O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.
Tenho a certeza absoluta que ser agente da autoridade é uma profissão
dificílima de exercer, seja onde for , face aos condicionalismos que a envolvem
e ao exercício de algo- a autoridade- que desagrada a muito boa (e outra nem
tanto) gente.
Seja nas ditaduras, onde a rejeição dos agentes assenta ora no
exercício de uma autoridade sem limites ora na rejeição da própria ditadura,
seja nas democracias onde não falta quem entenda que tudo é permitido e ai de
quem se lhe oponha.
Portugal não foge à regra.
Depois de quase cinco décadas de um regime ditatorial onde os excessos
e atropelos foram mais que muitos, ainda assim nada que se compare com o que se
passou em regimes fascistas ou passou e ainda passa em regimes comunistas, com
o advento do 25 de Abril passou-se do oito para o oitenta e onde existia um
temor mais ou menos reverencial às forças da autoridade (especialmente à
famigerada Pide) passou a existir um absoluto desrespeito,quando não desprezo,
por parte de muita gente que entendeu que com a Liberdade tudo era permitido.
Foram tempos difíceis para a PSP e para a GNR.
Onde qualquer tentativa de exercer a sua profissão por parte dos
agentes, nem que fosse no passar de uma simples multa, era logo confundido com
um acto de prepotência e a invocação do “fascismo” que essas forças de
autoridade tinham defendido ao longo de meio século no quadro das hierarquias
então existentes.
É evidente, e seria ingenuidade não o mencionar, que muitos desses
ataques às forças da autoridade faziam parte da agenda política das esquerdas
não democráticas que consideravam o enfraquecimento das forças de segurança
como uma das estratégias de enfraquecimento do próprio Estado em nome da
revolução proletária que defendiam.
É clássico que as esquerdas não democráticas procedam dessa forma,
enfraquecendo a autoridade do Estado e por quem ela deve zelar, para uma vez
conquistado o poder instaurarem ditaduras férreas e em que não há distinção em
autoridade e repressão.
Basta olhar para a Europa do pós guerra!
Quarenta e cinco anos depois de Abril a situação não mudou muito.
Os partidos de esquerda, e muito em especial essa amálgama de
esquerdistas sem abrigo chamada Bloco de Esquerda, não perde nenhuma
oportunidade para criticar os agentes de autoridade, para questionar as suas
formas de intervenção, para se colocar ao lado de supostas vitimas que em
muitos casos não passam criminosos agressores, de exprimir opiniões (como essa
caricata figura cujo nome nem quero mencionar que vivendo dos nossos impostos
como assessor do BE queria acabar com a PSP e não sei quantos mais disparates
)o mais negativas possível quanto à PSP e GNR.
Já para não falar do tempo em que no Parlamento (eu assisti) o guru do
BE, também conhecido por Francisco Louçã, defendia convictamente que as forças
de segurança deviam andar desarmadas(!!!) talvez para não incomodarem muito os
pobres criminosos cujos “gritos de dor” (foi a expressão usada) deviam ser
percebidos pela sociedade.
Uma miséria.
Os agentes de autoridade em Portugal não são perfeitos.
Cometem erros, praticam aqui ou ali excessos, nem sempre exercem
a autoridade da forma mais conveniente.
Mas são confiáveis.
Muito mal pagos, obrigados a pagarem o seu fardamento e mais umas
alcavalas inaceitáveis, com meios muito aquém do que seria desejável, em muitos
casos ocupando instalações que deviam envergonhar o Estado, cumprem a sua
missão com estoicismo, coragem e enorme espírito de sacrifício.
Numa profissão em que todos os dias correm o risco de porem a vida nos
pratos da balança.
E tantas vezes aturando com uma paciência de louvar os impropérios, os
insultos, as inconveniências de quem não tem na educação e no civismo os pontos
mais fortes da sua personalidade ou de quem quer transferir para a acção
policial as responsabilidades dos erros por si próprio,cidadão,cometidos.
Por isso acho da mais elementar justiça que cada cidadão de bem, que
anda na comunidade animado de intuitos positivos, que defende os seus
interesses mas respeita os interesses dos outros, que entende o exercício da
autoridade como uma forma de regular a vida em sociedade, olhe para os polícias
como amigos que nos ajudam a viver com mais segurança e maior tranquilidade no
nosso dia a dia.
Porque por mais que alguns partidos da esquerda não democrática
queiram criar confusão entre Bem e Mal a verdade é que a Polícia está do lado
do Bem, defende-o e é essencial a um Estado democrático de direito!
E nos tempos que vivemos, em que patrulhas da PSP são recebidas à
pedrada em bairros problemáticos da área metropolitana de Lisboa sem que isso
gere nalguns a mesma indignação que uma ou duas bastonadas a “mais” dadas por
um polícia normalmente geram, pareceu-me importante reafirmá-lo.