Publiquei hoje este artigo no "Diário do Minho"
O candidato á liderança do PSD, Luís Marques Mendes, escreveu uma carta aos militantes do distrito de Braga pedindo o seu apoio para as eleições directas de 28 de Setembro.
Normal.
Anormal é o texto da carta.
Em que Marques Mendes,que reside em Lisboa há mais de vinte anos e há mais de dez não tem nenhuma actividade partidária distrital ou representação institucional do distrito, vem evocar um passado remoto como argumento para legitimar um apoio futuro.
Várias vezes cabeça de lista por Aveiro(são conhecidas as suas afirmações de que só aceitaria ser cabeça de lista por esse circulo)e também com uma passagem por Viana no curriculum, soa a anedótico pretender evocar uma ligação especial a este distrito apenas porque cá nasceu e cá fez a parte inicial da sua carreira politica.
E o facto de manter a inscrição em Fafe,que não a militância nessa secção,teve como corolário conhecido o lá ter obtido o espantoso número de onze votos nas eleições directas do passado ano.
O que Marques Mendes não diz nessa carta,mas devia dizer,é que o partido se encontra nesta situação por causa das opções politicas completamente erradas ,de que ele é o primeiro responsável, feitas em Lisboa e que tiveram o conhecido desfecho de oferecer o maior município do País ao Partido Socialista.
O que Marques Mendes não diz,mas devia dizer,é que a instabilidade interna do partido é da sua exclusiva responsabilidade ao demitir-se e provocar a antecipação das eleições directas que deviam ter lugar apenas em 2008.
O que Marques Mendes não diz,mas devia dizer, é que foram as suas sucessivas derrotas nos debates com José Sócrates que criaram um estado de desânimo e descrença no partido como há mais de vinte anos não se via.
O que Marques Mendes não diz,mas devia dizer,é que foi a debandada de dirigentes da sua comissão politica nacional que levou a que a mesma se encaminhasse para uma preocupante,e inédita,situação de correr o risco de terminar mandato tendo mudado mais de metade dos seus elementos.
Mas há coisas que Marques Mendes diz na carta e não devia dizer.
Marques Mendes diz,e não devia dizer,que liderou o partido em condições dificílimas (da maior parte das quais é ele o responsável !)porque,e cito, “… alguns companheiros nossos a fazerem mais o jogo dos adversários do que a defenderem os interesses do PSD…”.
E não devia dizer apenas porque não é verdade.
Porque o PSD é um partido de gente livre, com opinião e no qual o debate interno sempre fez parte da marca genética do partido.
Bastará recordar a forma como Mendes fez oposição a Durão Barroso,em que foi muito mais longe em violência critica do que alguns dos supostos adversários internos dele próprio, para perceber que Marques Mendes tem dois pesos e duas medidas.
O peso do que ele faz e a medida do que ele diz e o peso e a medida do que os outros fazem e dizem.
Aliás duas notas que importa relembrar:
A primeira para recordar que uma vez eleito em Pombal, por curtíssima diferença,Marques Mendes não fez rigorosamente nenhum esforço,que a ele cabia como líder,para se aproximar da outra parte.
E teria sido fácil.
A segunda, em termos de quem se queixa de falta de solidariedade,para relembrar o comportamento de Mendes perante Santana Lopes logo na noite da derrota das legislativas.
Eivado da mais completa falta de solidariedade e traduzindo um frenesim de conquista do poder a qualquer preço.
Mas há a outra parte.
O que Mendes diz e não devia dizer.
Marques Mendes diz, e não devia dizer, “…ganhamos eleições…”.
Quem ganhou eleições foi o professor Cavaco Silva e os autarcas do PSD.
Porque as presidenciais são eleições pessoais e não há em Portugal ninguém, com umas excepções localizadas, que se atreva a dizer que Cavaco não ganharia sem o apoio de Mendes.
E porque quem ganhou as autárquicas foram os candidatos ás autarquias( incluindo, e com importantes vitórias, alguns dos que Mendes considera adversários internos) entre os quais ninguém viu o nome de Marques Mendes.
Porque esse, até á responsabilidade de voltar a encabeçar a lista da assembleia municipal de Oeiras, fugiu.
