quinta-feira, julho 25, 2019

Um Grande Desafio

O meu artigo desta semana no zerozero.

Depois da demissão, ainda hoje difícil de entender, dos órgãos sociais eleitos o ano passado em compita com uma lista liderada por Júlio Vieira de Castro, o Vitória escolheu no passado sábado a equipa dirigente que o vai conduzir até ao ano do centenário.
Como é sabido concorreram três listas, lideradas respectivamente por António Cardoso, Miguel Pinto Lisboa e Daniel Rodrigues tendo saído vencedora com clara maioria aquela que tinha Pinto Lisboa como primeira figura.
Um resultado que só surpreenderá quem conhecer muito mal as circunstâncias em que o Vitória existe e coexiste nos últimos largos anos.
Adiante.
Miguel Pinto Lisboa torna-se assim o vigésimo terceiro presidente do clube e apenas o segundo, em mais de cinquenta anos, a chegar ao posto cimeiro sem nunca ter passado por qualquer outro posto nos órgãos sociais do clube.
O que não sendo nada habitual também não é, por si só, facto que mereça especial preocupação.
Preocupação sim existe em torno do grande desafio que tem pela frente e que integra em si quatro objectivos que terá de vencer para que possa cumprir plenamente aquilo que todos os vitorianos esperam da sua acção.
O primeiro desafio, e de primordial importância, é unir a família vitoriana.
Cujas primeiras divisões remontam ao início do século e tiveram origem naquilo que foi feito a vários níveis para interromper a então já longa presidência de Pimenta Machado e substitui-lo por alguém mais de acordo com quem se queria ver livre do então presidente.
De lá para cá, com os três presidentes que se sucederam, as divisões não cessaram e todos recordarão sem grande dificuldade muitos dos episódios que as pontuaram nomeadamente em acesas assembleias gerais com inflamadas intervenções a favor e contra os presidentes em funções.
Cabe a Pinto Lisboa inverter este estado de coisas e promover a união na massa associativa através de decisões que mostrem de forma inequívoca que está empenhado nessa tarefa.
O segundo objectivo, e que bem ajudará ao primeiro, é pôr o clube a ganhar.
No futebol e nas modalidades.
Pondo a equipa A a competir pelo quarto lugar, criando condições para que a equipa B regresse à II Liga de imediato, fazendo com que a formação volte à competitividade que durante muito tempo a caracterizou.
E nas modalidades, assumindo que o eclectismo é traço fundamental no ADN vitoriano, apostando no voleibol e basquetebol (nessa modalidade, então, não haverá desculpas…) para que disputem aquilo que já disputaram e ganharam no passado e até para ganharem o que nunca ganharam como o título nacional no basquetebol que já por duas vezes andou perto.
A par da aposta na renovação no título nacional de pólo aquático como é evidente!
O terceiro objectivo é financeiro e passa por explicar aos associados, de forma clara e definitiva, qual é a situação financeira do clube e definir um caminho para continuar a reduzir o passivo de molde a que o clube liberte meios e se possa abalançar a outros voos nomeadamente de natureza patrimonial.
O quarto objectivo, que neste momento condiciona a vida do clube e preocupa os associados, prende-se com a participação na SAD e os caminhos de cooperação (ou não…) com o maior accionista.
E esses caminhos não poderão passar nunca, se é paz social que se deseja, por diminuir os poderes do clube junto da SAD e menos ainda por alienar acções do tipo A seja a que pretexto for.
Não tenho dúvidas que o sucesso da presidência de Pinto Lisboa passará pela forma como for capaz de resolver o imbróglio que herdou da gestão anterior atinente à relação entre clube, SAD e accionista maioritário.
Sem que com o que atrás foi dito queira responsabilizar a anterior direcção ou o accionista pela situação existente mas apenas constatar que existe um problema que tem de ser rapidamente resolvido a bem do Vitória.

P.S. Tal como “Os Três Mosqueteiros” eram quatro também os quatro objectivos são afinal cinco.
Sendo que o quinto é actual direcção organizar a comemoração do centenário do clube com a dignidade e o brilho que os nossos cem anos de História bem merecem.

Sem comentários: