segunda-feira, fevereiro 13, 2017

Previsível e Inevitável

Poucos minutos após o término do Vitória-Porto escrevi na minha página de facebook que para o Vitória este jogo estava perdido muito antes de ser jogado.
A esmagadora maioria percebeu, poucos não e um ou outro perceberam mas fizeram de conta que não tinham percebido.
Vou agora desenvolve raciocínio que me levou a essa conclusão e que aponta para o resultado como algo de previsível e inevitável.
Previsível pelo tal "estar perdido muito antes de ser jogado" e inevitável pelo jogo em si mesmo.
À entrada em campo das duas equipas sabia-se ,sem hipótese de contestação que o Porto tem melhores valores, um plantel mais equilibrado e mais soluções ao dispor do seu treinador do que o Vitória por razões que nem vale a pena comentar dado repetirem-se ano após ano desde...sempre.
Mas também se sabia que fruto de um politica de estreito relacionamento e permanente cooperação entre ambas as SAD, que se resume no facto de o Vitória emprestar jogadores à equipa B do Porto (Zitouni, Claudio, Areias e quase...João Pedro) e de o Porto emprestar jogadores à equipa A do Vitória (Marega, Hernâni,Otávio, Sami,Ivo Rodrigues, Abdoulaye, etc) a par de lhes vendermos a preços módicos alguns dos nossos melhores valores (Ricardo, André André, Hernâni, Soares,etc), já se sabia pois que o Vitória entraria em campo severamente diminuido no seu poder atacante dado que dos seus quatro mais utilizados atacantes apenas Raphinha estaria disponivel dado que Marega e Hernâni, pertencendo aos quadros do Porto,  não podiam ser utilizados e o Vitória tinha acabado de vender...ao Porto o seu melhor ponta de lança.
No futebol raramente há milagres e uma equipa tão severamente desfalcada tinha-se posto numa posição demasiado frágil para sequer poder aspirar a um.
Daí o ser fácil prever a derrota.
Depois vem o jogo propriamente dito e o porque da derrota inevitável.
Onde o Porto longe de fazer uma grande exibição limitou-se a assegurar a supremacia táctica e a jogar o necessário para marcar, segurar a vantagem e depois sentenciar o jogo aproveitando erros defensivos do Vitória.
De um Vitória que entrou em campo, perante um Porto moralizado e em crescendo, estreando uma dupla de pivots à frente da defesa (Zungu e Celis) com o primeiro deles a ter chegado à equipa apenas um mês atrás depois de prolongada lesão e o outro chegado na semana passada (emprestado pelo Benfica) o que significava que não tinham um minuto de jogo em comum e apenas três ou quatro treinos se tanto.
Isto para defrontarem um trio com a qualidade de Danilo, André André e Herrera!
Só podia dar no que deu.
Total supremacia da intermediária portista, André André colocado numa zona entre os dois pivots e Bernard bloqueou totalmente a ligação entre o meio campo vitoriano enquanto Danilo anulava facilmente Bernard deixando o já de si débil ataque vitoriano sem ligação ao seu meio campo pese embora algumas deambulações de Hurtado terem aliviado o bloqueio azul e branco.
Mas sem consequências.
E por isso o triunfo portista tornou-se inevitável face ao jogo jogado e à realidade de Casillas não ter feito uma única defesa com um mínimo de dificuldade durante os 90 minutos.
Uma que fosse.
E quando uma equipa não faz um remate enquadrado com a baliza durante 90 minutos o máximo a que pode aspirar é a empatar o jogo se o adversário alinhar pelo mesmo diapasão.
Infelizmente não alinhou.
Fez dois golos e Douglas ainda evitou outros tantos com excelentes defesas a adiarem o segundo golo portista.
Daí a inevitável derrota que nem o apoio dos adeptos conseguiu evitar.
Face a tudo o exposto, especialmente às fragilizações decorrentes dos negócios com o Porto, não era este o jogo para confirmar a afirmação de Pedro Martins sobre um plantel mais equilibrado e com mais soluções depois do mercado de Janeiro.
Mas a partir da próxima jornada isso vai ter de ser provado de forma irrefutável sob pena de nos restar a luta por um quinto lugar que saberá a muito pouco face ao que Braga e Sporting vem fazendo na liga.
Carlos Xistra não presta como árbitro e no sábado uma vez mais o provou.
Um pénalti sobre Bernard que não foi assinalado e uma tolerância incompreensível perante o jogo faltoso dos portistas com André André a ver "amarelo" apenas depois da quinta falta a travar saídas do Vitória para o ataque e Herrera nem à décima falta o viu.
Por acaso o jogo não "descambou" mas podia tê-lo feito face à permissividade de um árbitro de quem o futebol não sentirá falta quando chegar o dia (feliz) da sua retirada dos relvados.

