A eutanásia, como todas as questões que se prendem com a Vida como por exemplo o aborto ou a pena de morte, encerra em si tantas questões morais e éticas, tantas visões possíveis, tantas questões filosóficas que não me parece possível que alguém possa ter certezas definitivas sobre o assunto.
Há, isso sim, opiniões fundamentadas a favor e contra tão respeitáveis umas quanto outras.
Naturalmente que quando se trata de legalizar matéria tão complexa é normal que o debate redobre e se extremem posições face aos valores em causa sendo impossível encontrar um ponto de equilíbrio precisamente porque em matérias destas não há meio termo.
Ou sim ou não.
Pessoalmente tenho reflectido ao longo dos anos sobre o assunto com a ajuda, até, de vários casos que acompanhei e que me permitiram definir uma posição sobre o assunto que não sendo uma posição hermeticamente fechada é, ainda assim, uma posição bastante consolidada.
Creio que todos os seres humanos tem direito a uma morte com o máximo de dignidade .
E acredito que nos casos em que um doente, na plena posse das suas faculdades mentais, condenado a um percurso de atroz sofrimento até a morte dele o libertar e sem esperança mínima de cura deve ter o direito de optar sobre a sua própria vida.
De continuar a viver em condições terríveis ou de optar peça dignidade de uma morte sem mais dor e sem mais sofrimento.
E ao contrário do aborto, onde a decisão é no limite sobre a vida de alguém a quem não é dada opção nem escutada a opinião, na eutanásia em que uma pessoa decide sobre a própria vida essa decisão não deve ser impedida pelas convicções morais e religiosas de terceiros que não estão a opinar em causa própria mas sim a quererem tomar decisões que não lhes competem sobre a vida e o sofrimento de outras pessoas.
Sou a favor da eutanásia.
Depois Falamos.
3 comentários:
A minha opinião...
Se a pessoa está nas suas capacidades mentais normais, porque não se mata ou pede a um familiar para o fazer? Porque são necessárias leis?
Vamos chegar ao ponto de estarmos no hospital em que na porta direita estão médicos a tentar salvar vidas e na porta da esquerda médicos a tentar tirar a vida.
Deus salve a humanidade...
E o onus da execução do acto? Não terá o médico direito a recusar executar uma ordem com a qual não concorda? Afinal, toda a sua formação é feita no sentido contrário, de salvar vidas, curar males e não acabar com vidas!
Quem no final ficará com o remorso da morte será o executante e essa parte terá de ser muito bem debatida, sob pena, de estarmos a transferir responsabilidades para quem à partida não tem que as assumir.
Cumpts.
J.M.
Caro Anónimo:
A eutanásia significa uma morte digna para quem entende não ter condições para continuar a viver.
E naturalmente que deve ser um procedimento médico assegurado por quem o saiba e tenha condições para o fazer devidamente salvaguardado pela lei.
É impensável que seja feito de outra forma.
Caro J.M.:
Põe a questão de forma correcta. Defendo que, tal como no aborto, a eutanásia deve prever legalmente o direito à objecção de consciência por parte dos médicos. Não pode ser de outro modo
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