quarta-feira, dezembro 31, 2014

Os Apanha Bolas

Num futebol altamente profissionalizado como o de hoje, em que todos os detalhes contam, tem de se levar a exigência e a especialização a tudo que o envolve mesmo aquilo que para alguns pareça pouco importante ou relevante.
Como é o caso dos apanha bolas e da influência que podem e devem ter num jogo.
Conto a propósito uma pequena história.
Trinta anos atrás, a convite de Lourenço Alves Pinto e José Eduardo Guimarães, colaborava no extinto jornal "Vitória" orgão oficial do clube.
Fui num determinado dia incumbido de fazer a crónica de um jogo do Vitória (já não me lembro com quem nem interessa para o caso) na qual expressei um apontamento critico face à ineficácia dos apanha bolas no nosso estádio e a forma como não ajudavam a equipa.
Quase caiu "o Carmo e a Trindade" na direcção do clube por ter sido publicada uma critica no jornal ao sector de organização de jogos e implicitamente ao critério de escolha dos apanha bolas.
Passados trinta anos nada mudou e nada melhorou nesse aspecto.
Continuam a escolher-se para apanha bolas crianças (algumas mal podem com a bola), sem a noção do que é o jogo a que dão assistência e sem defenderem os interesses da equipa do Vitória.
E o que é defender esses interesses?
Não é, certamente, replicar o que acontece noutros estádios deste país em que quando a equipa da casa está a ganhar os apanha bolas desaparecem de forma misteriosa.
Isso é aldrabice e falta de respeito pelos espectadores.
É algo bem diferente.
E que passa por duas ideias base.
Uma serem ensinados a entregarem a bola rapidamente para os lançamentos de linha lateral em vez de ficarem a olhar uns para os outros como ás vezes acontece.
A outra,fundamental, é assumirem um papel importante no combate ao anti jogo das equipas que nos visitam e que tem nos seus guarda redes uma expressão determinante.
Todos sabemos que a esmagadora maioria das equipas que vem a Guimarães, e quando o resultado lhes está de feição, praticam quanto anti jogo podem no sentido de ganharem tempo e enervarem a equipa da casa.
Nos pontapés de baliza então é um exagero.
Porem(se os apanha bolas forem devidamente ensinados) basta que quando a bola saia a linha de fundo,e a sinaléctica do árbitro indicar pontapé de baliza, atirem imediatamente uma bola para junto do guarda redes para os impedirem de darem os longos passeios de que tanto gostam para irem buscar a bola o mais longe possível.
Com a bola junto dele, mais a pressão que vem das bancadas, o guarda redes outro remédio não terá que ser mais célere na reposição em jogo sob pena de sanção disciplinar.
E com isso se ganham segundos (que no fim do jogo são minutos) para o Vitória poder dar a volta a resultados que não lhe agradem.
Tal como disse no inicio deste texto todos os detalhes contam num desporto em que a diferença entre bons e maus resultados depende,muitas vezes, de ...detalhes.
E quando esses detalhes dependem apenas de nós é uma pena continuarem a estar por resolver.
Depois Falamos

P.S. Poupando o trabalho a alguns comentadores direi o seguinte.
Quando estive na direcção do Vitória é verdade que esta situação não se modificou.
Mas há duas coisas que devem ser ditas:
Não me competia a mim a organização de jogos incluindo a escolha dos apanha bolas.
E quando percebi que nada estava a ser feito para melhorar esse detalhe decidi implementar medidas quanto ao mesmo que só não foram avante(em colaboração com os responsáveis do sector porque nunca fui daqueles que gosta de se meter em áreas que não lhe dizem respeito) dada a minha saída da direcção.
E que passavam por, com o apoio do futebol juvenil, passar a ter como apanha bolas atletas dos escalões de formação entre os 12 e os 14 anos que teriam a enorme vantagem de sendo jogadores conhecerem as regras do jogo e poderem interpretar muito melhor as instruções quanto ao que deviam fazer.
Grandes nomes do futebol, como Cruyff e Guardiola respectivamente no Ajax e no Barcelona, começaram como apanha bolas e não consta que isso lhes tenha prejudicados as carreiras como jogadores.

