quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Modelo de Gestão



Publiquei este artigo, hoje, no site da Associação Vitória Sempre.

Este artigo poderia ser sobre a actual realidade do Vitória.
Os maus resultados, as más exibições, as quezílias entre Emílio Macedo e Manuel Almeida, os desentendimentos entre Cajuda e a direcção.
Podia…mas não é!
Porque sinceramente acho que já nem vale a pena escrever sobre isso.
É uma época perdida, uma desilusão que não esperávamos nem merecíamos, uma realidade que nos obriga a olhar para trás em vez de olhar para a frente.
Independentemente do que venha a acontecer nos próximos tempos acho que vale a pena reflectir sobre o modelo de gestão que mais de adequa á actual realidade do clube no contexto do futebol nacional.
Pessoalmente embora defenda a constituição de uma SAD, por razões que se prendem com a objectividade e racionalidade de gestão, tenho a perfeita noção de duas coisas:
Por um lado a experiência a que assistimos nos outros clubes parece demonstrar que a constituição desses tipos de sociedade não resolveu os problemas estruturais (leia-se financeiros) de que padeciam dado o desinteresse do mercado, já de si pouco expressivo, pelas acções dos clubes.
A que acresce o facto de na generalidade dos casos terem sido os mesmíssimos dirigentes que levaram os clubes para becos sem saída a constituírem e aparecerem a dirigir as sociedades anónimas.
E se no modelo clássico já eram maus em sociedade anónima são assustadores!
Por outro lado é forçoso reconhecer que a actual realidade vitoriana, com o clube em baixa, não torna especialmente apetecível a constituição de uma SAD.
Alternativas?
Creio que o actual modelo, que é alias o modelo de sempre, também está ultrapassado.
Presidentes e direcções em part time, com o clube a ser dirigido nos intervalos das vidas profissionais dos dirigentes, levam a que na prática a gestão esteja longos períodos entregue aos funcionários.
Porque não se negando a dedicação de quem dirige a verdade é que o faz em acumulação com outros negócios, outras ocupações, outras exigências profissionais.
Foi assim desde que me lembro.
Mas não deve continuar a ser.
O que defendo é muito simples.
Alteração estatutária que permita a profissionalização dos dirigentes.
Com clareza, com transparência, com remunerações e objectivos definidos de forma completamente aberta.
Nesse cenário seria de pensar num organigrama que contemplasse cinco profissionais.
Presidente, vice-presidente para a área desportiva, vice-presidente para o património e marketing, secretário-geral e director para o futebol profissional.
Existiria também um vice-presidente para a área financeira, sem remuneração, e os directores e seccionistas que se considerassem necessários para o regular funcionamento do clube.
Sem entrar em detalhes exaustivos quanto ás funções de cada um parece-me fazer todo o sentido um vice-presidente profissional para o desporto que tutelaria todas as áreas desportivas do futebol profissional á formação, passando pelo voleibol, basquetebol, e restantes modalidades.
Permitiria uma coordenação global de todas as vertentes desportivas do clube.
O vice-presidente para o património e marketing, duas áreas que entendo deverem estar associadas, teria como prioridade a rentabilização dos espaços desportivos do clube e a captação de novas receitas e parceiros comerciais.
O secretário-geral, a exemplo do que já hoje vai acontecendo, teria como missão assegurar a gestão corrente e diária do clube em termos administrativos e implementar uma gestão de recursos humanos compatível com a realidade do Vitória.
O directo para o futebol profissional teria, como é evidente, de se preocupar exclusivamente com o plantel principal e para o cargo seria desejável um antigo futebolista do clube que soubesse incarnar o sentir vitoriano.
Pode ser um lugar á medida do Flávio Meireles, por exemplo, quando pendurar as botas.
Ao Presidente caberia a coordenação da direcção, a representação do clube em termos externos (Liga, Federação, etc), a política de comunicação e o estabelecimento de parcerias com clubes estrangeiros.
De forma aligeirada na explanação dos conceitos é por aqui que me parece passar a saída para este impasse que permanentemente nos impede de dar o salto em frente tantas vezes anunciado.
Dir-me-ão que profissionalizar cinco dirigentes custa dinheiro.
Pois custa.
Mas é um investimento que me parece profundamente reprodutivo.
Se forem competentes, dinâmicos e inovadores não só se pagam a si próprios como ainda podem gerar importantíssimas mais valias para o clube.
Provavelmente sairá muito mais caro, se não agora certamente no médio prazo, continuarmos a adiar decisões de ruptura com um presente que manifestamente se revela incapaz de dar as respostas que o Vitória precisa.

11 comentários:

Vimaranes disse...

