segunda-feira, agosto 11, 2014

Stewart e Cevert

Comecei a interessar-me pela Fórmula 1 no inicio dos anos 70 do século passado.
Quando a grande disputa nas pistas era entre o escocês Jackie Stewart e o brasileiro Emerson Fittipaldi que repartiram entre eles quatro títulos mundiais em quatro anos com Stewart a vencer 1971 e 1973 e Fittipaldi 1972 e 1974 (este já sem o escocês entretanto retirado) dividindo entre eles a simpatia da maioria dos adeptos.
Eu optei claramente por Jackie Stewart ao contrário da maioria dos meus amigos e colegas que eram por Fittipaldi provavelmente por este ser brasileiro.
Eu preferia o piloto escocês.
Porque tinha um estilo de pilotagem que me agradava e porque corria numa equipa (a Tyrrell Ford) com que eu simpatizava quer pelos carros quer pela personalidade muito própria de Ken Tyrrell o seu proprietário.
Recordarei sempre como uma das melhores corridas que vi (em centenas) o GP do Mónaco de 1973, ganho por Stewart e com Fittipaldi em segundo, em que os dois travaram uma batalha épica e leal pelo primeiro lugar que o escocês conseguiu ao longo de mais de vinte voltas defender com o brasileiro sempre colado aos seus tubos de escape.
Uma corrida fantástica.
Mas havia outra razão para gostar da Tyrrel.
Tinha como segundo piloto o francês François Cevert que segundo os entendidos formou com Stewart a melhor dupla de sempre numa equipa de Fórmula 1 tal a forma perfeita como se entendiam nas pistas ( e fora delas) e a lealdade com que cada um interpretava o respectivo papel.
Em três anos Cevert ganhou uma corrida.
Uma!
Quando podia ter ganho várias outras mas não o fez (por exemplo GP da Alemanha em 1973 em que o seu carro estava bem melhor que o do "chefe" mas se limitou a ser segundo para não prejudicar a posição deste na liderança do campeonato) porque a prioridade da equipa era sempre Stewart e a sua luta pelo titulo.
A fotografia de corrida que encima este texto reproduz uma "cena" habitual nesse ano de 1973 (e nos dois anteriores) com Cevert a seguir Stewart e a ser um verdadeiro "escudeiro" do seu colega de equipa.
Quando se pensa no que veio depois, em termos de convivência nas respectivas equipas, como pilotos como Senna, Prost, Mansell, Piquet, a relação na Tyrrell era de facto de outro mundo.
E eu era fã dos dois.
Primeiro de Stewart e depois de Cevert.
Afinal a ordem dentro da própria equipa.
Com a prevista retirada de Jackie Stewart no final do campeonato de 1973 tudo apontava para que François Cevert, promovido a primeiro piloto da Tyrrel, pudesse soltar todo o seu talento e ser também ele candidato a campeão do mundo.
O destino não quis.
Cévert morreu num brutal acidente nos treinos para o GP dos Estados Unidos em Watkins Glenn, ultima prova de 1973, o que levou a que a equipa Tyrrel não disputasse a prova e Stewart terminasse a carreira um grande prémio antes do previsto.
Com três titulos mundiais em apenas 99 corridas.
A equipa Tyrrel nunca mais foi a mesma depois desse trágico dia.
E o meu interesse pela Fórmula 1 só voltou a ser o mesmo no final dos anos 80 com o surgimento de um brasileiro chamado Ayrton Senna .
Depois Falamos

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