sexta-feira, junho 24, 2016

Comedimento...

É talvez a imagem mais icónica do relacionamento entre Belém e S. Bento.
Costa a abrigar Marcelo.
Em volta dela podem traçar-se teorias da conspiração, imaginarem-se cenários políticos, desenvolverem-se raciocínios mais ou menos elaborados sobre o que estará por trás de tudo isto e, essencialmente, quanto tempo isto irá durar.
Para já, e ao que se vê, parece uma relação muito próxima.
Cultivada por jantares em Paris, viagens no mesmo carro e até no mesmo avião, presença simultânea em eventos diversos como ainda ontem no S. João do Porto , várias declarações do Presidente a apoiar decisões do governo em matérias sensíveis.
E uma omnipresença de ambos junto da selecção nacional de futebol.
É uma proximidade que encanta a esquerda que sustenta o governo, ciente das suas fragilidades e sabendo que a ultima coisa que lhes dava jeito era um presidente hostil , mas inquieta a oposição PSD/CDS por acharem proximidade/cumplicidade a mais e receando que o Presidente se esteja a afastar do seu poder fiscalizador.
Em bom rigor é desejável que exista um bom relacionamento institucional entre Presidente e Governo porque a Constituição lhes exige que cooperem e não que se antagonizem como aconteceu por várias vezes ao longo destes quarenta anos com todos os presidentes eleitos.
Todos.
Mas diz a sensatez popular que "tudo que é demais é erro" e a imagem que hoje Marcelo e Costa transmitem pode ter que ser amanhã contrariada pelas responsabilidades que cada um tem de assumir especialmente o Presidente.
Porque Costa abrigar Marcelo da chuva é um gesto pitoresco, simpático, que dá uma boa imagem mas é inócuo em termos políticos concretos.
O problema surgirá no dia  inevitável em que Costa precisar que Marcelo o abrigue das tempestades políticas que mais tarde ou mais cedo surgirão seja por implosão da geringonça seja por descontentamento popular com a inevitável austeridade que aí vem.
E nesse dia Marcelo pode entender que não pode, não deve, não quer sustentar o governo.
Está nas suas competências, no seu entendimento da função, no seu arbítrio.
E a ruptura será mais dolorosa face à proximidade dos tempos que correm.
Por isso, até na defesa da imagem das instituições, entendo que algum comedimento, de parte a parte, não seria pior...
Depois Falamos

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Sr. Luís Cirilo
Compreendo a macieza da sua análise ... Mas o meu comentário não vai ser nada macio.
Trata-se de dois palermóides...

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Nem tanto...mas que andam a fazer tristes figuras lá isso andam