Creio que será muito provavelmente esta base, seja com estes contornos exactos ou com naturais aperfeiçoamentos, do Vitória que se quer no futuro.
Um Vitória que seja, acima de tudo, imune a romarias a casas de presidentes e principalmente imune a presidentes sem visão alargada, sem capacidade de gerir um clube da dimensão do Vitória. Um Vitória que esteja imune a altos e baixos, mais fruto do acaso do que propriamente de um plano de médio-longo prazo que nos poderá fazer crescer. Um Vitória que seja imune à crença popular de que só dirigentes com dinheiro ou populistas são garante da solução dos nossos problemas. No fundo, o que queremos é um Vitória imune ao amadorismo para que possa finalmente dar o salto qualitativo pelo qual ansiamos há muito.

Por isso, também corroboro da ideia de que só um Vitória com uma estrutura altamente profissionalizada poderá colocar-nos a salvo desse mesmo amadorismo e falta de cultura futebolística e até democrática que assolou o Vitória, pelo menos, nas direcções que me lembro.

Não sei se com 4 ou 5 ou até 6 profissionais, se com os cargos ou as competência que escreve, mas seguramente com esse modelo profissional que vaticina. Um modelo onde seja possível colocar profissionais remunerados mas os quais tenham de cumprir metas e responder perante os associados do clube e ao mesmo tempo colocar na estrutura ex-jogadores do clube com capacidade para servir de elo de ligação entre o modelo profissionalizado e a mística que um clube tão especial como o nosso terá naturalmente de ter. Falou em Flávio para o futuro, eu poderia avançar com Cascavel ou Abreu para o presente, apenas dois exemplos. Alguém com experiência no futebol, cultura vasta na área e com uma ligação profunda (senão umbilical) ao Vitória. De preferência que pudesse contar na retaguarda com um gabinete de prospecção de nível que ajudasse a pensar todo o futebol de futuro e aí há um bracarense que não me importaria que ter na nossa estrutura, Luis Freitas Lobo, porque não?

Mas mais do que nomes, importa que se comece finalmente a ter este debate para que esta ou outras propostas semelhantes possam passar à prática no mais curto prazo possível. Os erros de presente e passado tornam-no cada vez mais premente.

José Alves disse...

Caro Luis Cirilo
A forma como o Vitória não tem,pura e simplesmente,sido gerido fez-me ir enraizando a certeza de que apenas a constituição de uma SAD nos pode salvar do buraco que continuamos, todos,a cavar para o nosso clube.
Só um ilumunado a candidato é que faria com que mudasse de ideia.
Mas ao ler este projecto,ainda que muito em cru e com muito a aprofundar,fiquei com a convicção de que é perfeitamente possivel e acima de tudo,incontestável pelo facto de todos nós estarmos fartos de ver o Vitória conduzido por amadores em part-time.
Cinco ou seis homens pagos pelo Vitória com a exigência de serem leais,honestos e cumpridores de uma cultura empresarial e profundamente profissional traria,sem qualquer dúvida,grande beneficio ao nosso clube a curto,médio e longo prazo.
O projecto pode ter acabado de nascer mas devido á grave situação em que nos encontramos urge,o quanto antes,meter as mãos á obra e iniciar de imediato o seu aprofundamento.
Estamos a um ano de novas eleições,já não temos muito tempo.

Anónimo disse...

vitória!!

Anónimo disse...

Sou frontalmente contra a criação duma SAD no nosso Vitória e, embora triste com a realidade actual, desta vez não concordo com o meu amigo Luis Cirilo, e não concordo essencialmente pelas várias ordens de razões que passo a enumerar:

A primeira delas salta à vista, não sendo eu um economista mas facilmente se percebe que o mercado financeiro não está para grandes euforias...

Com o desemprego que desgraça e amordaça a nossa zona, será que alguém tem coragem para pedir aos sócios que invistam em acções???

E, a ser exequivel, e ainda que o Vitória Clube detivesse a maioria do capital social da hipotética SAD, será que os nossos sócios (eu incluido!) aceitariam que um qualquer grande grupo económico controlasse, ainda que indirectamente, o nosso Vitória?? Com a criação duma SAD os cinco ou seis elementos profissionais que o Luis Cirilo defende, praticamente não chegariam para preencher o Conselho de Administração... E todos eles com funções executivas...

Não estariamos a cair no rídiculo duma “operação coração” encaputada em que os sócios utilizariam as acções do nosso Vitória para as pendurar na parede da sala, por cima da televisão e ao lado da Senhora de Fátima??!

E, no âmbito dessa mesma hipotética SAD, seria fácil explicar aos nossos sócios que eles, forçosamente, iriam perder a força que hoje possuem na tomada de decisões nas Assembleias Gerais??

