terça-feira, dezembro 01, 2009

O Julgamento Final


Os políticos,nomeadamente os que ocupam cargos de grande responsabilidade/visibilidade tem de ter a consciência de que estão permanentemente sujeitos a escrutínios vários.
Da opinião publica, da comunicação social, dos eleitores e outros mais.
E devem ter presente que esses escrutinios sendo variáveis,pendentes de factores diversos, de conjunturas voláteis tem contudo um denominador comum:
Contribuem para o escrutínio definitivo, o da História !
E se por si só cada um deles vale pouco a verdade é que todos juntos contribuem decisivamente para a imagem com que os vindouros avaliarão os políticos de determinada geração.
E a isso não há como fugir.
Porque sendo certo que todos os políticos tem virtudes e defeitos, acertos e erros no desempenho de funções, é igualmente certo que é pelos momentos mais marcantes do seu desempenho que serão recordados na posteridade.
Sejam bons ou maus.
Salazar será recordado pela longa ditadura que protagonizou, Mário Soares por ter combatido os totalitarismos antes e depois do 25 de Abril, Sá Carneiro pela defesa do estado de direito e fim das tutelas militares,Cavaco Silva pelas reformas estruturais.
António Guterres pelo "diálogo" e pelo pântano, Durão Barroso pela saída repentina para Bruxelas, Pedro Santana Lopes pela inédita dissolução de um Parlamento com uma maioria estável.
Apenas para citar políticos portugueses.
Todos eles,excepto Salazar por razões óbvias,perderam e ganharam eleições.
Dentro e fora dos seus partidos.
Ou seja a opinião dos eleitorados mudou quando entendeu que devia mudar e a avaliação a que foram permanentemente sujeitos foi também ela variável.
José Sócrates não foge á regra.
Na avaliação da opinião pública começou muito bem,em 2005, mas perdeu lastro e a maioria em 2009,e não se prevê que venha a recuperar.
Mas dificilmente fugirá a ficar para a História como o primeiro ministro que mais desprestigiou o cargo em toda a História da democracia portuguesa.
Casos e mais casos,histórias muito mal explicadas,as casas, a licenciatura,os projectos que não fez mas assinou,uma tentação fora de moda de controlo da imprensa , os amigos metidos em negócios perigosos, as cumplicidades inaceitáveis a vários níveis do aparelho de Estado.
E aquela desconfiança de que apenas se vai sabendo parte de algo que parece ser muito mais vasto.
A nível de opinião pública Sócrates ainda pode ter ilusões.
Que o futuro se encarregará de confirmar ou não.
Mas perante o julgamento da História dificilmente ficará bem na "fotografia".
E isso é fatal como o destino.
Depois Falamos

3 comentários:

Luis Melo disse...

Um fim-de-semana prolongado espectacular. Está tudo maravilhado com o sucesso da Cimeira Ibero-Americana e com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. José Sócrates, o nosso PM, é o maior !!

Entretanto, no que nos diz respeito, o desemprego já ultrapassou os 10% (e vai continuar a subir), o défice vai atingir os 8% (e não sei se ficará por aqui), as pensões vão cair 1,65%, os impostos vão aumentar. Mas José Sócrates continua a ser o maior !!

Este é o Portugal que conhecemos, um país de tristes maravilhas.

Anónimo disse...

Pois o pior é que com o Sócrates vai o sistema democrático.

Outro dia o Cirilo ficou horrorizado -e com razão- de em desespero, eu ter dito que ia para nazi, com sangue marrano e tudo.

Muito sério: foi o desespero com o sistema que levou Hitler ao poder, democraticamente. E com o desespero, pessoas (ou povos) fazem loucuras. Espero não ter de viver uma, mas que isto 'está preto' está!

luis cirilo disse...

Caro Luis:
Um país de tristes maravilhas sem duvida.
E povoado por muitos,não todos,tristes...
Caro Anónimo:
Sob esse ponto de vista estamos de acordo.
E anda muito desespero no ar.
Que a "Face Oculta" tem feito aumentar exponencialmente.
Porque com este PGS e este STJ é impossivel acreditar na Justiça.
E quando esse pilar é posto em causa...