Chegou para substituir Manuel Machado e teve uma época francamente difícil.
Um balneário desequilibrado, muitos egos para gerir, salários em atraso e uma forte contestação dos adeptos que levou a eleições antecipadas no clube e á substituição de Emílio Macedo por Júlio Mendes.
Começou então o chamado ano zero.
Saída de muitos jogadores, uns por razões económicas e outros meramente desportivas, necessidade de ir ao mercado sem dinheiro, compatibilização com a equipa B então surgida entre vários outros problemas que foram surgindo.
A isso Rui Vitória (mais Arnaldo Teixeira, Sérgio Botelho, Nelson Oliveira e Luís Esteves é justo nomeá-los) soube fazer frente e com uma competência a toda a prova e uma paciência que nunca será de mais louvar levou o navio a bom porto.
Com um grande apoio dos miúdos que Luiz Felipe preparava na B convém não esquecer.
E serenamente,passo a passo, ganhou a Taça de Portugal.
Momento mais alto de 90 anos de História de um clube cujo palmarés estava (e está) muito aquém da sua realidade associativa.
É legitimo pensar que Rui Vitória tenha(como nós vitorianos aliás) olhado para essa conquista como um patamar a partir do qual, e sempre com os pés bem assentes no chão, seria legitimo perspectivar novas conquistas e novos patamares de ambição.
Afinal, e como deve ter sido difícil interiorizar essa realidade, parece que não é bem assim.
"Ano zero"..."ano de reconstrução"..."travessia do deserto..." de tudo tenho ouvido chamar á época que agora se inicia.
Sábado em Aveiro esbarramos de frente com a realidade.
Dos titulares no Jamor foram titulares quatro jogadores.
Douglas, Paulo Oliveira, Addy e André.
Dos outros sete titulares constata-se que Pedro Correia não tem experiência de 1ª Liga, Josué começou a época passada como suplente da equipa B, Moreno veio do Nacional, Barrientos esteve longe de ser um titular indiscutivel tal como Marco Matias, Crivellaro começara a época anterior como suplente da B e Tomané foi titular da B toda a época mas mais como extremo do que como ponta de lança.
Se pensarmos que há uma ano atrás RV tinha ao seu dispor Soudani, Defendi, Adoua,Baldé, Alex, N'Diaye, Ricardo, João Ribeiro é fácil de constar que o ponto de partida era bem mais estável (e forte) do que aquilo que é hoje.
É certo que até 31 de Agosto ainda podem chegar (e partir...) jogadores.
Mas nem que viessem Ronaldo, Messi e Neymar viriam a tempo de ganharmos a Supertaça que por se disputar num jogo só era teoricamente o objectivo menos difícil de conquistar nas 5 frentes em que esta(va)mos envolvidos.
Mas essa está perdida.
E Rui Vitória tem agora pela frente um trabalho imenso.
Lutar nas quatro frentes que restam com um plantel que dificilmente até 31 de Agosto atingirá os padrões de qualidade do que terminou a época passada.
Sabendo que a equipa B não tem as soluções que tinha (até porque joga num campeonato de menor qualidade) e que tão úteis lhe foram no passado.
E compatibilizando essas limitações que lhe foram impostas com uma massa associativa que dá consecutivas mostras de querer mais e simultâneamente mostra total disponibilidade e empenho em ser um suporte eficaz desse "mais".
O Jamor e Aveiro foram duas marcas brutais do que são os vitorianos capazes pelo seu clube.
Essa paixão unica, essa dedicação sem igual, tem resistido a desgostos e desilusões, a descidas de divisão e vergonhas diversas.
Mas merece ser alimentada com alegrias, triunfos e títulos.
Todos sabemos, conscientemente, que o nosso caminho em termos financeiros ainda é difícil e obriga a cuidados.
Mas parece-me, enquanto simples adepto, que seria aconselhável que aqui e ali se trocasse a tabuada pelo livro que Custódio Garcia escreveu sobre o clube.
Porque está lá tudo que é preciso saber para perceber a paixão vitoriana.
E a nossa paixão, a maior riqueza imaterial do clube, não tem preço.
A sua falta tem.
Mas esse preço não há nenhum vitoriano que o queira pagar!
Depois Falamos
2 comentários:
Para post de início de época estamos a entrar a "todo o gás"!
Não tenho ainda opinião formada sobre a equipa, mas tenho esperança que se consiga fazer um bom campeonato, que não nos envergonhe!
Quanto ao Estádio de Aveiro, era meter-lhe umas cargas explosivas nos pilares e dinamitar aquilo! Ou então arranjar mais parques de estacionamento e aumentar os acessos ao estádio! Não se concebe que haja carros em cima de passeios, em plena via e em descampados com tanto espaço baldio à volta!
E demorar quase 1 hora para fazer 3km para chegar ao estádio não lembra a ninguém!
Como graças a estes dois "pormaiores" que revelei só vi pouco mais de 50 minutos de jogo, acho que vou pedir à FPF que me devolva 7,50€!
Caro Rui:
Começamos bem e isso é importante. E fazer um bom campeonato só depende de nós.
Quanto ao estádio de Aveiro o problema são mesmo os acessos. Porque de resto é excelente para ver futebol
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