quarta-feira, janeiro 20, 2016

Marcelo ou o Vazio

Faltam,felizmente, dois dias para as eleições presidenciais.
Que deram a Portugal e aos portugueses a campanha mais chata, vazia e inócua de quarenta anos de democracia.
Nem as reeleições de Soares (contra Basílio Horta) e de Sampaio (contra Ferreira do Amaral) foram tão enfadonhas como esta "não campanha" que se arrasta penosamente pelo país face a uma indiferença substancial dos portugueses.
É evidente que a superioridade de Marcelo sobre todos os outros é de tal forma arrasadora, quer nas sondagens,quer no currículo, quer na experiência política que transmite a clara sensação de que tal como a pescada, que" antes de o ser já o era", também ele já está eleito antes de o ser.
O que sendo perigoso na lógica da sua candidatura, porque pode desmobilizar potenciais votantes que achem que não vale a pena votarem por que ele já está eleito, não deixa de ser verdade.
Mas o que preocupa, pelo menos para quem olha para a política com uma preocupação que vai para lá do imediato, é a pobreza das candidaturas que se apresentam a sufrágio e que traduz bem o progressivo empobrecimento da nossa classe política.
Marcelo à parte ( e muito à parte em bom rigor) o que sobra?
Cinco fracos candidatos da área do PS (Belém, Nóvoa, Ferreira, Neto e Vitorino) completamente dividido neste acto eleitoral, o pior candidato da CDU de que me lembro desde Ângelo Veloso, uma candidata do BE ainda "verde" para estas andanças , um candidato com um ego desmesurado e que se acha um paladino de boas causas e outro que faz da originalidade a imagem de marca embora não seja propriamente esse tipo de originalidade que se espera de um candidato presidencial.
Muito pouco e muito pobre.
Portugal teve em 1976/1980/1986/1991/1996/2001/2006/2011 grandes campanhas, candidatos que eram primeiras figuras da política portuguesa, elegeu em cada momento quem lhe pareceu melhor para as funções presidenciais.
Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio, Cavaco Silva.
Os que ganharam.
Mas perderam nomes como Otelo Saraiva de Carvalho, Octávio Pato,Pinheiro de Azevedo, Soares Carneiro,Pires Veloso, Galvão de Melo,Freitas do Amaral, Salgado Zenha, Lurdes Pintassilgo,Carlos Carvalhas,Cavaco Silva(em 1996), Fernando Rosas, Ferreira do Amaral, Mário Soares(em 2006), Manuel Alegre(2006/2011),Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa,Fernando Nobre entre outros.
Nada parecido com o actual panorama de candidatos.
Em que Marcelo é o único ao nível dos anteriores citados e Vitorino Silva, pese embora a simpatia e a genuinidade, é o exemplo acabado de um "não candidato".
São os dois extremos destas presidenciais.
Entre eles...o vazio.
E por isso é importante que Marcelo seja eleito já no próximo domingo.
Portugal não precisa, nem merece, mais um minuto "desta" campanha para lá do estritamente necessário.
E precisa de um Presidente da República competente, culto, experiente, conhecedor dos seus poderes e capaz de exercer funções num espírito de abrangência e conciliação face ás enormes dificuldades do futuro próximo.
E isso só Marcelo garante.
Para lá dele é o vazio!
Depois Falamos

3 comentários:

cards disse...

Caro Luis Cirilo, Henrique Neto tem o apoio da direita mais conservadora.
Dizer que ele veio do PS é o mesmo que dizer que o MRPP já teve um Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

Anónimo disse...

Boa tarde

Começo por dizer que o meu voto será para o Marcelo,posto isso e indo de encontro ao conteudo do seu texto eu diria que o maior concorrente do Marcelo é ele próprio. Que campanha desoladora e vazia ele está a fazer...preocupa-se mais a elogiar o actual governo que a defender as suas convicções,está sempre de acordo com tudo,não contraria ninguém.Garanto-lhe Snr. Cirilo que ao votar estou a engolir um sapo.

J.M.

luis cirilo disse...

Caro cards:
Henrique Neto é militante do PS. Ou era porque não sei se já saiu.
Caro J.M.
Esta campanha está a ser muito fraca é verdade.
Marcelo sabe que os 38% da PAF não chegam e por isso tem de ir buscar votos à esquerda e à abstenção. Daí o tipo de campanha que está a fazer. E em bom rigor não precisa de mais para ganhar. Não há alternativas.