13 comentários:

JRV disse...

Caro Cirilo,

O Vitória precisa urgentemente de uma primavera, de um abanão, de uma mudança que afaste esta mediocridade da gestão do seu destino.

Isto sob pena de uma instituição quase centenária, que transporta ideiais de independência e de conquista, ser objecto de uma "setubalização" sem retorno.

É a minha perspectiva.

Cumprimentos,

Saganowski disse...

A derrota do Vitória só podia ser imprevisível e evitável para quem não tem olhos para ver, ou para quem só joga futebol nas consolas de jogos!
Pelo que se sabia do fatídico mês de Janeiro, já era de esperar um resultado destes.

Eu acredito no treinador e na equipa, mas o resultado de sábado à noite pode muito bem ter sido apenas o princípio do fim da nossa época! Tivemos o 3ª lugar a muito poucos pontos de distância e arriscamo-nos a perder o 5º!
Esperemos que eu esteja enganado!

Anónimo disse...

Segundo o comentador da sporttv o jogador que veio do belenenses e que o vitória contratou por 500 mil €, assinou até junho de 2018. O que quer dizer que no proximo mes de Janeiro ja pode assinar por outro clubs a custo zero.ridiculo. Sera que é melhor que o tomané? So gostamos do que vem de fora. So contrário do que foi escrito em cima, este era o jogo ideal para ver we tinhamos um plantel com soluçoes,pelos vistos estamos Mais fracos.Mas ainda Ben que o nosso presidente estava sorridente durante o jogo. Ele saberá porquê. H.M.

Mike_the_Bike disse...

Caro Luís Cirilo,

A sensação com que fiquei no estádio, foi de que era quase como um dado adquirido que não íamos ganhar.
Os Vitorianos estão descontentes com este desrespeito pelo nosso Clube, é incrível como é que cometemos sempre os mesmos erros, ainda por cima este ano, em que se tivéssemos aproveitado os deslizes dos que vão à nossa frente, estaríamos em excelente posição para irmos, no mínimo à pré-eliminatória da liga dos campeões. Nós, Vitorianos, estamos como sempre com a equipa, este ano jogámos quase sempre em casa, seja em Guimarães, em Tondela, Lisboa, onde for! Há que aproveitar isso ao máximo, mas alguém está distraído, a olhar para outros interesses!

Disse, e bem, que o Douglas fez algumas boas defesas, mas para lhe ser franco, estou sem paciência para o tipo de jogo que ele faz! Não consigo perceber como é que não se tenta valorizar um activo (Miguel Silva), jovem e com muita margem de progressão, e que é um excelente GR, como ficou mais do que provado no ano passado!

Abraço
Miguel

luso disse...

Sem querer estar a entrar em diálogo com os outros comentadores, acho curioso como os adeptos criticam o Douglas por pretensamente atrasar a reposição da bola em jogo.
Talvez por se sentir pressionado, fez uma reposição mais rápida, e viu-se no que deu.
Cada cabeça, sua sentença.
É um provérbio antigo, mas que no futebol encaixa como uma luva.

Macaco careca disse...

H M quer dizer o quê?
Por acaso não te estás a tentar passar por mim, pois não?
Já não tenho paciência para marroquinos sem carácter.

