Daqui a dez curtos anos Guimarães, e espera-se (embora com algum desespero) o resto do país, vão festejar condignamente os novecentos anos da batalha de S. Mamede em que a vitória das tropas de D.Afonso Henriques transformou esse dia no primeiro dia de Portugal.
É uma realidade histórica a que só por teimosia, ignorância, má fé e
algum preconceito o país tem resistido a comemorar de forma condigna.
Já sobre esse assunto tenho escrito e a ele não vou voltar neste texto
a não ser como introito ao desenvolvimento do tema que hoje quero tratar e que
não é a falta de reconhecimento do 24 de Junho de 1128 mas sim a forma como
Guimarães olhará para essa data.
Escrevia no início “dez curtos anos” e não o fazia por acaso visto que
uma década se é um período dilatado de tempo para muita coisa há outras para as
quais somos obrigados a considerar que é um espaço temporal pequeno tal a
dimensão do que importa fazer e a importância de o fazer bem feito.
E mais do que festejar condignamente a data, e espero que isso não
seja sequer motivo de dúvida, importa que esse festejo e o facto de se tratar
de um número “redondo” (900 anos) sejam motivo suficiente para apontar 2028
como uma meta plausível para o esforço de transformar a data em feriado nacional
permitindo assim que seja reconhecida por todos os portugueses e não apenas
pelos vimaranenses.
É um esforço grandioso, já o sabemos, que não dispensará um
envolvimento solidário de toda a comunidade vimaranense e que devendo ser
liderado pelas forças políticas locais não dispensará o contributo de
associações culturais, da Universidade, dos organismos sócio profissionais, dos
clubes desportivos, das instituições de solidariedade social, da associação
comercial e industrial, enfim de todas as forças vivas do nosso concelho.
Dispensados mesmo deste esforço colectivo apenas estão o egoísmo,a
partidarite, a arrogância, a soberba, a patética convicção da auto suficiência
que são tantas vezes os piores adversários da nossa Terra quando ela se
abalança a empreitadas que fogem ao que é comum na vulgaridade dos dias.
É por isso importante, diria até decisivo, que as principais forças
políticas do nosso concelho (PS, PSD, CDS, CDU, BE, PPM,MPT) que são aquelas
que tem representação no executivo camarário e/ou na Assembleia Municipal
saibam olhar para a data com a importância que ela efectivamente tem e sejam
capazes de nesse olhar dispensarem as agendas eleitorais que correm até 2028 e
muito em especial as duas eleições autárquicas que até lá se verificarão.
É verdade que nesse capítulo já começamos mal.
Porque na última Assembleia Municipal a proposta do PSD para ser
criada uma comissão de acompanhamento das comemorações dos 900 anos da Batalha
de S. Mamede, que integraria todos os partidos representados no orgão e se
estenderia ao longo dos dez anos, foi chumbada pela maioria absoluta do PS com
o espantoso argumento de que “ainda era cedo”.
Fosse para a uma candidatura a capital europeia do chincalhão, da
sueca ou dos matraquilhos e talvez o PS desse a sua anuência à criação da tal
comissão mas como era para acompanhar aquela que consideramos como a mais
importante data da História de Portugal (aquela data sem a qual não haveria
Portugal) resolveu chumbar dando a preocupante sensação, que esperamos não se
venha a confirmar, de que pretende fazer do assunto causa sua e de mais
ninguém.
Nem sequer percebendo, e não era pedir muito, que a criação de uma
comissão multipartidária para acompanhar os preparativos da comemoração era um
primeiro e importante sinal que se estaria a dar à comunidade em termos da
comunhão de esforços para atingir um objectivo que é de todos.
Foi pena mas não é nada que a qualquer momento não se possa corrigir
desde que exista a vontade necessária a tanto.
São, pois, dez anos para uma comemoração que deve encerrar o tal
objectivo de dar dimensão nacional à data.
Dez anos em que se espera que o concelho se torne mais atractivo,
ganhe população, atraia investimento e empresas, melhore a sua mobilidade
interna e externa (acreditamos que nesse prazo talvez seja possível desnivelar
o nó de Silvares), se torne mais equilibrado e mais justo em termos de investimento/desenvolvimento na
cidade nas vilas e nas freguesias, reforce o peso e a importância do polo da
Universidade do Minho, seja ecologicamente exemplar, tenha no rio Ave uma
alavanca da sua sustentabilidade ambiental (ao contrário do que aconteceu em
recente candidatura a capital verde europeia) e consiga manter manter o rigor em
termos de urbanismo que lhe permitiu ganhar para o seu centro histórico o
galardão de património mundial da Unesco mas que recente “mamarracho” para os
lados da Costa faz temer que algo tenha mudado.
E como o Vitória está sempre presente seria fantástico que nestes dez
anos o clube conseguisse finalmente ser campeão nacional de futebol.
Porque teria, no contexto muito próprio do futebol, o efeito de uma
autêntica batalha de S. Mamede e seria uma vez mais em Guimarães que nasceria
uma nova e revolucionária realidade.
Temos dez anos pela frente.
Saibamos aproveita-los!
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