a Nova Zelândia, onde foi mais tarde e de lá veio maravilhado. Lembro-me de eu passar longos minutos a observar velho globo terrestre no colégio tentando identificar locais remotos e famosos para lhe perguntar no final das aulas. E ele não só confirmava que lá tinha estado como trazia fotografias a comprová-lo na aula seguinte. Imagine que, segundo este homem viajado, Lisboa era o terceiro destino mais bonito. As cidades de Braga e Guimarães, descobri eu, que eram para ele bem mais impressionantes do que Coimbra, e até mesmo que as pirâmides do Egipto, Jerusalém, as cataratas do Niagara, Uluru, qualquer monumento Maia, Petra, na Jordânia e até mesmo Moscovo, Veneza ou Roma! Mas as duas principais cidades minhotas juntas não chegavam para bater Paris, Londres ou Nova Iorque. Nesta parte, que remédio tenho eu em dar-lhe razão.
Quim Rolhas
Caro Quim Rolhas:
Caso a confirmar que gostos não se discutem.
Para nós a nossa Terra é sempre a mais bonita de todas e ainda bem que assim é.
Concordo que Coimbra tem uma mistica muito especial que atrai as pessoas e as faz ter sempre o desejo de lá voltarem.
Vivi lá dois anos, o meu filho mais novo estudou lá (o que motivou muitas idas minhas a Coimbra durante 4 anos)mas hoje só lá vou quando o Vitória lá vai. É raro ir por outras razões. Mas é uma cidade onde voltarei ao longo dos anos.
Desculpe Sr. Luís Cirilo pelo desabafo extenso que tive no anterior comentário. Coimbra cativa-me pela perspectiva histórica, sua evolução dentro do contexto português e a sua influência na sociedade portuguesa.
Só gostava ainda de acrescentar que despertou-me alguma curiosidade esse livro do seu colega. Garantidamente dará uma boa leitura nas férias de Verão.
Quim Rolhas
Caro Quim Rolhas:
Lê-se bem.
Só uma correcção: Nunca fui colega do dr António Arnaut.
É verdade Sr. Luís Cirilo. Geralmente engano-me quando quero, mas desta vez foi mesmo lapso de sobrenome. Desculpe. Por força de influência do partido que partilhamos, confundi na sintaxe da frase o Dr. António Arnault com o Dr. José Luís Arnault. Este último, sim, julgo estar correcto, e se não estiver, por favor corrija-me, terá sido seu colega de bancada parlamentar na Assembleia da República.
Quim Rolhas
Caro Quim Rolhas:
Sim.
O José Luis Arnaut foi meu colega no Parlamento e trabalhei com ele no partido durante anos na secretaria geral
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