sábado, setembro 06, 2014

Churchill e Chamberlain

Gosto muito de História.
E olho para ela como uma fonte inesgotável de ensinamentos que podem ser úteis em muitas circunstâncias.
O período da II Guerra Mundial é um dos que mais me interessa e sobre ele, e as suas principais figuras, tenho lido incontáveis livros e visto muitos e muitos filmes.
Não só sobre o conflito em si mas também sobre as razões que lhe deram origem.
E não tenho qualquer dúvida que uma das suas principais razões foi a tolerância (para não lhe chamar cobardia) das potências europeias face ao aparecimento e crescimento do nazismo.
E à ânsia de Hitler em vingar o humilhante acordo de paz de 1918 e conquistar novos territórios para uma Alemanha em ressurgimento fazendo tábua rasa dos direitos das nações e dos tratados internacionais.
A tolerância de Reino Unido e França culminou em 1938 com o vergonhoso acordo de Munique que retirou a região dos Sudetas à Checoslováquia para ser entregue numa bandeja de prata a um Hitler que as potências não sabiam ser insaciável.
Vem isto a propósito de uma dicotomia que sempre me fascinou.
A existente entre dois proeminentes vultos do partido conservador inglês, Winston Churchill e Neville Chamberlain, que perfilhando os mesmos ideais e princípios tinham sobre o perigo nazi a mais diferente das posições.
Enquanto Churchill viu o perigo desde o inicio, e sempre o combateu (no Parlamento, nas intervenções públicas e em muitos artigos de opinião) sem tréguas nem tolerância de qualquer espécie porque sabia que o que estava em causa era a sobrevivência das democracias e dos povos perante a barbárie nazi,já Chamberlain teve posição radicalmente diferente.
Preferiu a tolerância, o apaziguamento, o diálogo com Hitler, os apertos de mão a gente que não merecia nenhuma confiança.
E a verdade é que se Churchill travou esse combate desde 1932, quase sozinho no inicio mas com um apoio em crescendo que o levou a primeiro ministro em 1940 quando todos os avisos que tinha feito sobre o nazismo se confirmaram, é igualmente verdade que Chamberlain gozou do apoio de muita gente que acreditava no apaziguamento da "fera" e na solução de todos os problemas pela via do diálogo e dos apertos de mão.
E muitos desses apoiantes, iludidos pela manha do inimigo e pelo parecer que a politica do apaziguamento dava resultado, ainda festejaram o acordo de Munique como um momento histórico que merecia louvores e encómios para todo o sempre.
Infelizmente sem perceberem que há momentos históricos que se não tiveram uma sequência lógica mais não são do que uma ilusão que leva a fins tristes.
Todos sabemos como acabou a divergência Churchill vs Chamberlain.
O segundo demitiu-se de primeiro ministro (viria depois a integrar o gabinete de guerra de Churchill porque percebeu o erro em que lavrara)e o primeiro foi um dos grandes vencedores do conflito e uma das personalidades mais notáveis do século 20.
A História ensina-nos.
Não perceber os seus ensinamentos é um erro que se paga muito caro.
Depois Falamos

6 comentários:

Anónimo disse...

Como todos os líderes do passado, Churchill e Hitler sabiam muito mais do que a História nos ensina. Quando morreram levaram a outra parte que desconhecemos com eles.
Já agora, este seu texto, Sr. Luís Cirilo, é indireta à FPF, à Rússia, a Israel ou ao Estado Islâmico?

Quim Rolhas

luis cirilo disse...

Caro Quim Rolhas:
Digamos que é um texto para ler nas linhas e perceber nas entrelinhas...

Anónimo disse...

Está no seu direito, Sr. Luís Cirilo. Só queria ter a certeza. Mas fiquei na mesma.
No entanto, se me permite a audácia em adivinhar as entrelinhas pelos posts anteriores, eu acrescentaria o seguinte: a história do futebol em Portugal ensina que as coisas más resolvem-se em função das suas grandezas proporcionais.

Quim Rolhas

Pedro disse...

Caro Cirilo,

Chamberlain, hoje acusado de fraco e demasiado tolerante com Hitler, deve ser analisado tendo como pano de fundo um pós-guerra, em que os horrores de uma guerra brutal e até então inimaginável estava muito presente. Tentou evitar um novo conflito, mas, por ironia do destino, acabou por estar indelevelmente ligado à II Grande Guerra. .
E no final da guerra, Sir Churchill, um dos pilares da vitória aliada, perde as eleições para primeiro-ministro. Os ingleses preferiram Attlee. Tudo tem sempre uma explicação, apesar de por vezes determinados acontecimentos nos parecerem incompreensíveis.
Cumprimentos,
Pedro

luis cirilo disse...

Caro Quim Rolhas:
E da vontade em resolver reagindo(como Churchill) e não contemporizando(como Chamberlain).
Caro Pedro:
O mérito de um e demérito de outro foi ter percebido a tempo a natureza da ameaça. E em vez de contemporizar com ela muito para lá do limite razoável combateu-a desde logo

Antonio Carlos da Costa disse...

Não fosse a humildade e paciência de Winston Churchill(quando pediu ajuda e parceria americana ao presidente Roosevelt)de ter assistido por mais de um ano os bombardeios aéreos e covardes dos Alemães, e, ganhou o combate por um triz. E também ter junto com Roosevelt aliar-se a Joseph Stalin teríamos perdido a Guerra e o que seriámos de nós da América do Sul e outros países de Terceiro Mundo?
Stalin foi enganado por Hitler assistindo de camarote as investidas criminosas de Hitler na Europa achando quer o fascínora alemão ia dividir o poder com ele. Em 22 de junho de 1941 os alemães atacaram a bielo-russa salvo engano a fortaleza de Prest sitiando a cidade(assistir ao filme) e outras cidades fazendo mais de 500 mil prisioneiros russos. Stalin que Hitler mentirosamente dizia-se amigo do mesmo o traiu atacando a Rússia para ganhar a guerra pois fracassou, a principio contra os ingleses.

ANTONIO CARLOS DA COSTA

Acarloscosta10@gmail.com