As Cartinhas

Exactamente no mesmo dia em que um dos advogados de Sócrates se queixava (com razão) de violações do segredo de justiça porque os jornais sabiam antes dos representantes legais do detido de determinadas decisões o Jornal de Notícias divulgava o teor de cartas trocadas entre Sócrates e Mário Soares.
É um paradoxo?
Nem por isso.
Porque nada obriga a que duas pessoas que se correspondem mantenham reserva sobre o teor da correspondência enquanto decisões judiciais dizem respeito em primeiro lugar (e pode nem haver segundo como é evidente) aos intervenientes do processo.
Agora a divulgação feita pelo JN vem é provar uma coisa que mostra bem a gigantesca manipulação que figuras do PS procuram fazer em volta do detido e com ela pressionar de forma completamente inaceitável a Justiça.
Porque essas ternas cartinhas, entre dois ex lideres do PS, afinal não eram para um mostrar solidariedade e o outro agradecer a mesma como os mais bem intencionados poderiam pensar.
São apenas peças de uma campanha montada por uma qualquer agência de comunicação (eu até desconfio qual...) contratada para indignar a opinião pública contra a detenção do arguido e pressionar a Justiça para o libertar o mais depressa possível.
É este o conceito que figuras gradas do PS, a começar pelos dois da fotografia, tem da separação de poderes e da independência da Justiça.
Lamentável.
Mas que não admira.
Porque Soares já não distingue o certo do errado há muito tempo e Sócrates,em boa verdade, nunca distinguiu!
O problema já nem está, contudo, neles que politicamente já não contam para nada.
Está é naqueles que no PS de revêem e apoiam estas manobras e que sendo alternativa politica ao actual governo levariam para a governação (se fossem eleitos) estes conceitos e estas práticas.
E disso já tivemos que bastasse nos tempos do recluso 44 do estabelecimento prisional de Évora.
Depois Falamos.

Imagens do Vitória-Sporting












Ovelhas


Rua Gil Vicente, Guimarães


terça-feira, dezembro 30, 2014

O Nosso 14

Enquanto o adversário,pelo menos nas palavras, desvalorizou a competição o Vitória encarou-a como um objectivo para esta época e no discurso de Rui Vitória percebeu-se a ambição de ir longe na mesma.
Por isso alguma estranheza na solução "híbrida" apresentada com uma mistura entre habituais titulares , um habitual suplente e dois jogadores que tem feito grande parte da época na equipa B.
Não se pode dizer, em boa verdade, que a solução tenha tido grande sucesso.
Porque a equipa não se entendeu com as soluções atacantes (excepção feita a Hernâni) e deu-se meia parte de avanço ao adversário que acabou por nos ser fatal.
Individualmente:
Douglas: Sem culpa nos golos registou duas boas defesas em dois remates do adversário.
Plange: A atacar ainda se viu mas a defender não é solução.
Josué: Mais uma excelente exibição de um jogador que ganhou o estatuto de titular.
João Afonso: Batido por Heldon no lance do golo fez um jogo sem mácula com alguns cortes providenciais no segundo período.
Traoré: Uma das melhores exibições da equipa. Um lateral de grande categoria.
Cafu: Melhor na segunda parte que na primeira parece um jogador algo "preso" em termos tácticos.
André: Mais uma grande exibição. É um regalo vê-lo jogar.
Bernard: Nada a acrescentar ao escrito nas ultimas semanas. A não ser que a situação se agrava.
Hernâni: O mais perigoso dos avançados do Vitória fez algumas belas jogadas. Depois caiu num individualismo que não é solução. Muito castigado com faltas pela defesa leonina.
Ricardo: Muito esforço mas pouca produtividade. Continuo com dificuldade em perceber a posição em que pode ser mais útil.
Gui: Não aproveitou a oportunidade. Neste momento não me parece que possa ambicionar ser opção na equipa A.
Alex: Uma boa entrada em jogo com claro beneficio para a equipa. Dos melhores vitorianos na noite de ontem.
Tomané: Naqueles empolgantes vinte minutos iniciais da segunda parte não estava em campo. E podia ter feito a diferença nessa altura. Quando entrou ainda trouxe alguma qualidade ás movimentações ofensivas mas sem resultado.
Nassim: Dez minutos a deixarem boas indicações.
Assis, Bruno Gaspar, Moreno e Crivellaro não foram utilizados.
Depois Falamos.

