terça-feira, setembro 10, 2019

Pluralismo

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

Dando de barato que a velha máxima “A democracia é o pior regime exceptuando todos os outros”  há que reconhecer que pese embora os primeiros sistemas democráticos remontem, no mínimo, à Grécia Antiga  a verdade é que não há Democracias perfeitas pelo que todas elas estão em continuo aperfeiçoamento e consolidação.
E isso é válido para democracias recentes, para democracias de “meia idade” e para as mais antigas como a inglesa ou a norte americana que não são nunca consideras como democracias perfeitas.
Naturalmente que quando se fala da democracia em Portugal, na sua “meia idade” de quarenta e cinco anos , reconhece-se sem dificuldade que o seu processo de aperfeiçoamento ainda necessita de fazer um caminho de razoável dimensão até se poder comparar a outras democracias que em comparação com a  nossa são exemplares.
Quero hoje referir-me, muito em especial, à questão do pluralismo informativo que é um dos pilares em que assenta a Democracia dado pressupor igualdade de tratamento e igualdade de oportunidades para todos quanto coexistem no palco político e se candidatam a diferentes eleições.
E nessa matéria há duas verdades, duras como punhos, que ninguém pode negar:
Uma é que esse pluralismo informativo não existe em consonância com o que deve ser uma democracia avançada.
E a outra é que ninguém como a Aliança, pese embora o seu curto tempo de vida, tem denunciado com tanto vigor e acções práticas essa falta de pluralismo da comunicação social nacional.
Fê-lo aquando das eleições europeias, nomeadamente quando as televisões promoveram  debates entre candidatos de “primeira” e outros entre candidatos de “segunda” (na perspectiva delas, televisões, como é evidente), e está a fazê-lo novamente na actualidade quando as televisões, uma vez mais, promovem debates entre partidos com representação parlamentar como se resultados de eleições passadas significassem automaticamente resultados de eleições futuras e decidindo ditatorialmente quem são os partidos que tem acesso aos debates televisivos e os outros a que quase por caridade vão dando minímos de cobertura.
E a tudo isto a Aliança tem dito não!
Em declarações do Presidente e de outros dirigentes, em artigos de opinião, em comunicados e até na simbólica “ocupação” da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC)  protestando contra uma “regulação” que de facto não existe porque a comunicação social, a seu bel prazer, trata uns como filhos e outros como enteados.
Esta luta pelo pluralismo, pela igualdade de oportunidades, pelo fim dos privilégios dos partidos do “sistema” é também um combate pela Democracia no sentido de a tornar mais perfeita e mais capaz de corresponder às aspirações dos portugueses e é um combate que devia ser acompanhado firmemente por outras forças políticas sempre muito prontas a pedirem mais democracia quando consideram não estar “servidas” mas a quem algumas “migalhas” caídas da mesa de quem manda na comunicação rapidamente calam.
Estamos convictos da nossa razão.
Da razão de quem não se conforma com injustiças, com desigualdades, com privilégios absurdos, com favoritismos que falseiam a verdade, com a tal lógica dos filhos e dos enteados que serve alguns mas não serve todos como mandam as regras da Democracia.
E por isso a Aliança vai continuar a exigir mais pluralismo, mais igualdade de oportunidades, critérios mais justos, acesso de todos os partidos que concorrem a eleições a debates televisivos sem diferenciação em função de resultados passados que não passam  de meros  dados estatísticos.
Aliás, e a fazer fé nas sondagens que por aí andam, há resultados de 2015 que hoje parecem ser absolutamente irrepetíveis na sua expressão pese embora o autismo com que alguns olham para esses estudos de opinião de há meses a esta parte.
A Aliança continuará, sem desfalecimentos, a luta por mais democracia e melhor democracia.
Sabendo que os seus adversários são os partidos da geringonça (PS, BE, PCP, PEV)  e aqueles que nas extremidades do sistema político defendem ideias e valores que não são os nossos nem sequer os comummente aceites e defendidos em democracias mais perfeitas do que as nossas.   
Os restantes partidos da área não socialista, que perfilham Valores idênticos aos nossos, são olhados com respeito e não como adversários que importa atacar a qualquer preço na mais absoluta confusão sobre quem são os verdadeiros adversários e quem são aqueles com quem depois das eleições haverá forçosamente  que conversar sob pena da área não socialista caminhar para uma irrelevância política que desequilibre por muitos anos o sistema político.

P.S. Numa reflexão mais pessoal, e que até pode parecer nada ter a ver com tudo isto...mas tem, vem-me à memória um filme de enorme qualidade- “O Advogado do Diabo”- em que o genial Al Pacino no papel de diabo diz a certa altura que o seu pecado preferido (por ser o que mais depressa leva à perda de almas) é a vaidade.
Velho pecado que não cessa de assomar onde menos se espera.
Ou se calhar nem é tão inesperado assim...

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