Marques Mendes diz, e não devia dizer que ,volto a citar, “..há ano e meio criei as directas. para dar mais força aos militantes de base…”.
Falso.
Completamente falso.
As directas foram aprovadas no congresso de Lisboa em 2006,por proposta de Luís Filipe Menezes, e após árdua resistência da direcção do partido que só cedeu quando percebeu que ia perder a votação.
As directas foram criadas contra a vontade de Marques Mendes.
Essa é a verdade.
Basta consultar os documentos do congresso.
E quanto ao dar mais força as bases basta ver o que se passa em termos de pagamento de quotas para perceber que nunca na história do partido houve um líder tão pouco interessado em ouvir a opinião das bases.
Traduzida no voto livremente expresso.
A carta de Marques Mendes aos militantes do distrito de Braga vale, isso é verdade, por traduzir um estado de alma.
O de alguém que falhou, sabe que falhou e apesar de todos os vergonhosos condicionamentos administrativos entendeu que os militantes o vão penalizar por isso.
Porque, numa frase de que Marques Mendes se recordará de algum lado, o partido tem de mudar de vida.
E a data da mudança já está marcada.
A 28 de Setembro com Luís Filipe Menezes.
O candidato á liderança do PSD, Luís Marques Mendes, escreveu uma carta aos militantes do distrito de Braga pedindo o seu apoio para as eleições directas de 28 de Setembro.
Normal.
Anormal é o texto da carta.
Em que Marques Mendes,que reside em Lisboa há mais de vinte anos e há mais de dez não tem nenhuma actividade partidária distrital ou representação institucional do distrito, vem evocar um passado remoto como argumento para legitimar um apoio futuro.
Várias vezes cabeça de lista por Aveiro(são conhecidas as suas afirmações de que só aceitaria ser cabeça de lista por esse circulo)e também com uma passagem por Viana no curriculum, soa a anedótico pretender evocar uma ligação especial a este distrito apenas porque cá nasceu e cá fez a parte inicial da sua carreira politica.
E o facto de manter a inscrição em Fafe,que não a militância nessa secção,teve como corolário conhecido o lá ter obtido o espantoso número de onze votos nas eleições directas do passado ano.
O que Marques Mendes não diz nessa carta,mas devia dizer,é que o partido se encontra nesta situação por causa das opções politicas completamente erradas ,de que ele é o primeiro responsável, feitas em Lisboa e que tiveram o conhecido desfecho de oferecer o maior município do País ao Partido Socialista.
O que Marques Mendes não diz,mas devia dizer,é que a instabilidade interna do partido é da sua exclusiva responsabilidade ao demitir-se e provocar a antecipação das eleições directas que deviam ter lugar apenas em 2008.
O que Marques Mendes não diz,mas devia dizer, é que foram as suas sucessivas derrotas nos debates com José Sócrates que criaram um estado de desânimo e descrença no partido como há mais de vinte anos não se via.
O que Marques Mendes não diz,mas devia dizer,é que foi a debandada de dirigentes da sua comissão politica nacional que levou a que a mesma se encaminhasse para uma preocupante,e inédita,situação de correr o risco de terminar mandato tendo mudado mais de metade dos seus elementos.
Mas há coisas que Marques Mendes diz na carta e não devia dizer.
Marques Mendes diz,e não devia dizer,que liderou o partido em condições dificílimas (da maior parte das quais é ele o responsável !)porque,e cito, “… alguns companheiros nossos a fazerem mais o jogo dos adversários do que a defenderem os interesses do PSD…”.
E não devia dizer apenas porque não é verdade.
Porque o PSD é um partido de gente livre, com opinião e no qual o debate interno sempre fez parte da marca genética do partido.
Bastará recordar a forma como Mendes fez oposição a Durão Barroso,em que foi muito mais longe em violência critica do que alguns dos supostos adversários internos dele próprio, para perceber que Marques Mendes tem dois pesos e duas medidas.
O peso do que ele faz e a medida do que ele diz e o peso e a medida do que os outros fazem e dizem.
Aliás duas notas que importa relembrar:
A primeira para recordar que uma vez eleito em Pombal, por curtíssima diferença,Marques Mendes não fez rigorosamente nenhum esforço,que a ele cabia como líder,para se aproximar da outra parte.
E teria sido fácil.
