sexta-feira, outubro 10, 2008

O Presidente no C.A.R.




Publiquei hoje este artigo no Jornal "Povo de Guimarães".


A VISITA IMPROVÁVEL

O Presidente da República esteve na passada sexta feira em Guimarães.
Já é noticia.
Veio a Terra onde tem residência oficial, pormenor bastas vezes esquecido, propositadamente para visitar o Circulo de Arte e Recreio (CAR) uma das instituições mais tradicionais e carismáticas do livre associativismo vimaranense.
Do que ainda vai havendo!
O que a torna ainda mais notícia.
Porque Cavaco Silva é um Presidente eleito por uma determinada área política e o CAR é uma instituição com uma larga tradição, não estatutária entenda-se, de posicionamento numa área política bem diferente.
Sintetizando: Cavaco é um homem da área do centro político e o CAR foi sempre, mesmo muito antes do 25 de Abril uma associação de gente de esquerda.
Democrática, tolerante mas de esquerda.
Conhecendo razoavelmente bem a personalidade do Presidente da República de uma coisa tenho a certeza; Cavaco não veio ao CAR por acaso, para preencher uma lacuna de agenda ou por mero palpite.
Sabendo, até por velhas relações de amizade com alguns dos seus colaboradores próximos, a minúcia e o pormenor com que são avaliadas as deslocações presidenciais, tenho a certeza que Cavaco veio ao CAR com a intenção deliberada de prestar um testemunho e passar uma mensagem.
Testemunho de apreço pelo papel que o CAR tem desempenhado na sociedade vimaranense, ao longo de dezenas de anos, em múltiplas vertentes que vão da cultura aos tempos livres passando pelo desporto.
Mas também pela escola de convivência democrática, de tolerância pela diversidade e pelo respeito de opiniões que tem caracterizado a sua história e os seus dirigentes ao longo de todo este tempo.
A mensagem é de óbvio apreço do Presidente pelo associativismo, pelo entrelaçar de vontades, pelo dar as mãos em tempos difíceis e saber procurar alternativas para a resolução dos problemas.
Sem com isto significar menor apreço presidencial pelo papel dos municípios, creio que num tempo em que tudo se municipaliza, da cultura ao desporto, das festas populares aos festivais eruditos, Cavaco quis dar prova pública de apreço pelas instituições e pelo movimento associativo que vão permitindo ás sociedades alguma “respiração” sem amarras.
Creio que foi feliz ao escolher o CAR para esse fim!
Duas notas finais: Durante a visita do Presidente lembrei-me várias vezes de um homem de esquerda, fortemente ligado á História do CAR, que “devia” ter estado lá.
O Dr. Santos Simões.
Penso que teria apreciado muito o simbolismo desta visita.
Porque não conheci ninguém de esquerda tão tolerante e de espírito tão aberto como ele.
Outra nota para o Ricardo Araújo presidente do CAR.
Independentemente das relações de amizade que não são para aqui chamadas, fico satisfeito por ver alguém com a visão, o dinamismo e o “savoir faire” que tornaram possível uma visita tão improvável.
Quando se quer…é possível.
Preciso é saber.
E ele soube!

4 comentários:

Rui Osório disse...

Grande prova de democracia, tolerância e respeito por ideais diferentes do nosso Presidente e de si Dr. Cirilo.

Anónimo disse...

O CAR será assim tão de esquerda ainda? De que partido é o presidente?

Anónimo disse...

Eu percebi a ironia do texto.
De facto parece ser sina do psd de Guimarães desaproveitar os melhores quadros e aqueles que lhe podiam trazer mais valias eleitoriais.
Porque com o candidato á câmara que anunciam está-se mesmo a ver que vem aí banhada.
No fundo é apenas o que alguns merecem

freitas pereira disse...

Fui, em tempos idos, aquele que conseguiu organizar a primeira visita ao estrangeiro do ‘Ritmo Louco’, que entretanto se transformou no CAR.
Foi lá também que fiz os primeiros passos no ‘teatro’ amador de que guardo uma recordação das mais agradáveis desses tempos da juventude.
A nova missão do CAR merece sem duvida o carinho e mais ainda da parte das autoridades, porque nada é mais importante que acompanhar a evolução da juventude nos tempos perturbados que são os que vivemos.

A cultura, sem duvida, o desporto, claro, mas a escola da convivência dos cidadãos como muito bem notou o Amigo Cirilo, numa tolerância absoluta das opiniões.

E assim que se constrói uma sociedade progressista adaptada ao nosso tempo.

Parabéns pelo artigo do “Povo de Guimarães”.

Freitas Pereira