P.S. Este grupo precisa urgentemente de ser reforçado.
Mas não com jogadores emprestados por clubes com quem disputamos competições.
Somos demasiado grandes para sermos "barriga de aluguer".

Há que Xurdir !

Vamos ao essencial.
Uma equipa que faz trinta cruzamentos, dezassete remates à baliza, que tem quase 60% de posse de bola e que é massacrada com faltas pelo adversário (22 contra 8) não pode ser considerada uma equipa em crise ou com falta de fio de jogo.
É verdade que o Vitória fez uma primeira parte quase decepcionante, em que apenas os raides de Hernâni entusiasmaram o publico, mas mesmo assim o adversário apenas fez um remate em 45 minutos.
Que para azar de uns e sorte de outros deu golo.
Mas na segunda parte a equipa, fruto das correcções introduzida por Rui Vitória, fez 20/25 minutos de alto nível em que "sufocou" o adversário mal o deixando sair do meio campo e criando vários lances de golo iminente que não se concretizaram.
E o problema reside exactamente aí.
Uma brutal ineficácia ofensiva (quarto jogo consecutivo sem marcar) que exige uma resposta imediata ao nível de gestão desportiva do plantel.
Mais do que continuar-se com o discurso (absolutamente destrutivo) da necessidade de vender é preciso agir no sentido contrário e contratar, já , alguém que ajude a equipa a fazer golos.
Não se está a por em causa Tomané e Álvez que fique claro.
O jovem português é um excelente jogador, que faz golos, mas não é um homem de área e o uruguaio é-o mas é um só e precisa de uma alternativa.
Ou de um complemento para jogos,como o de ontem, em que adversários que jogam fechados e com "autocarros" em frente à baliza "exigem" mais poder de "fogo" na área.
E por isso o Vitória tem de reforçar essa posição especifica.
Até porque Areias (em que acredito piamente como goleador) parece não ser opção imediata para o treinador porque se o fosse teria sido chamado para o jogo de ontem.
Saudando-se as contratações de Kanu e Dénis Duarte (centrais que vem para a equipa A e B) que são soluções para o imediato e para o futuro e a de Ricardo Valente (avançado que vem para as duas equipas) percebe-se que é preciso mais alguém.
Que marque golos.
Depois Falamos.

