Pacheco Pereira (PP) é um dos comentadores politicamente correctos mais apreciado pelo regime.
Pensa pela sua cabeça,tem ideias e opiniões,acesso fácil á comunicação social e ainda lhe pagam para isso.
Só vantagens.
De facto,nos tempos de austeridade que ser vivem,pensar e ainda ser pago para dizer o que pensa é um incontornável privilégio só ao alcance de poucos.
E PP não se poupa no usufruto desse privilégio;é no Público,na Sic Noticias,na Sábado,na TSF,em todo o lugar dá opinião sobre tudo.
Um prodigio.
Mesmo quando fala do que manifestamente não sabe,a sua aura de comentador do regime,ajuda a credibilizar os maiores disparates que profere.
Do Iraque ás eleições em Lisboa,das viagens espaciais ao regulamento financeiro do PSD,de tudo PP fala com o maior dos á vontades como se de tudo fosse um especialista.
Não é.
Nomeadamente no que ao PSD diz respeito.
Da vida interna do PSD,e pese embora ter sido mediano presidente de uma grande distrital (que ele próprio admite ter sido uma péssima experiência, para ele,porque para a distrital nem se fala...)sabe de facto muito pouco.
Tem sabido,quando muito,extrair da sua passagem pelo partido aquilo que o PSD de melhor tem para dar.
Cabeça de lista ao Parlamento Europeu,cabeça de lista em legislativas á Assembleia da República,presidência de uma grande distrital,espaço para enquanto profissional da opinião representar a área politica do partido nos espaços de debate da comunicação social.
Isso tudo soube PP potenciar muito bem.
Solidariedade com o partido nos momentos complicados,disponibilidade para concorrer a uma câmara dificil (por exemplo...Lisboa),militância activa nas secções juntos dos militantes,etc,bem quanto a isso estamos conversados.
E é pena,porque quando o ouvimos,falando daquele pedestal de supra sumo em que ele próprio se empoleira,ficamos sempre com pena que não venha para o terreno do concreto,da realidade,resolver os problemas para os quais em teoria tem sempre solução.
Vem tudo isto também a propósito de uma prosa de PP,na ultima edição da revista Sábado,defendendo o absurdo regulamento financeiro em vigor no PSD, como resposta a uma noticia do DN que referia um eventual recurso para o Tribunal Constitucional por parte de militantes que discordam da aplicação do referido regulamento.
E lançando,coisa que aliás faz muito bem,uns anátemazinhos sobre os que ousam discordar da verdade oficial.
Não se inibindo,com a arrogância que o caracteriza,de enveredar pela via do insulto aos dirigentes locais considerando-os como uns caciques sempre prontos a todas as artimanhas para influenciarem,e desvirtuarem,os resultados das eleições internas.
Uma lástima !
Até porque foram muitos desses "caciques" locais,com o seu trabalho empenhado,militante,sacrificado e tantas vezes ignorado,que permitiram que "primas donas" como PP fossem deputados,deputados europeus,etc,etc, sem se darem ao trabalho de calcorrear freguesias e concelhos em busca dos votinhos necessários.
Para além de uma série de outros considerandos,ao longo do artigo,que demonstram bem a ignorância de PP sobre a realidade do PSD.
Mas há um aspecto no parágrafo final que não pode passar sem reparo:
"...Os signatários do recurso ao Tribunal Constitucional conhecem muito bem todos estes truques por experiência própria e estão preocupados por ter de concorrer ás eleições de 2008 sem os bons velhos métodos de sempre..."
Vamos ser claros.
Desde sempre Pacheco Pereira ?
O sempre é quando ?
Os tempos logo após o 25 de Abril em que defendia a ditadura do proletariado enquanto os tais "caciques" lutavam para através do PPD construir uma democracia parlamentar ?
Os tempos em que os tais "caciques" já eram sociais democratas enquanto PP era marxista leninista ?
Ou será de tempos mais recentes em que PP percebeu que o marxismo já não dava e veio sorrateiramente para a área da democracia em busca de "uns amanhãs que cantam " ?
A Pacheco Pereira falta autoridade moral para se referir a muitos e muitos dirigente do PSD.
Que deram ao partido muito mais do que ele,tendo recebido seguramente muito menos !
Mas até compreendo a defesa que PP faz do regulamento financeiro em vigor no PSD.
Palavra que compreendo.
Trata-se de um regulamento quase estalinista,que prevê o controle burocrático do aparelho e cerceia uma liberdade interna que sempre foi apanágio do PSD.
Visa ,no limite,perpetuar no poder uma "elite" dirigente sem efectiva força politica junto das bases.
Aquilo a que no futebol se chama controlar o "sistema" !
Ao contrário de PP,e dos ideólogos deste absurdo,ainda sou dos que pensam que a consciência e o voto de um social democrata valem bem mais do que os 12 € da cota anual do PSD os os 6 € da JSD.
Acredito na liberdade dos militantes.
Mas compreendo que PP prefira o controle por parte do aparelho.
Afinal há velhos hábitos que nunca se perdem.
Depois Falamos