O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Por culpa exclusiva de um criminoso genocida chamado Putin, e da corte de bandidos que o rodeia, o mundo vive tempos de incerteza e de medo face à absoluta ignorância do que irá acontecer na Ucrânia, na Europa e até em todo o planeta.
As consequências do acontecido até agora jã são muitas, e obviamente todas más, mas receia-se que o impacto da guerra venha a assumir formas cada vez mais gravosas e penalizadoras dos cidadãos europeus , das empresas, das famílas e de todos afinal.
Uma dessas consequências tem a ver com a energia.
Com maior dificuldade no acesso, com preços cada vez mais caros, com a necessidade já assumida pelos governos europeus de se proceder a cada vez maior poupança face aos condicionalismos e à carestia de que ela hoje se reveste e com a certeza de que esses problemas irão aumentar e não diminuir nos tempos (anos?) mais próximos.
Fala-se até, na Europa e em Portugal, de drásticas mas compreensíveis restrições às tradicionais iluminações de Natal entre outras medidas inevitavelmente necessárias.
E é aqui que o futebol entra.
Porque quando há sacrifícios eles tem de ser para todos e não apenas para alguns e não há nenhuma razão que dispense o futebol de também ele contribuir para o atenuar das dificuldades colectivas do país e dos cidadãos.
Falo agora apenas de Portugal embora o que escrevo me pareça válido para toda a Europa.
E em Portugal não é já aceitável que neste quadro de dificuldades energéticas e de necessárias restrições continuem a disputar-se tantos jogos à noite face ao brutal volume de energia dispendido na iluminação de cada estádio.
Não defendo, porque sei impossível, que andemos décadas para trás e voltemos ao tempo em que todos os jogos se disputavam ao domingo às três da tarde.
Mas defendo que ao longo do fim de semana se faça uma distribuição criteriosa dos jogos que permita restringir ao mínimo dos mínimos aqueles que se disputem com necessidade de iluminação e consequente dispêndio de energia.
Usando as manhãs de sábado e domingo (aliás altamente preferíveis às noites de domingo e segunda) , jogando nas tardes desses dias mais cedo, de molde a que por jornada fiquem para a noite apenas um ou dois jogos.
Percebo a necessidade de a sport tv rentabilizar o produto que comercializa, sei bem o quanto os clubes precisam das verbas televisivas, mas também sei que em tempo de crise em que se pedem sacrifícios a pessoas e empresas o futebol não pode ficar de fora como se não fosse nada com ele.
O que entronca, por irónico que pareça, com a necessidade de racionalizar as transmissões de jogos e os horários em que cada um deles se disputa seguindo critérios que premeiem os clubes que levam mais gente aos estádios e não tratando como iguais realidades que nessas matérias são diferentes.
Sei que há critérios mas também sei que esses critérios não se tem revelado defensores do futebol e do público nos estádios.
Exemplos?
Basta olhar para a jornada deste último fim de semana.
Onde se realizou um clássico do nosso futebol entre Vitória e Boavista , e que grande jogo foi, no domingo às 20.30 h que é um horário péssimo para levar pessoas aos estádios deitando para trás das costas a realidade de o Vitória ser há muitos anos o quarto clube em média de assistências e o Boavista lever fora sempre um bom número de adeptos.
Esse jogo no sábado à tarde/noite ou domingo à tarde teria certamente ainda bastantes mais adeptos do que os 11359 que arrostaram com uma noite de invernia para estarem presentes.
Quando, por comparação, jogando em excelentes horários o Estoril vs Braga teve 2674 espectadores ( sábado às 18 h), o Vizela vs Santa Clara 2007 (domingo às 15.30 h) e o Famalicão vs Paços de Ferreira 2380 (sábado às 15.30 h) ou seja os três juntos muito menos espectadores que o jogo do estádio D. Afonso Henriques!
Não é aceitável que isto continue.
Porque nem defende o futebol nem respeita os adeptos que vão aos estádios dos seus clubes em maior número.
Por isso espero que à boleia das inevitáveis poupanças energéticas que o futebol terá de, também ele, seguir mais cedo ou mais tarde com a diminuição de jogos a necessitarem de iluminação se aproveite a oportunidade para racionalizar horários, privilegiar por justo quem leva mais gente aos estádios e assim defender os interesses do futebol, dos clubes e dos adeptos.
E nalgumas matérias já ontem era tarde.