Ilhas Hébridas, Escócia


Lendas da B.D. - Quarteto Fantástico


segunda-feira, dezembro 29, 2014

Uma Taça Menor

Este fim de semana começou a fase de grupos da taça da liga que levará ao apuramento de quatro equipas para as meias finais da prova.
É uma competição relativamente recente, que ainda não granjeou a simpatia das generalidade dos adeptos e que por isso merece uma atenção "distraída" da maioria deles.
São varias as razões que justificam isso.
Desde logo um regulamento absurdo, feito à medida de três clubes e que institucionaliza a existência de filhos e enteados, de clubes que tem privilégios em relação a outros.
Depois tem sido ganha quase sempre pelo mesmo, não por acaso o "filho dilecto", e isso contribui para o desinteresse da competição dada a previsibilidade da mesma.
Finalmente a taça da liga dá uma...taça, um prémio monetário e nada mais o que lhe retira o interesse que teria se o seu vencedor,por exemplo, fosse apurado para a Liga Europa como acontece nalgumas congéneres europeias.
Mas seja como for existe e tem de ser jogada.
Vitória e Sporting defrontam-se hoje, no pontapé de saída do seu grupo de cinco equipas (outra aberração a existência de dois grupos de quatro e dois de cinco equipas), num jogo marcado por alguns factores recentes.
O robusto triunfo do Vitória no jogo de campeonato disputado semanas atrás.
A habitual telenovela natalícia dos leões ( é um clube com um Natal tradicionalmente "animado"...)com a originalidade de o treinador ter sido dispensado pelo presidente mas sem formalização da dispensa pelo que até ao fim do jogo será treinador do SCP e depois logo se vê...
A convocatória por Marco Silva de todos os jogadores contratados pelo presidente (alguns deles em primeira convocatória!) naquilo que será um verdadeiro teste à sua qualidade.
A ridícula decisão anunciada em comunicado pelo SCP de que não venderia bilhetes para o jogo por causa de uns incidentes ocorridos fora do estádio (e que nada tiveram a ver com o jogo nem com adeptos do Vitória) numa anterior deslocação a Guimarães.
O folhetim jornalistico (só em Portugal e nesta imprensa "lambe botas" a 3 clubes isso seria possível)sobre a não ida do presidente no autocarro da equipa como se isso tivesse algum interesse .
E finalmente a decisão anunciada pelo SCP de que na taça da liga alinharia com suplentes e jogadores da B como forma de contestar o regulamento da prova.
Uma coisa é certa.
Com todas estas nuances uma coisa é certa:
Vitória e Sporting vão jogar hoje no estádio D.Afonso Henriques.
E quem vai jogar são...Vitória e Sporting.
O que equivale a dizer que seja qual for o resultado será o resultado de um jogo entre...Vitória e Sporting.
E sei bem porque escrevo isto.
É que se o Vitória voltar a ganhar, como se espera, não faltarão jornaleiros e paineleiros a justificarem a derrota do SCP com alguns dos factores atrás enunciados nomeadamente a decisão leonina de jogar com uns e não com outros jogadores.
Problema deles.
Porque o Vitória entrará em campo com respeito pela prova que disputa, pelos espectadores que pagam bilhete, e com a ambição natural de ir o mais longe possível na competição.
Depois Falamos

Castelo de Bragança


Keith Richards


Pica Pau


sexta-feira, dezembro 26, 2014

Sugestão de Leitura

Aproveitei o dia de Natal para ler tranquilamente este livro de Rui Vitória.
Que como se sabe tem como actividade profissional o ser treinador de futebol mas revela neste livro talento para a escrita pelo que nem me admirará que no futuro volte a escrever sobre temas desportivos ou de outro género.
É um livro interessante, bem escrito, numa linguagem acessiva e escorreita no qual o autor adapta alguns dos princípios da "Arte daGuerra" de Sun Tzu à profissão de treinador e à preparação de uma equipa em todas as vertentes que isso implica.
Que são muitas, e muito mais complexas, do que ás vezes se pensa.
A escolha dos jogadores, a importância de uma equipa técnica coesa (os seus "oficiais" chama-lhes RV), a análise dos adversários, a envolvência do clube desde os adeptos ao meio em que está inserido, as conferências de imprensa, a arte de "enganar" o colega que treina a equipa adversária, a importância dos líderes de balneário, os sistemas tácticos, a formação da equipa e a importância da pré temporada na sua coesão, o valor dos dados estatísticos, as mensagens que são importantes passar no curto intervalo dos jogos, enfim todo uma gama de ideias e conceitos que tornam a leitura fascinante para quem gosta do futebol para lá dos 90 minutos de cada jogo.
Muito gira também a forma como Rui Vitória explica a preparação, com detalhes curiosos, da final do Jamor em que o Vitória começou a ganhar o jogo no timing da chegada ao estádio.
Li, gostei imenso, recomendo vivamente.
Depois Falamos. 

