segunda-feira, junho 10, 2013

O Arnaldo

Os da minha geração, e naturalmente os mais velhos, lembrar-se-ão bem deste excelente jogador que nas décadas de 60 e 70 brilhou no futebol português.
Essencialmente nos dois clubes do Barreiro: A Cuf e depois o Barreirense.
No tempo em que o Grupo Desportivo da Cuf era um clube/empresa ,no qual a esmagadora maioria dos jogadores eram em simultâneo funcionários da Companhia União Fabril (ganhavam menos como jogadores mas tinham o futuro assegurado), tinha sempre equipas de boa qualidade que faziam campeonatos tranquilos e até conseguiram apuramentos para as provas europeias.
Vários deles fizeram carreira no futebol português a nível de clubes de topo como foram os casos , por exemplo, de Manuel Fernandes, Vitor Pereira ou Conhé.
Mas um se destacou anos a fio pela qualidade do futebol praticado.
Chamava-se Arnaldo, jogava do meio campo para a frente, e notabilizava-se por ser o verdadeiro "motor" da equipa jogando e fazendo jogar, assistindo para golo e marcando ele próprio muitos golos.
Era sempre um dos melhores jogadores do campeonato, obtinha sempre excelentes classificações nos prémios individuais mas nunca era chamado á selecção.
O que era escandaloso face á valia do jogador mas se explicava pelo facto de a equipa nacional ser uma "coutada" de Benfica e Sporting onde dificilmente qualquer outro clube, com a excepção do Porto de vez em quando,conseguia colocar jogadores.
Digamos que era a "gestifutice" desses tempos.
Mas um dia, perante a surpresa primeiro e a galhofa depois, o Arnaldo lá foi chamado á selecção!
Já com trinta e tal anos foi chamado á selecção de ...Esperanças!
Num tempo em que essas selecções eram constituidas por jogadores com menos de 23 anos mas onde podiam jogar dois mais velhos sem limite de idade.
E o Arnaldo lá foi internacional.
Não na selecção que merecia ( a A), não no tempo da sua carreira em que mais o merecia, mas foi internacional.
Conto esta história de ridicula discriminação de um grande jogador só porque jogava na Cuf e não nos "donos da bola" porque me lembro irresistivelmente do Arnaldo cada vez que assisto ás convocatórias de Paulo Bento e ao seu cortejo de "horrores".
Onde os "Arnaldos" de agora continuam a ser discriminados em proveito daqueles que peretencem á empresa do "dono da bola".
E depois admiram-se de o público se estar outra vez a afastar da selecção.
Depois Falamos

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