quarta-feira, março 28, 2018

Dos Faraós às Tulipas

O meu artigo desta semana no zerozero.

Somos, todos o sabemos, um país de extremos em que as viagens entre o oito e o oitenta se fazem quase à velocidade da luz bastando para tal que aquilo que temos em observação sofra alterações por mais ligeiras que sejam.
Tratando-se de futebol, então, os exageros acentuam-se e as viagens entre oito e oitenta fazem-se a velocidades bem superiores às da própria luz!
Vem isto a propósito dos dois recentes jogos particulares da selecção nacional, face a Egipto e Holanda, cujos desfechos se saldaram por resultados bem diferentes e que propiciaram muitas reacções bem “à  portuguesa”.
Com o Egipto, e alinhando um onze inicial mais próximo do que devem ser as escolhas de Fernando Santos para o Mundial, a selecção não fez um grande jogo mas o “santo milagreiro” Cristiano Ronaldo tudo compensou ao marcar por duas vezes em tempo de descontos e transformando uma derrota que parecia inevitável numa vitória que acabou por se revelar bem mais saborosa do que o previsto.
Vieram os elogios  a uma equipa que nunca desiste, a jogadores que deram o “litro” até ao último minuto, ao estatuto de campeão europeu que a selecção soube honrar pela forma como lutou até ao fim entre vários outros elogios deixando de lado a exibição modesta e o estatuto do adversário.
Face à Holanda o seleccionador optou por ver muitos jogadores em simultâneo, dos menos utilizados ou até em estreia como Mário Rui, em detrimento do colectivo que não podia existir com tanta gente (toda a defesa por exemplo) a jogar junta pela primeira vez e o resultado acabou por ser uma derrota pesada.
Perante uma equipa holandesa em renovação, já sem as grandes figuras de anos recentes como Van Persie, Robben ou Kuyt, que não estará no Mundial mas tem,ainda assim, bons valores e sobretudo uma “escola” futebolística que não pode ser ignorada quando se analisa o seu desempenho.
E a verdade é que a Holanda fez três golos, em quatro ou cinco remates, mas o domínio de jogo foi de Portugal  que criou várias oportunidades para marcar só não o fazendo devido à excelente exibição do guarda redes holandês.
Quero com isto dizer que Portugal jogou bem?
Não. Nem por sombras.
Mas também não jogou tão mal como alguns comentários querem fazer crer nem deixou uma imagem menos digna do futebol português ou do seu estatuto de equipa campeã europeia em titulo.
Apenas fez um jogo menos conseguido, em que o seleccionador fez questão de ver o máximo possível de jogadores para  eliminar duvidas quantos aos 23 que vai levar à Rússia com isso correndo o risco de o resultado ser o que...foi, numa altura da época em que campeonatos e provas europeias estão em fases decisivas o que obriga os seleccionadores a uma gestão inteligente dos  jogadores nestes jogos de preparação.
Aliás se quisermos fazer um pequeno esforço de memória recordaremos que em Novembro do ano passado, em Leiria face aos Estados Unidos, já Portugal tinha feito um jogo de experiências(Rony Lopes, Gonçalo Paciência, Bruma, Ricardo Ferreira,etc) que se saldou por um empate a um golo como corolário de uma exibição sem brilho num jogo em que o resultado não era o mais importante.
Creio por isso não haver razão para preocupações com os resultados e exibições destes dois jogos, em que o objectivo era mesmo ver jogadores, porque todos sabemos que quando é a “doer” a selecção tem dado excelentes respostas e alcançado os seus objectivos pelo que merece a tolerância que as passagens do “oitenta” para o “oito” nem sempre lhe concedem.
Preocupações haverá, isso sim, com as opções limitadas que Fernando Santos parece ter para algumas posições (especialmente o centro da defesa que está todo ele muito...trintão) mas isso será tema para próximo artigo.
Para já fica a expectativa sobre quem serão os 23 escolhidos para o Mundial  porque, uma vez definidos, serão eles a fazerem os três jogos de preparação restantes (Tunísia, Bélgica e Argélia) nos quais o grau de exigência, aí sim, será bem maior.

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