O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.
Dando de barato que a velha máxima “A democracia é o pior regime
exceptuando todos os outros” há que
reconhecer que pese embora os primeiros sistemas democráticos remontem, no
mínimo, à Grécia Antiga a verdade é que
não há Democracias perfeitas pelo que todas elas estão em continuo
aperfeiçoamento e consolidação.
E isso é válido para democracias recentes, para democracias de “meia
idade” e para as mais antigas como a inglesa ou a norte americana que não são
nunca consideras como democracias perfeitas.
Naturalmente que quando se fala da democracia em Portugal, na sua “meia
idade” de quarenta e cinco anos , reconhece-se sem dificuldade que o seu
processo de aperfeiçoamento ainda necessita de fazer um caminho de razoável
dimensão até se poder comparar a outras democracias que em comparação com a nossa são exemplares.
Quero hoje referir-me, muito em especial, à questão do pluralismo
informativo que é um dos pilares em que assenta a Democracia dado pressupor
igualdade de tratamento e igualdade de oportunidades para todos quanto coexistem
no palco político e se candidatam a diferentes eleições.
E nessa matéria há duas verdades, duras como punhos, que ninguém pode
negar:
Uma é que esse pluralismo informativo não existe em consonância com o
que deve ser uma democracia avançada.
E a outra é que ninguém como a Aliança, pese embora o seu curto tempo
de vida, tem denunciado com tanto vigor e acções práticas essa falta de
pluralismo da comunicação social nacional.
Fê-lo aquando das eleições europeias, nomeadamente quando as
televisões promoveram debates entre
candidatos de “primeira” e outros entre candidatos de “segunda” (na perspectiva
delas, televisões, como é evidente), e está a fazê-lo novamente na actualidade
quando as televisões, uma vez mais, promovem debates entre partidos com
representação parlamentar como se resultados de eleições passadas significassem
automaticamente resultados de eleições futuras e decidindo ditatorialmente quem
são os partidos que tem acesso aos debates televisivos e os outros a que quase
por caridade vão dando minímos de cobertura.
E a tudo isto a Aliança tem dito não!
Em declarações do Presidente e de outros dirigentes, em artigos de
opinião, em comunicados e até na simbólica “ocupação” da Entidade Reguladora
para a Comunicação Social (ERC) protestando
contra uma “regulação” que de facto não existe porque a comunicação social, a
seu bel prazer, trata uns como filhos e outros como enteados.
Esta luta pelo pluralismo, pela igualdade de oportunidades, pelo fim
dos privilégios dos partidos do “sistema” é também um combate pela Democracia
no sentido de a tornar mais perfeita e mais capaz de corresponder às aspirações
dos portugueses e é um combate que devia ser acompanhado firmemente por outras
forças políticas sempre muito prontas a pedirem mais democracia quando
consideram não estar “servidas” mas a quem algumas “migalhas” caídas da mesa de
quem manda na comunicação rapidamente calam.
Estamos convictos da nossa razão.
Da razão de quem não se conforma com injustiças, com desigualdades,
com privilégios absurdos, com favoritismos que falseiam a verdade, com a tal
lógica dos filhos e dos enteados que serve alguns mas não serve todos como
mandam as regras da Democracia.
E por isso a Aliança vai continuar a exigir mais pluralismo, mais
igualdade de oportunidades, critérios mais justos, acesso de todos os partidos
que concorrem a eleições a debates televisivos sem diferenciação em função de
resultados passados que não passam de meros
dados estatísticos.
Aliás, e a fazer fé nas sondagens que por aí andam, há resultados de
2015 que hoje parecem ser absolutamente irrepetíveis na sua expressão pese
embora o autismo com que alguns olham para esses estudos de opinião de há
meses a esta parte.
A Aliança continuará, sem desfalecimentos, a luta por mais democracia
e melhor democracia.
Sabendo que os seus adversários são os partidos da geringonça (PS, BE,
PCP, PEV) e aqueles que nas extremidades
do sistema político defendem ideias e valores que não são os nossos nem sequer
os comummente aceites e defendidos em democracias mais perfeitas do que as
nossas.
Os restantes partidos da área não socialista, que perfilham Valores
idênticos aos nossos, são olhados com respeito e não como adversários que
importa atacar a qualquer preço na mais absoluta confusão sobre quem são os
verdadeiros adversários e quem são aqueles com quem depois das eleições haverá
forçosamente que conversar sob pena da
área não socialista caminhar para uma irrelevância política que desequilibre
por muitos anos o sistema político.
P.S. Numa reflexão mais pessoal, e que até pode parecer nada ter a ver
com tudo isto...mas tem, vem-me à memória um filme de enorme qualidade- “O
Advogado do Diabo”- em que o genial Al Pacino no papel de diabo diz a certa
altura que o seu pecado preferido (por ser o que mais depressa leva à perda de
almas) é a vaidade.
Velho pecado que não cessa de assomar onde menos se espera.
Ou se calhar nem é tão inesperado assim...