O meu clube é o Vitória.
Mais propriamente o Vitória Sport Clube, nascido e sediado em
Guimarães, que é hoje um dos mais históricos, tradicionais e carismáticos
clubes portugueses por força de uma História honrosa de quase 100 anos e de uma
massa associativa e adepta que é a melhor de Portugal e que leva a todo o lado
o nome do clube.
Nascido em Guimarães, essa Terra onde adeptos de outros clubes são
mais raros que os pandas fora da China, desde que me conheço que sou vitoriano
por força de uma magnífica cultura vimaranense que nos ensina a todos a
valorizarmos o que é nosso e entre o que é nosso acima de tudo a sermos
vitorianos como expressão maior do nosso vimaranensismo.
É certo que há excepções, na orla da pura irrelevância, mas não fazem
mais do que confirmar a regra e a regra é “quem é de Guimarães é do Vitória”.
Parágrafo!
Estamos assim libertos desse mal, que afunila e diminui o desporto em
geral mas muito especialmente o futebol, que é o chamado bi clubismo reinante
no resto do país e segundo o qual as pessoas são do clube da terra e depois por
um dos chamados “grandes” embora a realidade na maioria dos casos nos diga que
são , isso sim, por um dos “grandes” e depois pelo clube da terra mais que não
seja por vergonha de não o serem.
Em Guimarães não é assim.
Especialmente em termos de equipas de futebol da primeira liga.
Somos pelo Vitória, com simpatia pelo Moreirense , ou pelo Moreirense
(os habitantes de Moreira de Cónegos e arredores)com simpatia pelo Vitória mas
aí se esgotam as simpatias clubísticas sem necessidade de outras cores que nos
tragam a ilusão de títulos e troféus que nunca seriam nossos mas sim e sempre
deles.
O Vitória é a nossa “Fé” e o vitorianismo a nossa doutrina.
É uma opção consciente, que passa de geração em geração (na minha
família já vamos na quinta geração de adeptos e associados do Vitória) como
componente importante da educação que passa de avós para pais e de pais para
filhos e assente na valorização daquilo que é nosso em detrimento do que não
nos pertence nem disso fazemos questão.
É uma opção que tem os seus custos.
Sabemos que não ganharemos tanto como os chamados “grandes”, nem nada
que se pareça, porque a dimensão do clube a vários níveis é compatível com a
dimensão da região em que está inserido e não contamos com uma trituradora
máquina de exercício do poder, que vai da comunicação social aos orgãos próprios
do futebol ( e das modalidades de alta competição já agora), completamente
formatada para levar ao colo o Benfica, o Porto e o Sporting como a História do
nosso desporto bem documenta.
Também não temos adeptos das vitórias, como esses clubes, que lhes
enchem bancadas e estádios (menos um ...) por esse país fora dando-lhes um
apoio que os adeptos idos de Lisboa ou do Porto nunca dariam dada o reduzido
número em que se deslocam a jogos fora dos seus estádios.
E isso ajuda, quantas vezes, a fazer a diferença em termos de apoio.
O Vitória é, provavelmente, o clube português que mais adeptos leva da
sua Terra a apoiarem-no pelo país e isso é para os vitorianos também uma questão
de honra e um motivo de orgulho pela forma como fazemos a diferença face aos
clubes que “vivem” do apoio dos adeptos das vitórias muitos dos quais nunca
puseram os pés no estádio do clube que apoiam e de que se dizem adeptos.
Nunca ganhamos um campeonato (lá chegará o dia...), em sete finais de
taça de Portugal vencemos uma ( outra foi-nos roubada de forma escandalosa por
um sujeito que nem o nome merece que se pronuncie), vencemos uma supertaça e em
termos de futebol sénior por aí se fica um palmarés muito curto em relação ao
que o clube e os seus adeptos mereciam.
Mas o que ganhamos...merecemos ganhar.
E ganhamos pelo nosso mérito e esforço,sem favores de ninguém, nem
ficando a dever aos poderes ocultos as nossas vitórias.
Somos, de facto, um clube único.
Na paixão dos adeptos, no orgulho que todos temos em sermos do
Vitória, nessa magnífica tradição que passa de geração em geração de em
Guimarães sermos vitorianos.
E isso permite-nos outros “titulos”.
Um é o de sermos campeões do amor clubista, da dedicação ao nosso
emblema, de o seguirmos com um fervor sem igual e que portanto não teme
comparações.
Outro titulo é o de campeões da invencibilidade.
Porque no nosso estádio, seja no D.Afonso Henriques, fosse na Amorosa
ou no Bem-Lhe-Vai, podemos ter perdido muitos jogos mas nunca perdemos em
número de adeptos fosse quem fosse o visitante ao ponto de podermos
tranquilamente dizer que em Guimarães todos que nos visitam são “pequenos” face
á tremenda inferioridade numérica em relação aos vitorianos.
Bem ao contrário do que acontece em qualquer outro estádio do país
visitado pelos chamados “grandes” em que o “normal” é os seus adeptos das
vitórias serem em número superior aos adeptos do clube local.
Finalmente há um terceiro titulo de que nos orgulhamos muito.
Que é o titulo do exemplo.
Quando em todos os pontos do país o exemplo do Vitória e dos
vitorianos for seguido seguramente que o nosso desporto, e o futebol em
particular, serão bem melhores.
Porque mais verdadeiros, mais competitivos e melhor dimensionados.
Haja esperança!