A segunda, em termos de quem se queixa de falta de solidariedade,para relembrar o comportamento de Mendes perante Santana Lopes logo na noite da derrota das legislativas.
Eivado da mais completa falta de solidariedade e traduzindo um frenesim de conquista do poder a qualquer preço.
Mas há a outra parte.
O que Mendes diz e não devia dizer.
Marques Mendes diz, e não devia dizer, “…ganhamos eleições…”.
Quem ganhou eleições foi o professor Cavaco Silva e os autarcas do PSD.
Porque as presidenciais são eleições pessoais e não há em Portugal ninguém, com umas excepções localizadas, que se atreva a dizer que Cavaco não ganharia sem o apoio de Mendes.
E porque quem ganhou as autárquicas foram os candidatos ás autarquias( incluindo, e com importantes vitórias, alguns dos que Mendes considera adversários internos) entre os quais ninguém viu o nome de Marques Mendes.
Porque esse, até á responsabilidade de voltar a encabeçar a lista da assembleia municipal de Oeiras, fugiu.
Marques Mendes diz, e não devia dizer que ,volto a citar, “..há ano e meio criei as directas. para dar mais força aos militantes de base…”.
Falso.
Completamente falso.
As directas foram aprovadas no congresso de Lisboa em 2006,por proposta de Luís Filipe Menezes, e após árdua resistência da direcção do partido que só cedeu quando percebeu que ia perder a votação.
As directas foram criadas contra a vontade de Marques Mendes.
Essa é a verdade.
Basta consultar os documentos do congresso.
E quanto ao dar mais força as bases basta ver o que se passa em termos de pagamento de quotas para perceber que nunca na história do partido houve um líder tão pouco interessado em ouvir a opinião das bases.
Traduzida no voto livremente expresso.
A carta de Marques Mendes aos militantes do distrito de Braga vale, isso é verdade, por traduzir um estado de alma.
O de alguém que falhou, sabe que falhou e apesar de todos os vergonhosos condicionamentos administrativos entendeu que os militantes o vão penalizar por isso.
Porque, numa frase de que Marques Mendes se recordará de algum lado, o partido tem de mudar de vida.
E a data da mudança já está marcada.
A 28 de Setembro com Luís Filipe Menezes.
8 comentários:
29 de outubro falamos..
Grande artigo. Parabéns!
Apoiado!
LUis Cirilo não diz e devia dizer que Mendes, no Verão e Outono seguintes a Pombal, mandou os seus apoiantes desembaraçarem-se de todos os Menezistas -foi 'caça às bruxas' que levou à situação que temos...
Isto faz-me lembrar algo de muito parecido que aconteceu em 2005, a quando das primeiras directas do PSD.
Sem dúvida um grande lider à altura do seu medo de luta efectiva.
Mas vamos lá ver se se quebra a regra do "baronismo" e renasce o PSD dos velhos tempos e dos tempos de futuro.
esta agora não entra directo...qual é o receio??????
Caro Luís Cirilo,
Quando diz que "as directas foram aprovadas no congresso de Lisboa em 2006,por proposta de Luís Filipe Menezes, e após árdua resistência da direcção do partido...criadas contra a vontade de Marques Mendes" tenho de lhe dizer que isso é falso.
Fui, como sugeriu "consultar os documentos do congresso" para verificar que a proposta de MM contemplava essa alteração. Para verificar o erro cometido poderá verificar a proposta da CPN:
http://eventos.psd.pt/xxviii/default.asp
Um abraço
Res Publica
respublicainvictas.blogspot.com
Marques Mendes até queria que toda a comissão política nacional fosse eleita directamente por todos os militantes, o que era muito mais transparente, mas os subscritores das outras moções não tiveram tanta coragem. Quando se reuniram para encontrarem o consenso possível, ficou só o presidente a ser eleito directamente pelos militantes.
O povo é quem mais ordena e mais sabe!!!
Parabéns Luis pela fantástica vitória!
Pode ser que agora o teu partido se vire para os militantes e para o país, em vez de, como outros, fazer conferências em hoteis de luxo, como tu já disseste uma vez num post!
Será este o fim dos "barões" e a entrega do poder a quem mais sabe e merece?
Mendes deitou abaixo Santana, mas Menezes veio fazer justiça!!!
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