segunda-feira, junho 30, 2014

Seguro vs Costa

Tenho acompanhado com natural interesse a longa disputa pelo poder que dentro do Partido Socialista é travada por António José Seguro e António Costa.
Uma disputa que antes de o ser já o era porque a rivalidade entre ambos tem décadas e vem dos tempos da JS ao que dizem os mais bem informados.
Quase a lembrar uma rivalidade muito conhecida do PSD...
Pois a três meses , mais dia menos dia, da data das primárias do PS (uma inovação de riscos elevados como se comprovará) são muitas vozes que se erguem contra o período excessivamente longo para a campanha eleitoral interna.
Mais de três meses desde que Costa assumiu querer o que tempos atrás não queria.
Sendo realmente muito tempo é bom que se recorde que no PS já não é situação nova porque em 1991 a disputa interna entre o líder (Jorge Sampaio) e o pretendente (António Guterres) também durou um tempo equivalente.
Sendo certo que nessa época não havia a pressão comunicacional, especialmente a nível televisivo, que existe nos tempos correntes.
E que se desgasta imenso a imagem do PS tem a enorme vantagem de os portugueses,ao sabor do "zangam-se as comadres sabem-se as verdades", irem conhecendo coisas de que ouviam falar mas nunca ninguém de dentro do PS tinha comentado.
Como,por exemplo, os disparates dos governos Sócrates.
É essa uma das razões porque vozes do PS, todas conotadas com Costa(e Sócrates...) , querem desesperadamente antecipar prazos e arranjarem maneira de as eleições internas serem o mais depressa possível.
Porque enquanto Seguro está tranquilo quanto às suas nulas responsabilidades governação de Sócrates já Costa (e muitos dos seus apoiantes) não pode dizer o mesmo porque fez parte do governo e em posição de destaque.
Por isso a conhecida estratégia de Seguro "qual é a pressa" parece-me bem aplicada neste contexto.
Ao contrário de Costa que gostaria de um processo rapidíssimo no qual não tivesse  que se expor mais do que o minimamente necessário a Seguro o tempo traz pelo menos duas vantagens.
Durante mais noventa dias aparece,todos os dias, como líder do PS empenhado em combater o governo e alvo de uma traição interna por parte de camaradas sequiosos de poder que só avançaram quando lhes pareceu que esse poder era possível. E com o caminho das pedras" já feito!
E isso pesa nos militantes do PS.
Mas há uma segunda razão mais sublime, e inteligente, para Seguro apostar nessa estratégia de desgaste de uma campanha longa.
É que ele sabe que Costa não tem nada de novo para dizer.
Nem uma ideia, que seja, suficientemente inovadora para chamar a tenção de algum indeciso.
O seu discurso de apresentação foi vago, inconclusivo, pobre mesmo.
E de lá para cá o que se viu?
Costa a defender os governos de Sócrates (é o preço de alguns apoios) e Costa a receber o apoio de uma parte dos idosos fundadores do PS.
Ou seja, Costa agarrado ao passado e "pendurado" nos protagonistas desse passado para tentar ter futuro.
É uma incongruência.
Por isso acho que se Seguro nestes três meses souber fazer uma campanha inteligente, afirmando-se como alternativa civilizada ao governo através de uma boa administração entre o diálogo no que tem de ser e a oposição no que considera inegociável, e "vestindo" sempre o "fato" de líder do PS e não de candidato à liderança pode muito bem ganhar as primárias.
E então os "esqueletos" voltarão aos armários de onde nunca deviam ter saído enquanto Costa terá a oportunidade de cumprir o que prometera aos lisboetas em campanha eleitoral.
Dedicar-se exclusivamente a Lisboa.
Depois Falamos

4 comentários:

Luis Costa disse...

Na minha opinião , só existe uma razão para uma campanha tão longa com o desgaste inerente que provocará no PS. A sede de Seguro se manter na liderança a todo o custo (pois sabe que se for por diretas c/a realização de um congresso perde e por muitos).
E não o vai conseguir porque Costa não tem nada de novo para dizer, nem o vai conseguir fazendo uma campanha inteligente, pois as unicas coisas que diz são que Costa criou a instabilidade, que tiveram uma grande vitoria nas Europeias (só ele é que viu ) que estava a caminho de ganhar a Legislativas (!!)
Concordo quando diz que Seguro foi inteligente, mas não pelas razões que mencionou.
Ele foi inteligente ao engendrar estas primarias (das quais à 2 anos atrás dizia ser totalmente contra).
Que embora feitas totalmente em “cima do joelho”, e sem nexo nenhum, são a unica forma que lhe dá algumas esperanças de ganhar a António Costa, pois permitem ganhar tempo, para por a “maquina do partido” a trabalhar a todo o gás, na tentativa desesperada de angariar os supostos “simpatizantes” necessários que lhe permitam discutir a vitoria.

Anónimo disse...

Também vou nessa, Sr. Luís Cirilo.
O apadrinhamento de António Costa pelas 'maçãs podres' do PS, nomeadamente, Mário Soares e Sócrates, entre outros, fazem dele o genuíno testa de ferro dos históricos do partido.
Ou seja, a traição interna a Seguro, já é, por si, o regresso de António Costa às origens, cuja actuação política se pauta em teoria pela transparência e lisura, mas na prática funciona com facadas nas costas.

Quim Rolhas

Anónimo disse...

está confirmado: A.Costa é um mau candidato, isto na visão de um militante do PSD

As conclusões a tirar são óbvias..

luis cirilo disse...

Caro Luis Costa:
creio que cada candidato assume a estratégia que lhe dá mais jeito. AJS entendeu, e talvez o futuro lhe dê razão, que uma campanha longa era a que melhor lhe servia.
AC entende o contrário com toda a legitimidade.
Uma coisa lhe digo: as "primárias" podem transformar-se num grande sarilho.
Caro Quim Rolhas:
"Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és". Ao escolher as companhias que escolheu AC vai deitar-se na cama que fez.
Caro Anónimo:
Cada um é livre de tirar as conclusões que quiser. Quem vem ler este blogue sabe qual a orientação politica do seu autor. O que não significa que este blogue seja um espelho das posições do PSD. Não é!
Pessoalmente até preferia que ganhasse Costa. Porque ao contrário de muitos acho que é mais fácil de derrotar nas legislativas de 2015.