Causou justa repercussão no país a notável entrevista concedida ontem pelo General António Ramalho Eanes à RTP naquela que terá sido a mais marcante de todas as declarações de figuras públicas desde o início da crise do covid-19.
Devo dizer que tendo apreciado , e muito, a entrevista ela não levou o general aos píncaros da quase santidade mas também não foi um momento único no seu percurso político de mais de quarenta anos iniciado no 25 de Novembro de 1975.
Pessoalmente aprecio muito mais o percurso de Ramalho Eanes enquanto cidadão exemplar do que o apreciei nos tempos da política activa em que dele discordei muitas vezes, e algumas delas de forma radical, como nos tempos dos governos da AD liderados por Francisco Sá Carneiro ou quando saído de Belém enveredou pela aventura inconsequente do PRD.
Depois dessa fase de política activa o general Eanes remeteu-se ao seu papel (que é muito importante também) de ex presidente da República intervindo na vida pública quando a consciência lho ditava e dela desaparecendo por longos períodos precisamente na preservação desse estatuto de ex presidente.
Foi assim que o vimos intervir activamente em relação à independência de Timor, participando em acções de protesto contra a ocupação indonésia, e foi também assim que o vimos ser mandatário nacional das duas candidaturas presidenciais vencidas por Cavaco Silva entre outras participações cívicas menos mediáticas.
Ontem deu uma entrevista notável.
Pelo humanismo, pelos valores, pela capacidade de análise da situação.
Uma entrevista dada depois de um telejornal, e não num qualquer programa fútil com apresentadores que cultivem o histerismo como forma de comunicação, o que não obstou a que desde a noite de ontem todo o país fale dela e daquilo que ele lá disse.
Que mais se pode pedir a um ex Presidente do que o ser uma voz ouvida pelo país com respeito e admiração?
Creio que nada.
Depois Falamos.
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