Já noutras postagens,ao longo do anito de vida deste blog,tenho manifestado a minha admiração pelos Estados Unidos da América,pela sua cultura,pelas suas formas de vida,por um povo e uma democracia que estão hoje na liderança do mundo democrático.
Conhecendo,como é óbvio,muitos dos "podres" da sociedade americana,dos problemas que a afligem e dos dramas que nela existem.
Confesso que num país que é,simultâneamente um continente,sempre admirei a vastidão dos espaços,a "América" profunda,o mito e a realidade da conquista do Oeste.
Assente numa dicotomia que é muito integrante da forma de ser dos americanos,entre os bons e os maus,os brancos e os indios,os "elefantes" e os "burros" se quisermos levar isto para o campo da politica.
Pois nessa vastidão de espaços sem fim sempre me atrairam,até para melhor compreender como se fez a América,as vias de comunicação.
As vias férreas essenciais no sec XIX para a expansão para Oeste,os grandes rios que sempre funcionaram como importantes vias comerciais para além de elo de ligação entre comunidades e já no século XX as imensas estradas e auto estradas que consolidaram as ligações norte-sul e atlântico-pacifico.
Algumas delas miticas.
Como a interestadual 80 que liga Nova Iorque a S.Francisco atravessando o país de lés a lés.
É também o caso da mitica estrada 66 que ligava Chicago a Los Angeles.
Construida entre 1916 e 1926,numa diagonal entre as duas cidades,ligava centenas de pequenas comunidades e grandes metrópoles constituindo,ao tempo,o maior rival do caminho de ferro em termos de transporte de mercadorias e circulação de pessoas.
Celebrizada em filmes,artigos de jornal e muito em especial por John Steinbeck em "As Vinhas da Ira".
Ao longo do seu traçado construiram-se restaurantes e hoteis,lojas (como a de gelados retratada na foto) e gazolineiras,desenvolveram-se comunidades e fez-se História.
Hoje a estrada 66 já não existe.
Com o desenvolvimento de uma rede nacional de auto estradas a partir do fim da 2ª guerra mundial,o traçado da 66 foi recortado,soterrado e substituido por essas novas vias.
Restam contudo,como curiosidade histórica e turistica,pequenos troços dessa mitica estrada que hoje são religiosamente conservados e assinalados em todos os mapas.
Porque representam uma parte importante da história de construção da América.
Depois Falamos
1 comentário:
Amigo Luis Cirilo
A sua postagem sobre a "66" , impregnada de nostalgia, que tive o prazer de seguir nalgumas secções quando trabalhei em Chicago, trouxe-me uma imagem vivida há alguns anos, entre Gallup e Flagstaff, no Arizona.
Chegado tarde ao motel que tinha reservado (o motel foi inventado ao longo desta estrada, sabia?), vi uma "cabana" à beira da estrada, antes de chegar ao motel. A tabuleta dizia:"Steak and beans"!. Como era necessário comer alguma coisa, lá voltei depois de ter deixado as malas no motel. Uma cabana, algumas mesas de madeira, uma fogueira por baixo de uma panela em ferro, suspensa por cadeias a um ramo da árvore. De pé, encostado à árvore, descontraído, um grande charuto na boca, calçado com "Santiago" bicudos, chapéu de cowboy enterrado até às orelhas, o proprietário era ele.
O nosso diálogo:- " Good evening"! Hie! O que é que se pode comer hoje? Well, the menu is on the panel! Steak and beans! Bem, muito bem! Ok! Something to drink? Yes, beer! Good! Ok
Então: " Two steaks, please ,and two beers! " Mary, bring two beers for the gentleman, please!
Os steaks , que cobriam cada um o prato, que não era muito pequeno, foram colocados num barbecue-grelha, suspenso por cadeias, a um outro ramo da árvore, na fogueira ao lado. De vez em quando, uma ligeira impulsão com as "Santiago", e os steaks bailavam , de um lado para o outro, por cima da fogueira. O cowboy continuava a "grelhar" o charuto, o chapéu enterrado até às orelhas.
O azul profundo do céu do Arizona às 10 horas da noite, 30° C. Os steaks vieram para a mesa. Suculentos! Chegavam para uma família! Os "beans" (feijões) ,ultra cozidos (creio que a panela está por cima da fogueira desde a manha !) . Este género de refeição era a dos cowboys, que bem tinham necessidade dela para percorrer a planície durante horas! E o menu era sempre o mesmo.
Um casal Australiano chegou meia hora mais tarde. Mesmo diálogo, mesmíssimas palavras, mesmo menu. O cenário não mudou. Com a excepção da pergunta ritual: "Where are you coming from ? De onde vêm ? A Austrália, ele conhecia. Mas a França e Portugal ! Onde é que fica isso ? A cultura nestas terras e sobretudo a geografia, é realmente muito reduzida! Mas o steak era bom!
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