Excelente Programa

Fujo cada vez mais dos programas de debate politico e desportivo que as nossas televisões transmitem diariamente.
Pela simples razão de já não ter a mínima paciência para os comentadores que por lá param e pelo facciosismo da maioria dos comentários.
No caso dos desportivos, e pese embora ser amigo de alguns comentadores (Rui Gomes da Silva, Manuel Serrão ou Fernando Seara a titulo de exemplo), não vejo programas em que uma parte do país desportivo é ostensivamente ignorado em detrimento dos três clubes do regime.
No caso politico prefiro ver programas de comentário como os de Marcelo Rebelo de Sousa (vejo quase sempre), Nuno Morais Sarmento, Francisco Louçã ou Marques Mendes do que debates propriamente ditos porque a forma como eles decorrem é na maior parte das vezes insuportável pela falta de respeito com que os presentes se interrompem de forma constante sem deixarem acabar uma frase ou raciocínio.
Para além do referido facciosismo.
Mas de há semanas a esta parte há na Sic-N um programa verdadeiramente exemplar e que vejo sempre que posso.
Moderado por Ana Lourenço tem frente a frente Pedro Santana Lopes e António Vitorino.
E está para os outros debates televisivos como um jogo da Liga dos Campeões para um da nossa II liga!
Dois políticos inteligentes, cultos, com fair play democrático e excelente sentido de humor, fazem do debate uma conversa de alto nível em que defendem as suas posições com elegância, divergem sem acinte e convergem sem problemas quando disso é caso.
Um excelente programa.
E um belo exemplo do que é debater em democracia.
Depois Falamos

Comboio, Índia

Foto: National Geographic

Lagarto


O Pirómano

Ao contrário do que alguns possam pensar não tenho rigorosamente nada contra nenhum clube.
Nenhum!
Tenho respeito por todos embora naturalmente goste menos de uns do que de outros por razões de rivalidade, de história e de outros factores.
Já o mesmo não posso dizer dos dirigentes de alguns clubes porque aí há alguns de que não gosto mesmo nada e que do meu ponto de vista, parcial como é evidente, andam a mais no futebol e estragam mais do que constroem.
É o caso do actual presidente do Sporting.
Que chegou à cadeira que outrora foi do visconde de Alvalade, e onde ao longo dos anos se sentaram grandes presidentes (embora outros nem tanto assim...), com um discurso renovador e que prometia ser um factor de mudança num futebol que precisa largamente de enormes mudanças.
Mas depressa se instalou a desilusão.
É mais do mesmo.
Para pior.
Egocêntrico,demagogo, vaidoso, ditatorial, convencido que é o supra suma do dirigismo desportivo, propenso a confundir a instituição com ele próprio, depressa se revelou mais um perigoso pirómano disposto a pegar fogo a tudo que possa arder.
No clube é o que se sabe.
Em dezoito meses já despediu dois treinadores (o terceiro está por um fio), já "comprou" barulho com o balneário todo,ameaçou jogadores com processos disciplinares(correu-lhe muito mal com Nani ao que se sabe) hostilizou grande figuras do clube como Manuel Fernandes, exibe-se nas vitórias e esconde-se nas derrotas, comunica com os jogadores por facebook e entrou numa lógica ridícula de conferências de imprensa quase diárias em que o único fito é glorificar-se a ele próprio.
Na Liga, para além de ter votado em Mário Figueiredo naquele simulacro de eleições de que a esmagadora maioria dos clubes se afastaram, apoiou-o até ao fim naquela que foi a pior liderança da Liga de todos os tempos.
Chamado a ajudar a consertar o desastre, como fizeram quase todos os outros clubes, não apareceu e fez-se representar por" peões de brega" (é a tal questão de gostar ou não de dizer as coisas na cara a que se referia acertadamente Marco Silva)que se limitaram a transmitir a discordância do "dono" mas sem apresentarem uma única alternativa que ajudasse a resolver problemas.
Agora, talvez influenciado pela quadra natalícia, resolveu arranjar mais um número de circo com a não venda de bilhetes a adeptos do clube para o jogo da taça da liga na próxima 2ªfeira.
Usando uma argumentação ridícula, descabida, e que apenas demonstra o desnorte que vai naquela cabeça e a demagogia em que se sustenta toda a sua acção enquanto presidente de uma instituição que merecia muito melhor.
Não é difícil prever que o seu fim (pode enganar muita gente durante muito tempo mas não engana toda a gente sempre) será mais ou menos idêntico ao do seu célebre antecessor Jorge Gonçalves conhecido como o "bigodes".
Mas esse,ao menos, tinha alguma piada.
Este é simplesmente ridículo.
Depois Falamos

