Não sei bem porquê,mas cada vez que ouço falar da Ota cheira-me a ...batota !
Não vale a pena fazer história,recuar no tempo e lembrar todo o processo,porque ao longo dos anos já foi tal a controvérsia,tantos os protagonistas(alguns dos quais foram mudando de posição) tantas as posições pró e contra que mais vale atentarmos no presente.
E o presente diz-nos que o governo Sócrates tomou uma decisão,defendeu-a com unhas e dentes,desdenhou de qualquer outra opção,anunciou a abertura do concurso público e ,enfim,pareccia que nada mais havia a fazer.
É certo que o presidente da república manifestou duvidas,a oposição protestou (no terreno como Luis Filipe Menezes ou num salão alcatifado do Tivoli como Marques Mendes)os especialistas dividiram-se quanto á opção.
Mas de repente dá-se um fenomeno novo;cai a Câmara de Lisboa,é aberto um processo eleitoral e o candidato socialista fica sozinho a defender o fim da Portela e a ida para a Ota(que aliás aprovara enquanto ministro) perante todos os outros candidatos fortes defensores da opção Portela + 1.
Coincidentemente a CIP aparece com um "misterioso" estudo a defender a solução Alcochete,de que nunca ninguém se lembrara o que mostra bem o rigor com que o novo aeroporto foi equacionado,e perante a surpresa geral o governo recua e aceita avaliar a nova opção.
É concedida uma moratória de seis meses para o LNEC comparar estudos,aparecem noticias a realçar a mais valia de Alcochete até em fundos comunitários,e o ministro que dissera ..."Jamais...",que afirmara a margem sul como um deserto e que considerara a Ota uma questão de honra pessoal fica muito caladinho,mete a viola ao saco e nem sequer tem a digna atitude de se demitir !
Até Almeida Santos fica em silêncio e esquece o perigo das pontes dinamitadas...
Claro que a oposição de salão canta vitória e parte para nova cruzada.
Mas isso são outros contos.
O que importa aqui é avaliar quem fica a ganhar com este aparente recuo do governo ainda que há custa da temporária ridicularização de Mário Lino.
Desde logo Sócrates que ganha paz em véspera da presidência portuguesa da União Europeia e pelo caminho ainda "amansa" Cavaco com esta aparente cedência aos seus avisos.
Sem se ter comprometido a nada que não fosse adiar(?) uma decisão por seis meses.
Mas essencialmente António Costa.
Quem em plena campanha eleitoral se vê livre do assunto que mais o embaraçava.
Lá para Janeiro,ultrapassada a presidência portuguesa e com presidente de camara eleito,se saberá se em todo este processo há ,ou não,batota !
Vai uma apostinha sobre qual vai ser a decisão final ?
Depois Falamos