terça-feira, abril 02, 2019

O "Flopzinho"

O meu artigo desta semana no "Duas Caras".

Querer é poder diz um velho ditado popular que ao contrário de muitos outros ditados provindos da sabedoria das nossas gentes nem sempre tem na realidade a confirmação que muitos gostariam que tivesse.
É que muitas vezes, quase sempre diria, ao “querer” é preciso juntar outros componentes que são essenciais ao “poder” como o saber, o persistir, o perseverar, o trabalhar afincadamente, etc, etc, etc.
Sem isso nada feito!
Vem isto a propósito de uma entrevista falhada, chamemos-lhe assim, de um personagem do nosso palco político que é muito mais uma construção de uma certa comunicação social sempre atenta, veneradora e obrigada aquilo que considera uns (pseudo) gurus de esquerda que por alinhavarem duas ou três frases, de vez em quando, que soam bem passam logo a ser referências políticas mais pelo facto de as tais frases soarem bem do que pelo seu conteúdo que tantas vezes é aflitivamente oco.
Pois esse personagem, com relativo impacto nos dois quilómetros quadrados em redor do Terreiro do Paço, mas olimpicamente desconhecido no resto do país, em busca de um protagonismo que não consegue decididamente alcançar por méritos próprios resolveu atacar o partido Aliança e o seu líder ao invés de se pronunciar sobre tantos outros assuntos que poderiam ter merecido a sua atenção.
Importará dizer que o referido personagem, cujo ego é decididamente bem maior que a sua expressão eleitoral (o chamado azar dos Távoras...), antes de liderar a actual agremiação  por ele fundada já deambulou por outras forças partidárias nomeadamente o Bloco de Esquerda de onde um dia saiu porque tal como a mãe que foi assistir ao juramento de bandeira do filho e achava que o seu rebento era o único que marchava direito também ele se achava dono de uma razão que não tinha expressão dentro dessa força política.
E saiu.
Do Bloco de Esquerda que não do Parlamento Europeu, para onde tinha sido eleito por esse partido, e onde ficou até ao último minuto ou até ao último cêntimo interprete o leitor como muito bem entender.
Pois ,como atrás dizíamos, resolveu a excelsa personagem virar a sua atenção, ou a sua bílis mais uma vez o leitor escolherá, para a Aliança com o pobre argumento de que a sua agremiação devia merecer mais atenção mediática do que esta dado ser liderada por alguém que já tinha sido deputado europeu (peço o favor de não se rirem) e em Bruxelas tinha deixado “...relatórios que são os que a Europa fala hoje(sic)...” o que reiterando o pedido para não se rirem revela bem a altíssima conta em que o personagem se tem a ele próprio.
Matéria em que, aliás, presumo que será mesmo o único!
A par de algumas criticas ao presidente da Aliança que não vou repetir, nem comentar, porque acho que para se rirem já basta o que basta dos outros dislates do personagem.
Indo ao centro da questão.
É verdade que a Aliança tem muito mais atenção mediática do que o “Livre” não só porque o líder da Aliança tem de facto um currículo político muitíssimo mais vasto (também já foi deputado europeu, já foi primeiro ministro, secretário de estado,deputado em várias legislaturas,líder parlamentar, presidente de duas câmaras municipais entre outros cargos políticos, associativos e da área social que desempenhou) mas também porque a Aliança é um partido nacional, implantado nos dezoito distritos , nas duas regiões autónomas e na diáspora, que foi capaz de recolher doze mil assinaturas num mês, merecer a aprovação do Tribunal Constitucional noutro, ter organização territorial nacional em três meses e ao fim de quatro realizar um congresso onde estiveram presentes quase mil militantes.
E essa é a diferença que faz toda a diferença.
Porque para além de uma diferença brutal na popularidade e reconhecimento de cada líder a Aliança é um partido implantado no país ao contrário do “Livre” que como partido nacional existirá apenas na imaginação de quem o lidera.
E a prova está no facto de que todos os actos eleitorais a que concorreu desde 2014 se saldaram por um completo fracasso nos resultados alcançados.
Por isso bem melhor andaria o seu líder se metesse a mão na consciência e reconhecesse que o défice de notoriedade está na exacta proporção da sua inexistência como partido nacional e fizesse a única coisa adequada a resolver o assunto: Trabalhar!
Trabalhar no terreno, criar organização nacional, filiar militantes, ter resultados eleitorais e se o conseguir (já é outra questão...) então verá que um dia talvez possa merecer a mesma atenção que os partidos que tem existência real .
Porque caso contrário nunca deixará de ser o “flopzinho” que tem sido desde a sua fundação!

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