terça-feira, fevereiro 14, 2017

Autárquicas 2017

O meu artigo de hoje no Duas Caras

Sem que se dê muito por elas, pelo menos em termos mediáticos, as eleições autárquicas vão-se aproximando pé ante pé e pouco tarda para que os partidos estejam a apresentar as suas listas de candidatos.
Quando se fala em autárquicas, em leitura dos seus resultados, no quem ganha e quem perde a leitura nacional das mesmas é de cariz “futebolístico” porque parece que o que conta são as grandes câmaras do Porto e de Lisboa enquanto o resto do país parece ser apenas uma soma de belas paisagens.
A mim, que noutros tempos também já andei por esses “guerras, interessam-me hoje particularmente as câmaras do nosso distrito e muito especialmente a de Guimarães como é bom de ver.
E no que a câmaras do distrito concerne qual é a situação a pouco mais de seis meses das eleições?
Muito melhor para o PSD que para o PS.
Porque em catorze câmaras, liderando o PSD sete e o PS as outras sete, a situação é claramente mais favorável ao PSD que aos socialistas por razões que adiante explicarei e que se prendem com a estabilidade de um lado e as divisões no outro.
O PSD tem a franca expectativa de manter as suas sete renovando as maiorias (nalguns casos em coligação com o CDS) em Braga, Famalicão, Vieira do Minho, Vila Verde, Celorico de Basto, Esposende e Póvoa de Lanhoso contando para isso com a recandidatura dos actuais presidentes nas primeiras seis e apenas tendo de mudar na última dado Manuel Batista atingir o limite de mandatos.
Em condições normais manterá as sete.
E depois olha com ambição ganhadora para as do PS.
PS esse que se encontra profundamente dividido em quase todas as câmaras do distrito a que preside o que não deixa de ser profundamente reveladora das razões últimas que movem as suas secções onde o poder a qualquer preço parece ter tirado o discernimento, bom senso e pudor aos dirigentes socialistas.
Em Amares de há muito que PS e o presidente por ele eleito estão desavindo o que leva inclusive a que este se vá candidatar pelo PSD praticamente assegurando para os social-democratas a reconquista de um município que já lideraram por várias vezes.
Barcelos, outrora um bastião laranja, é o retrato da mais mediática divisão socialista entre o actual presidente (e recandidato) e a secção do partido liderada pelo deputado Domingos Pereira que se candidatará como independente.
Se o PSD fizer as coisas bem feitas e souber escolher o melhor candidato pode perfeitamente vencer.
Cabeceiras de Basto, onde o fim do longo reinado de Joaquim Barreto deixou feridas longe de cicatrizarem, assistirá pela segunda vez a eleições com duas listas socialistas; a oficial, liderada pelo actual presidente Francisco Alves e a oficiosa liderada pelo ex vice presidente de Barreto, Jorge Machado, novamente em representação do movimento “Independentes por Cabeceiras”.
Concelho de largas maiorias PSD em eleições legislativas e europeias “exige” ao partido uma solução eleitoral que permita por fim a vinte e quatro anos de liderança do PS.
Fafe, onde o PS está no poder desde 1979, é outra câmara em que socialistas estão profundamente divididos entre o actual presidente, Raúl Cunha, que depois de assegurar que não seria candidato se a concelhia caísse nas mãos de José Ribeiro (antigo presidente da câmara) deu uma enorme pirueta e é novamente candidato numa estranhíssima aliança com os “Independentes por Fafe” a quem em 2013 derrotou por apenas 15 votos.
Também em Fafe haverá outra lista socialista, afecta à concelhia liderada por José Ribeiro, o que abre ao PSD, no mínimo, a expectativa de voltar a ser o fiel da balança como foi desde 2013 até à passada semana quando os seus vereadores entregaram os pelouros que detinham em protesto contra a deslealdade de que foram alvo pelo líder dos independentes Parcidio Sumavielle.
Mas pode ser que haja condições para ambicionar a mais que ser o fiel da balança…
Vizela, como Fafe, Cabeceiras e Barcelos também terá duas listas socialistas fruto das divisões entre Dinis Costa o actual presidente e Vítor Hugo seu ex vice-presidente que concorrerá como independente ao que tudo indica.
É um município em que o PSD acalenta francas hipóteses de vencer pela primeira vez.
Terras de Bouro, o mais pequeno município do distrito em termos eleitorais, assistirá a uma recandidatura do actual presidente sem que este tenha a “sorte” de colegas seus de ter uma lista concorrente do próprio partido.
Embora ainda não anunciada tudo indica que o PSD terá uma candidatura forte e face à pequena dimensão eleitoral tudo é possível numa câmara que os social-democratas já ganharam imensas vezes.
Resta Guimarães.
Que como Terras de Bouro também escapou, há quem diga que por pouco, a ter duas listas oriundas do PS e em que o actual presidente é recandidato depois de um primeiro mandato em que não encantou ninguém a começar pelos seus próprios apoiantes.
Mas de Guimarães falaremos mais detalhadamente noutra oportunidade.
Em suma creio que o PSD, se fizer as coisas bem feitas (e não é difícil) pode perfeitamente ambicionar passar de sete para nove ou dez presidências.

E não é pedir muito…

3 comentários:

il disse...

Caro Cirilo:
Por aqui no Mouristan, a coisa continua a mesma -confusão total.

luso disse...

Caro Luis Cirilo
Citando um anterior comentário seu:
..."enquanto os “aliciados”, normalmente gente fraca nas convicções e duvidosa na coerência, tentam justificar com a estafada e mentirosa desculpa da defesa do interesse das populações e a consonância de hoje com projectos políticos com que não se identificavam ontem.

Quando em bom rigor a sua preocupação primeira, quando não única, é apenas manterem-se em cargos remunerados e para isso não se importam de darem o dito por não dito, de apoiarem o que anteriormente rejeitavam."



Vejo pelo seu comentário que o presidente da câmara de Amares é uma "folha caída".

Como comenta?

luis cirilo disse...

Cara il:
E promete continuar. É o que dá termos no partido muita gente disponível para ser ministro ou secretário de estado mas indisponível para ir a votos comprovar o que valem.
Caro luso:
Com toda a facilidade.
Em Amares o actual presidente há mais de dois anos que rompeu com o PS e fez um acordo de governação com o PSD a quem atribuiu pelouros.
Nas eleições deste ano, na sequência desse acordo, será candidato independente encabeçando uma lista do PSD.
É apenas o dar seguimento a um acordo que já existe.
As "folhas caídas" são aqueles que aceitam mudar da oposição para o poder a troco eles lá saberão de que.