segunda-feira, dezembro 22, 2014

O Sucessor Desejável

O PSD/Madeira sempre foi um bastião eleitoral debaixo da liderança de Alberto João Jardim ao ponto de em quase quarenta anos de governo terem obtido mais de quarenta vitória eleitorais em todo o tipo de eleições.
E por isso acompanho com natural curiosidade o processo que vai levar à substituição de AJJ na liderança do partido e, espera-se, do governo lá para 2015.
Considero um mau indicio o aparecimento de seis candidaturas ao lugar.
Porque se por um lado traduzem a vitalidade do PSD/M por outro demonstram profundas divisões entre pessoas e projectos que com a excepção de Miguel Albuquerque estiveram sempre em volta do actual líder regional.
E acho, mera opinião de quem vê de longe, que devia ter sido feito (não sei se foi tentado) um esforço em ordem à sucessão de AJJ ter sido mais consensual, menos conflitiva, mais convergente no esforço para ganharem as regionais de 2015.
Mas as coisas são o que são.
Foram seis candidatos a votos e como nenhum obteve a maioria absoluta terá de ser disputada uma segunda volta entre Miguel Albuquerque (que com mais de 47% dos votos quase arrumou a questão)e Manuel António Correia(28%) os dois candidatos mais bem posicionados.
Os outros tiveram ,à excepção do vice presidente do governo regional Cunha e Silva (cerca de 15%),votações residuais na qual se realça o resultado ridículo (0,7%) de Jaime Ramos um dos mais poderosos dirigentes do partido durante décadas.
Agora na segunda volta vai haver,como é normal, o realinhar de posições e votos em torno dos dois candidatos sendo para mim claro que a estrutura de poder em volta de AJJ (com maior ou menor participação do próximo logo se verá)apoiará Manuel A. Correia enquanto as bases estarão maioritariamente com Miguel Albuquerque.
Que, aliás, quase derrotou AJJ quando se candidatou contra ele em 2012.
Penso, à distância, que o melhor para o PSD/M é a vitória de Miguel Albuquerque.
Que foi um excelente presidente de câmara do Funchal , tem uma boa imagem pública e o necessário distanciamento destes últimos anos de Jardim para assegurar uma evolução por caminho próprio sem necessidade de fazer uma revolução.
Veremos o que decidem os militantes madeirenses.
Na certeza que depois de ter vendido a primeira volta em dez das onze concelhias muito dificilmente a vitória escapará a Miguel Albuquerque.
Mas...
Depois Falamos