Já para não falar que, atendendo à realidade económica do concelho, inevitavelmente teria de ser a Câmara Municipal a subscrever uma grande fatia do capital (à imagem do que penso que sucede com o clube/SAD Braga), politizando o Vitória e tornando-o quase como uma empresa municipal. Ainda começavamos a pagar as quotas do Vitória na sede da Casfig ou da Vimágua...!

Na minha opinião, e sendo eu suspeito por me considerar amigo do Presidente Emílio Macedo da Silva, e não pondo portanto em questão a liderança da Direcção que considero legitimada, competente, integra e, como nós, doente pelo Vitória, a solução para o problema passa obrigatoriamente pela rápida mudança dos actuais quadros intermédios do Clube, consistindo isto numa alta e exigente profissionalização dos mesmos, não sendo necessário que fossem dos nossos (alguém acredita que o Carlos Freitas seja do braga desde pequenino??!), bastava que fossem, isso sim, profissionais e conhecedores da realidade futebolística nacional.

E tudo isto implica que esses “Directores Gerais” e “Directores Desportivos”, profissionais pagos pelo Clube e supostamente conhecedores da realidade futebolística nacional, não comprassem “gato por lebre” no mercado nacional...

Para terminar, e porque o tema é demasiado apaixonante, devemos atender às especificidades do nosso Vitória, às nossas gentes e ao nosso bairrismo. Nós por cá era impensável termos um “Estádio Axa”!

Anónimo disse...

Caro Luis Cirilo,

Tenho exactamente a mesma opinião. Por um lado, é evidente que uma SAD não resolve os problemas por si só, e por outro, esta não será certamente, dada a conjuntura financeira do mundo e desportiva do Vitória, a melhor altura de capitalizar essa eventual estrutura. Entáo porque não um modelo intermédio?! Permitirá inclusivamente perceber se tal situação poderá um dia, com a respectiva acumulação de saberes, passar a tão falada SAD.
Resumidamente, inteiramente de acordo com a sua proposta/ideia.
J.Nunes

Anónimo disse...

Exmº Sr. Sergio

Concordo com parte do que diz, contudo a realidade Vitoriana é outra e os numeros falam por si, ou seja;

O sr. fala numa conjuntura economica, de que vive o nosso vale do ave, quando esta crise já dura alguns anos e no entanto o Vitoria aumentou o numero de socios e cadeiras vendidas!

O Sr. fala que é impensavel os Vitoria abrir uma SAD, porque não tolerariamos que os detinos do nosso clube fosse parar a mãos dos estranhos, quando este grande clube é gerido por uma pessoa da terra, que gosta do Vitoria mas está a mostrar que não tem competencia para tamanha ambição, ou seja pior que um estranho, é uma pessoa conhecida mas imcompetente.

O Sr. Fala que os socios deixavam de ter voto nas assembleias; será que o temos agora, quando um presidente faz birras e ameaças quando confrontado com criticas!

Agora gostava de perguntar aos entendidos, sim porque estes assuntos têm mais do que se lhe diga.

Haverá alguma altura para se ser VITORIANO?
Haverá timings para se fazer o que quer que seja para o Vitoria seja cada vez maior?
O que é preciso fazer, para que o VITORIA dê aquele passo em frente, que todos nós esperamos à muitos anos?
Haverá pessoas que queiram ser presidentes deste clube que não seja para beneficio proprio?

E o mais importante, terá Emilio Macedo, consiencia que o seu trabalho não está de maneira nenhuma a ser apreciado pelos socios?

Todos trabalharam, para que o clube aumenta-se o numero de socios, e agora vão o deixar cair.

Eu fui, sou e serei, VITORIA ATÉ MORRER, mas muitos inflizmente não pensão assim.

Anónimo disse...

Desculpem não assinei a mensagem anterior.

APL

Anónimo disse...

Como sempre aprecio os seus artigos, e quase sempre concordo com eles, quer o do blog quer também o do Correio do Minho, e este não foge á regra: Excelente!
Gostaria de voltar a lembrar a todos, o artigo de opinião de Francisco Martinho (pessoa que não conheço),no Desportivo de Guimarães, pois é verdadeiramente notável. A ler por todos os vitorianos.

Diogo Ferreira disse...

Sem sequer pensar muito no assunto em questão, sou completamente contra a criação de uma SAD no VSC. Temos actualmente vários exemplos em Portugal onde os problemas financeiros se mantiveram e em nada as SAD vieram ajudar na resolução dos mesmos. O modelo actual que temos no VSC também não me parece o mais correcto, de facto as pessoas que estão a frente do clube têm outros afazeres que lhes dão muito dinheiro e por isso toca a concentrarem-se nesses negocios que por vezes (e isso pode acontecer) juntam o util ao agradavél e ainda fazem negocios que por vezes prejudicam o clube em seu beneficio.

