quinta-feira, junho 18, 2009

Três Casos Exemplares

Publiquei,hoje, no Correio do Minho este artigo
Ao longo destes meses de colaboração com o “Correio do Minho” tem sido minha preocupação escrever sobre futebol, sem uma orientação clubista demasiado exacerbada, de molde a reflectir uma preocupação sobre a modalidade em geral e os clubes da nossa região em particular.
Especialmente face ás tropelias de que são alvo perante os vários poderes instituídos.
A maioria saberá que sou adepto do Vitória de Guimarães, incondicional, mas daqueles que querendo ganhar sempre no terreno de jogo ao Sporting de Braga entende que no resto os dois clubes tem de manter um relacionamento e uma cooperação exemplares.
O que, infelizmente, nem sempre tem acontecido.
Os casos que vou aqui citar hoje, nada tendo aparentemente a ver com os dois clubes, encerram em si lições que são importantes serem assimiladas.
Ainda que á nossa escala.
O primeiro exemplo prende-se com a transferência de Ronaldo para o Real Madrid.
Tenho lido, visto e ouvido tanta coisa sobre o assunto que sinceramente não percebo o que se passa.
Parece que não existe mais nada de que se possa falar.
Jornais, rádios, televisões, governos, parlamentos, Igreja, sindicatos eu sei lá.
Tudo a falar das verbas envolvidas por comparação com outras realidades infelizmente bem difíceis que se vivem no mundo.
Como se uma coisa tivesse directamente a ver com outra.
Do que poucos falam é da genial manobra de marketing de Florentino Perez que tem literalmente o mundo inteiro, há oito dias, a falar do Real Madrid!
Alguém imagina qual é o retorno disso em termos publicitários?
Ou as verbas astronómicas que o Real vai facturar, especialmente na Ásia?
A grande lição deste negócio é que quando há engenho, e um mínimo de sustentabilidade,até o que parecem megalomanias podem ser excelentes negócios.
Preciso é saber.
O que nos leva direitinhos ao segundo exemplo.
Um jogador chamado Cissokho.
Que veio directamente da II Liga francesa para o Vitória de Setúbal.
Onde jogou cinco meses, toda a gente o viu (ainda por cima numa posição tão carenciada de bons valores) mas só o Porto se interessou pela sua contratação.
Pagou trezentos mil euros por ele, um valor quase ridículo, e pô-lo a jogar na imensa montra que é a Liga dos Campeões onde o jovem francês agarrou bem a oportunidade.
Foi agora transferido para o colosso Milan por quinze milhões de euros.
Atendendo ao palmarés de ambos é um valor quase idêntico ao de… Ronaldo.
E aqui está a segunda lição.
Os dirigentes de Vitória e Braga têm de olhar com mais atenção para o que lhes passa debaixo dos olhos.
Porque as grandes contratações, que potenciam grandes negócios, nem sempre estão em paragens longínquas.
Quantas vezes podem estar no mesmo campeonato ou até na Liga inferior.
Hoje, como sempre, no comprar barato para vender caro pode estar o futuro dos clubes.
Terceiro, e inesquecivel, exemplo trazido pelos dias que correm.
A forma vergonhosa como o Benfica se comportou com o Sporting de Braga ao longo de todo este caso Jorge Jesus.
Treinador de um clube da mesma Liga, com contrato para o futuro, nem isso impediu os dirigentes benfiquistas de um assédio a lembrar o dos senhores feudais aos pobres servos da gleba.
Falaram com o treinador, estabeleceram acordo, programaram a próxima época como se o Braga não existisse e os contratos não tivessem qualquer valor.
A lembrar os tempos de Vale e Azevedo.
Uma vez mais.
E esta é a terceira e mais importante das lições.
Não vale a pena,mas não vale mesmo, Vitória e Braga acreditarem na amizade dos chamados grande clubes.
Seja o Benfica ou o Porto.
Porque eles de nós só querem o que lhes dá jeito.
E na primeira oportunidade deixam-nos a falar sozinhos.

BOLA CHEIA
António Salvador
Noutras ocasiões tenho criticado atitudes suas.
Hoje reconheço-lhe o mérito de se ter dado ao respeito e obrigado o Benfica a respeitar o Braga.
A “golpada” foi feita.
Mas por ela pagaram o que estava estipulado.
E ver um “grande” a vergar a coluna é sempre agradável.

BOLA VAZIA
Jorge Jesus
Cumpriu um sonho legítimo e vai treinar, durante algum tempo, o Benfica.
Mas sai com a imagem como profissional de rastos.
Porque foi ingrato com um clube que o tratou bem.
E quando o sonho SLB acabar (e vai acabar seguramente mais dia menos dia) verá que muitos clubes passarão a evitá-lo.
Porque o mau exemplo que deu vai perdurar na memória dos dirigentes

4 comentários:

Diogo Ferreira disse...