Lendas da B.D. - Mandrake


Mangusto Dourado


domingo, dezembro 21, 2014

O Nosso 14

O talento continua lá.
O trabalho da equipa técnica, o empenho e o esforço dos jogadores são realidades inegáveis.
A excelente temporada que esta uma vez mais reconstruída equipa vem fazendo não é posta em causa por uma derrota tangencial.
Mas é inegável que há um momento menos bom, alguns abaixamentos de forma, um desgaste físico e uma fragilidade nalgumas posições que não é de hoje.
E isso tem de ser ponderado nesta altura da época.
Porque reforçar rima com ganhar enquanto vender rima com comprometer!
Individualmente:
Assis: Mais uma excelente exibição retardando o golo estorilista com várias excelentes defesas. Por muito que isso desagrade a alguns "profetas da desgraça" continua a merecer a titularidade.
Bruno Gaspar: Um regresso positivo num jogo em que Kuka lhe deu muito trabalho. Também por isso foi menos ofensivo do que lhe é habitual.
Josué: A melhor exibição do quarteto defensivo. Sereno e autoritário na sua zona de acção.
João Afonso: Uma noite dificil face à qualidade de Kleber. No lance do golo tem clara responsabilidade na forma como o estorilista apareceu sozinho a rematar.
Traoré: Uma exibição apenas regular. A defender não comprometeu e a atacar não desequilibrou.
Cafu: Cumpriu sem problemas de maior. Ainda assim foi dos que mais sentiu o desacerto da equipa porque teve vários "fogos" para apagar. Mas não foi por ele que perdemos.
André: Tem a grande vantagem de não saber jogar mal. Mas também não foi das suas noites mais assertivas. Ainda assim foi dos mais inconformados como deve ser timbre de um verdadeiro capitão.
Bernard: Não vou repetir o que nas ultimas semanas tenho escrito sobre este jovem talento. Direi apenas que na Amoreira foi não só o mais discreto dos vitorianos como fez a mais discreta exibição desta época.
Hernâni:O pouco que a equipa fez ofensivamente foi ele que fez. Rematou por duas vezes, cruzou,driblou,tentou levar a equipa para a frente. Está com demasiado peso em cima dos ombros.
Tomané:Outro jogo de sacrifício do jovem avançado. Lutou, segurou bolas, aguentou cargas e tentou rematar. Mas estava "Sozinho em Casa" tal como o filme muito visto nesta época natalícia. Quando saiu a equipa ficou sem qualquer referência na área.
Alex: Não fez um grande jogo mas com a bola nos pés sabe sempre o que está a fazer. Não percebi a sua saída. Teria feito,eventualmente, mais sentido ser Bernard a sair.
Bruno Alves: Uma substituição fácil de entender. Com as coisas a não correrem bem Rui Vitória quis mais posse de bola, mais segurança defensiva e mais acerto nas marcações a meio campo. E Bruno cumpriu. Teve uma boa oportunidade de golo mas atirou ao lado.
Ricardo Gomes: Substituiu Tomané mas passou ao lado do jogo.
Crivellaro: Ultima opção de RV entrou a oito minutos do fim numa tentativa derradeira de chegar ao empate. Não teve oportunidade, nem tempo, de ser influente no jogo.
Douglas, Plange, Moreno e Caiado não foram utilizados.
Depois Falamos.

Imagens Estoril-Vitória












Castelo de Alvito


Porco Espinho

Foto: www.nationalgeographic.com

sábado, dezembro 20, 2014

Uma Derrota Justa

Foto: Record
Serenamente há três comentários a fazer.
O primeiro para reconhecer que o Estoril ganhou com inteira justiça e a expressão do resultado até podia ter sido pior para as cores vitorianas face ao conjunto de oportunidades que a equipa estorilista criou junto da nossa baliza.
O segundo para realçar que estar em terceiro lugar nesta altura da Liga , com apenas duas derrotas, continua a ser excelente e foi este grupo de trabalho que o conseguiu.
Se os aplaudimos entusiasticamente quando ganham temos também de ser compreensivos quando as coisas não correm bem até porque sete titulares de hoje jogavam o ano passado no CNS. E a experiência não se compra na farmácia.
A terceira, pedagogicamente,é que é preciso ter cuidado com alguns discursos.
Muitos são jovens, estão a acabar a formação como jogadores e como homens, e a permanente oferta que deles é feita na praça pública (ainda por cima dando-lhes o estatuto de "pérolas quando são talentos mas ainda não confirmados na totalidade) pode contribuir para os destabilizar e por a pensar noutras coisas que não o que é a sua obrigação que é estarem totalmente concentrados no Vitória.
É humanamente compreensível que queiram dar o "salto"para outras realidades, nomeadamente financeiras, mas não devem ser instigados a isso pelo próprio clube que representam.
Acho que nessa matéria as sensatas declarações que Rui Vitória vem fazendo deviam ser escutadas com mais atenção.
Quanto ao jogo propriamente dito terá constituído uma das piores exibições do Vitória nesta época.
Menos seguro a defender do que é habitual, pouco dominador no meio campo e com uma absoluta falta de poder de "fogo" no ataque que se traduziu num remate em toda a primeira parte e em dois na segunda e sem perigo especial.
Olhando para os dezoito convocados percebia-se que se as coisas corressem normalmente daria para ganhar, ou segurar um empate, mas dificilmente permitiria dar a volta a um jogo que corresse mal ou em que nos víssemos em desvantagem conforme aconteceu.
Aquando da dupla substituição, em que me pareceu que RV já estaria a tentar segurar o empate porque terá percebido que não dava para mais, ficou-se com a sensação de que se o Estoril chegasse à vantagem o jogo estaria resolvido porque ao trocar Tomané por Ricardo Gomes a equipa ficou sem ter no banco alguém que pudesse reforçar o centro do ataque numa emergência.
Como veio a acontecer.
Mérito ao Estoril, que o teve e muito, senhor de uma equipa com alguns jogadores interessantes como Kleber, Kuka, Tozé ou Diogo Amado e esperança que a paragem da Liga dê para a equipa vitoriana regressar em Janeiro revigorada e reforçada com as aquisições já feitas e com a recuperação dos lesionados.
Gostei do trabalho do árbitro Tiago Martins.
Em cima das jogadas, com critério uniforme, decidiu bem os lances mais polémicos.
Depois Falamos