Hélder Marinho

luis cirilo disse...

Caro JRV:
É a minha também. Porque por muita que seja, e é, a dedicação e o amor dos adeptos ao clubes é cada vez mais difícil aceitar tanta desilusão desportiva e tantas sombras a toldarem a relação com outros clubes.
Caro Saganowski:
O terceiro lugar era possível mas deixou de ser depois de nos ultimos nove pontos possíveis termos feito apenas um. O quinto está agora à mesma distância do sexto que do quarto. Veremos em que direcção vai o Vitória depois de mais um Janeiro do nosso descontentamento.
Caro H.M:
Não conheço o contrato de Sturgeon. Se é como diz parece-me um erro. Não sei se o presidente estava sorridente durante o jogo. Da bancada nascente é longe para ser ver. Uma coisa lhe garanto:Eu não tive vontade de rir durante os 90 minutos.
Caro Miguel:
Concordo com a sua análise do estado de alma dos vitorianos. Que nunca falham no seu apoio ao clube mas que estão cansados de serem os únicos que nunca falham. Este ano era uma grand eoportunidade de voltarmos a uma pré eliminatória da liga dos campeões,é verdade, mas nem vale a pena pensarmos nisso porque estamos condenados a defender o quinto lugar num ano em que Sporting e Braga estão fartos de falhar.
Quanto aos guarda redes já escrevi, e mantenho, que Pedro Martins foi muito injusto com João Miguel Silva. Muito mesmo. Depois da época que fez o ano passado, e não tendo sido contratado Manuel Neuer, devia ter começado a época como titular. Foi a minha primeira desilusão com o treinador.Abraço.
Caro luso:
É de facto uma contradição. E embora Douglas se tenha precipitado nesse lance não foi por ele que perdemos.
Caro Hélder Marinho:
Não me parece que o comentário assinado H.M venha de um marroquino. E se vem é um marroquino esclarecido

Anónimo disse...

Há nesta direcção do Vitória, como houve nas anteriores, um complexo de inferioridade com os 'grandes'. Deixa-se intimidar pelo poder económico e assusta-se com o mediatismo dos presidentes. Complexo provinciano que Pimenta Machado superou com atitude cosmopolita e civilizada. Precisamos de uma direcção digna e não de pessoas que andem com o 'rabo entre as pernas' cada vez que algum 'famoso' liga para o complexo.
Os adeptos do Vitória não merecem as humilhações a que têm sido sujeitos nos últimos anos.

Miguel Silva

luis cirilo disse...

Caro Miguel Silva:
Sempre defendi que o Vitória deve ter relações institucionalmente correctas com todos os clubes mas sem qualquer tipo de dependência. Nomeadamente jogadores emprestados. E essas relações correctas devem cingir-se a clubes que nos respeitem e excluir todos aqueles que de alguma forma nos agridem.
Foi assim que Pimenta Machado geriu durante muitos anos.
Um Presidente do Vitória deve ser respeitado por todos e temido por alguns.

Anónimo disse...

Concordo Sr Luís Cirilo. Relações cordiais mas não de subserviência. Outro coisa que não percebo é os jogadores emprestados não jogarem na equipa B. Se o Marega e Hernâni não podiam jogar no sábado porque é que não jogaram pela B no domingo? Deve estar no contrato que só jogam na A...

Miguel Silva

luis cirilo disse...

Caro Miguel Silva:
Em teoria um deles podia ter jogado. Mas apenas um porque os regulamentos (muito mal do meu ponto de vista) impedem as equipa B de terem mais que um jogador com 23 anos inscrito na ficha de jogo.

Saganowski disse...

Independentemente de coisas que Pimenta Machado fez mal nos ultimos anos de mandato, uma coisa é certa: com ele o Vitória não era subserviente nem a partidos políticos nem a outros clubes!

luis cirilo disse...

Caro Saganowski:
Nem vale a pena entrarmos em comparações que nos estraguem o fim de semana.