A ideia que está a dar parece-me bem, penso que poderá haver algumas coisas que deveram ser retocadas (o que é normal) mas se tivesse que decidir, sem duvida que votaria a favor da proposta.

Rui Rodrigues disse...

Excelente artigo com o qual estou muito de acordo.
Pode ser por aí o caminho para tirar o clube desta situação complicada e dos presidentes em part time.
Ainda por cima com negócios que ás vezes se sobrepõe aos do clube.
acho importante que sejam lançadas ideias para debate porque neste clube ultimamente tem-se pensado muito pouco.
E em termos de estratégias de médio/longo prazo acho que não se pensou nunca.

luis cirilo disse...

Caro Vimaranes:
O que está em causa é uma gestão racional, profissional e profundamente objectiva.
O conjunto de ideias que deixei neste artigo podem ser uma base, como outras haverá,para discutir o assunto num âmbito mais alargado.
Quanto aos nomes que refere é óbvio que devem fazer parte de uma estrutura do clube.
Se citei o Flavio foi por ter uma relação mais próxima com o futebol actual.
O Abreu, um dos maiores nomes da História do clube,via-o mais noutras funções tipo secretário técnico.
O Cascavel é, a par do Neno, o nosso ex jogador com mais popularidade.
Terá sempre lugar como embaixador do clube.
A par de outras coisas que podia fazer.
Quanto ao Luis Freitas Lobo...quisesse ele !
Mas o essencial de facto é criar e implantar um novo modelo de gestão.
Os nomes aparecerão depois.
Caro José Alves:
O espirito é esse que resulta do seu comentário.
Acho é que este ou outro modelo são urgentes.
Porque a próxima direcção, o próximo Presidente,já tem de ser eleitos num novo espirito de gestão.
Sob pena de continuarmos a perder tempo.
E o tempo para o Vitória começa a ser um bem escasso.
Caro Sérgio Agostinho:
Mas olha que estamos de acordo.
Eu embora favorável, em tese, a uma SAD também acho que neste momento seria um grave erro ir por eese caminho.
Precisamente por muitas das razões que apontas e com que estou inteiramente de acordo.
E naturalmente que a ultima coisa que eu quereria ver era o Vitória dependente da Câmara.
Desta ou doutra qualquer.
Agora o que defendo não é isso.
Apenas uma alteração de estatutos que permita profissionalizar dirigentes e possibilite uma gestão a tempo inteiro.
Sem perda de competências por parte da assembleia geral.
De resto estou de acordo com as ideias que defendes nomeadamente quanto aos quadros intermédios.
Caro J.Nunes:
Mas o que eu proponho é exactamente um modelo intermédio.
Que permita criar condições para daqui a uns anos, se for essa a vontade dos sócios,constituir uma SAD. Mas,necessáriamente,com o clube mais forte,mais estruturado e com uma mais valia bem superios á de hoje.
Caro APL:
Os argumentos que apresenta,e com alguns dos quais estou de acordo,são mais uma razão para mudar a filosofia de gestão.
Mas sejamos claros:Também é preciso os sócios,pelo menos alguns,mudarem a sua postura perante quem dirige o clube.
Durante anos foram criados, e induzidos, métodos de contestação que não fazem sentido.
Defendo uma massa associativa exigente (porque também dá muito) mas não uma trituradora permanente de presidentes e direcções.
Caro Anónimo:
Acho que é dever de todos os vitorianos contribuirem com ideias para o crescimento do clube.
O Francisco Martinho,de quem tenho honra de ser amigo á mais de trinta anos,é uma das pessoas que melhor pensa o Vitória.
ainda bem que resolvei voltar á escrita.
Enriquece,e muito, o debate de ideias.
Caro Diogo Ferreira:
Penso que na resposta a outros comentários de alguma forma respondi ao seu.
Reitero,contudo,que neste momento não defendo uma SAD e que as ideias que apresento são apenas isso.
Um conjunto de ideias para serem debatidas.
Interessante seria criar um qualquer fórum em que fosse possivel debater todas as ideias que andam na blogosfera,e não só,quanto ao futuro do clube.
Caro Rui Rodrigues:
penso que diz uma verdade importante.
Nunca se pensou globalmente numa estratégia de médio/longo prazo.
Pelo menos nos ultimos quinze anos não me recordo.
A unica estratégia pensada para uma prazo longo foi o complexo desportivo.
que foi um conceito tão inovador que fomos o primeiro clube a nivel nacional a dispôr de uma infraestrutura desse tipo