P.S. Um pequeno reparo. Sem Álvez estava convencido que RV voltaria a chamar o ponta de lança Areias. Porque oferece, na área, soluções diferentes das de Ricardo e Caiado os dois avançados que estavam no banco.

Aqui Nasceu Portugal


sexta-feira, dezembro 19, 2014

Um Erro

Há coisas que não são seguramente feitas por mal.
Mas revelam falta de ponderação, de sensibilidade, de conhecimento do que é o equilíbrio das coisas e do que deve ser a gestão de um grupo de trabalho com a complexidade  inerente ao futebol profissional.
O Vitória levou a cabo, e muito bem, a sua 1ª Gala (primeira e não quinta ou vigésima segunda) durante a qual atribuiu a diversas personalidades do clube os "Prémio Conquistador" em quatro categorias distintas:
Mérito Desportivo, Dedicação, Reconhecimento e Fidelidade.
Confesso que quando soube os nomes dos distinguidos "arrepiei-me" ao ver que deles não constava Rui Vitória.
Porque se tratava da primeira primeira gala era absolutamente imperioso reconhecer o notável trabalho que este treinador,e cidadão que tão bem absorveu os nossos valores e a nossa cultura vitoriana, tem vindo ao longos dos últimos quatro anos a desenvolver no nosso clube e atribuir-lhe um dos prémios.
E ele "cabia" em qualquer das categorias.
Mérito desportivo pela conquista da Taça de Portugal (recordo que foi a primeira Gala pós Jamor pelo que não haverá segunda oportunidade) na mais bela tarde vitoriana.
Dedicação pela forma abnegada como tem ultrapassado problemas e contrariedades sempre pondo o clube em primeiro lugar e sem atitudes de azedume ou contrariedade.
Reconhecimento pela forma extraordinária como tem sabido lançar jovens futebolistas, apostar na formação e criar possibilidades de negócios essenciais à subsistência do clube.
Fidelidade porque ao longo dos anos tem permanecido fiel ao projecto, ao clube e resistido a tentativas de ir para outras paragens onde ganharia mais dinheiro e teria menos problemas.
Cabia em qualquer das categorias.
A verdade é que não foi premiado em nenhuma.
Ao mesmo tempo que outros treinadores de futebol do clube eram alvo de reconhecimento por feitos que com todo o respeito (nomeadamente pelo Tozé Mendes que liderou a equipa campeã nacional de juvenis) não tem a dimensão nem a importância do triunfo na taça de Portugal.
Há erros importantes que eram perfeitamente escusados.
E cuja dimensão efectiva só o futuro permitirá avaliar devidamente.
É pena.
Depois Falamos.

P.S. Não estou de acordo com Rui Vitória em todas as suas opções (lá está, em cada um de nós há um bocadinho de treinador) mas daí à ingratidão que seria não reconhecer o mérito e a valia do seu trabalho há uma distância que nunca transporei.