Sou apologista de haver entendimento entre VSC & SCB, coisa que infelizmente não tem acontecido, face aos atropelos que de um lado e do outro tem acontecido.
Sei bem que será muito difícil chegar lá, mas os dois clubes só teriam coisas a ganhar c/ este tipo de parcerias, na eventualidade de não ser possível (é o mais provável), cada um fica no seu cantinho.

Relativamente ao caso RONALDO/R. MADRID, entendo muito bem a razão de tanto alarido, é normal, face a situação financeira em que o MUNDO se encontra, e quando falamos de 94 Milhões de €uros por um só jogador, é normal (penso eu) haver tanta conversa á volta desta contratação.

Quanto ao caso Cissoko, realmente, há que dar os parabéns ao FCP, em tão pouco tempo conseguiu buscar uma boa quantia por um jogador que até ser contratado pelo FCP não passada apenas disto, um jogador normal. Quanto ao montante envolvido, temos que ter a consciência que se fosse um jogador que estivesse no VSC ou no SCB, o montante não seria este, nem coisa parecida.

Quanto ao resto, estou de acordo.

luis cirilo disse...

Caro Diogo:
Acho que estamos bastante de acordo nos três assuntos.
Em relação ao caso Vitória/Braga,aquele que mais nos interessa,penso que ainda há um longo caminho a percorrer.
Porque muitas vezses a rivalidade táctica ultrapassa o interesse estratégico

Anónimo disse...

As relações SCB/VSC são um assunto que me agrada sobremaneira 8sobretudo ao comentar a minha opinião num blog "espanhol" eheheheh).

Tenho mantido sempre uma opinião que é sempre interessante e sadio um bairrismo acentuado desde que ele seja aliado ao seu aspecto mais desportivo e de convivência desportiva. A defesa das causas locais, de uma forma civilizada e com fair-play elevam as pessoas e tornam-nas mais fortes para conseguirem combater noutras andanças. Além disso, o aspecto histórico e de tradição bairrista deve-se manter de forma a cimentar as nossas ligações ancestrais com a terra e com as gentes das nossas raizes. Aletrar tudo isto, seria "transvertir" toda uma história repleta de disputas que vão enriquecendo as cidades e as regiões. portanto, 100% adepto do bairrismo e da rivalidade entre as duas maiores cidades do Minho.

No factor desportivo, penso que esta rivalidade tem ultrapassado os limites razoáveis e que fqazem com que hoje a "grande festa minhota em dois dias por ano" se tenha transformado nim inferno para quem gosta de fitebol e quer acompanhar a sua equipa frente ao rival.Os extremismos são levados á centésima e assistimos a verdaeiras batalhas que deixam marcas, muitas delas de cariz fisico. podemos - e devemos - ser capazes de assumir o nosso braguismo ou espirito vimarenense sem passar das marcas e sem deixar de ser "totó" só porque se está contra confrontos palermas.
Para além da capacidade inata de cada clube conseguir a sua melhor performance e que o dia do VSC/SCB ou vice versa seja a "mae" de todas as jornadas, existe potencialidades de valor muito superior onde os dois clubes poderiam unir sinergias:
na defesa das oportunidades e da discriminação por parte da Liga, FPF, TV´s e patrocinadores sobretudo em favor dos 3g´s; na possibilidade de serem lideres de um verdadeiro movimento generador do futebol portuguêse na defesa intransigente da verdade desportiva.

ter um Braga e guimaraes fortes e actuantes nos principais problmas do nosso futebol tornaria as forças mais equilibradas e poderiam chamar a esta luta mais clubes e redimir de vez o nosso futebol. Juntos, Braga e VSC podem significar forças identicas a um qq dos 3G´s . E fazer valer a sua força...

Não vendo isto, estamos a perder oportunidades e a dar tiros nos pés ....

Um abraço

RA

luis cirilo disse...

Caro RA:
Já levamos mais de trinta anos a discutir cordialmente este assunto.
Provavelmente porque somos de uma geração intermédia entre o bairrismo exacerbado das gerações que nos antecederam e a rivalidade estupida protagonizada pelas claque de hoje que,como dizes e bem,afastam as pessoas dos derbys minhotos.
Estamos genéricamente de acordo,pois,quanto á importância de manter a rivalidade mas como forma de potenciar o crescimento de ambos e de os tornar mais fortes no plano nacional.
Como estamos de acordo en que Vitória e Braga devem unir forças para reinvindicar direitos que lhe assistem e que são sonegados por Liga,FPF e televisões.
Já passamos ambos pelas direcções dos nossos clubes anos atrás.
No Vitória, e penso que no Braga não seria muito diferente,nunca encontrei "clima" adequado a esse entendimento que não se circunscrevesse a uns famosos almoços de segunda feira para escolhar determinadas coisas para o fim de semana seguinte.
Curiosamente,com a ajuda de Gil Vicente e Famalicão,até foi um tempo de afirmação do futebol minhoto.
Mas não é disso que falamos como é óbvio.
É de entendimentos estratégicos que permitam atenuar os desiquilibrios entre os chamados grandes e todos os outros.
Mas esse caminho vai demorar tempo.
Infelizmente.
Um abraço