domingo, março 07, 2021

Metro de Esposende

Em 25 de Abril de 1974 Portugal Continental tinha o território coberto por uma rede ferroviária que  de norte a sul chegava a todo o lado sendo possível, a título de exemplo, viajar de comboio desde  Monçao no extremo norte do Minho até Vila Real de Santo António no extremo sul do Algarve.
A seguir ao 25 de Abril sucessivos governos "entretiveram-se" a dar cabo da rede ferroviária nacional encerrando linhas e privando as populações daquele que era, em muitos casos, o seu único meio de trasnporte a liga-las ao litoral e aos grandes centros.
A imagem que ilustra este texto é bem demonstrativa disso mostrando a preto as linhas que sobreviveram à incompetência e falta de visão desses governos e a dourado aquelas que foram vitímas deles ao longo dos anos.
Trás-osMontes, Beira Alta, Beira Baixa e Alentejo foram altamente prejudicados por essas decisões perdendo centenas de quilómetros de via férrea e condenando as suas populações ao isolamento ou a abandonarem as suas regiões e migrarem para o litoral com todas as consequências conhecidas de desertificação do interior.
Hoje é claramente assumido que o comboio é o transporte do futuro (e com futuro)  por razões ambientais, económicas e  até de conforto dos passageiros pelo que em vários pontos do globo se assiste a uma aposta na construção de novas ferrovias para potenciarem esse meio de transporte.
Desde linhas de alta velocidade a linhas para transporte de mercadorias e, imagine-se, até para fins turistícos se recuperam velhas e se constroem novas linhas.
Leva-nos este intróito ao tema deste texto.
Esposende, onde resido há vários anos, tem boas ligações rodovíárias por estrada e auto estrada mas não tem nem nunca teve uma ligação ferroviária.
A linha do Minho, que liga o Porto a Valença ( e outrora ia até Monção), passa em Barcelos e a antiga linha da Póvoa, que ligava o Porto à Póvoa de Varzim, foi há muito encerrada e bem  substituida por uma linha do metro do Porto que faz o mesmo percurso.
E a questão está aí.
Porque não pensar-se em estender a linha de metro desde a Póvoa até Esposende ?
O terreno não oferece nenhuma dificuldade em termos de construção da linha , não tem acidentes naturais nem cursos de água a complicarem e a estação terminal podia perfeitamente ser na vila de Fão evitando a necessidade de construir uma ponte para cruzar o Cávado.
E essa linha, que permitiria ligar Fão à Póvoa em quinze minutos, mais coisa menos coisa, e depois a Vila do Conde, Maia, Matosinhos, aeroporto Francisco Sá Carneiro e Porto teria para o concelho de Esposende um enorme interesse e uma enorme utilidade.
São muitas pessoas que residem em Esposende e diariamente se deslocam para esses destinos para trabalharem ou estudarem e que poderiam fazê-lo de comboio ao invés de terem de utilizar os seus automóveis ou carreiras de autocarro francamente pouco funcionais e muito demoradas.
A par daquelas que tem de viajar a partir do aeroporto e que poderiam comodamente deslocar-se no comboio ao invés de terem de ser lá levadas por terceiros ou deixarem os seus carros em parques de estacionamento do aeroporto com tarifas carissímas.
Com a vantagem adicional, e nada depreciável, de reforçar Esposende como destino turistico permtindo que aqui se deslocassem os turistas que visitam o Porto, desembarcam no terminal de cruzeiros de Matosinhos ou aterram no aeroporto.
Creio que não sendo fácil (nomeadamente por razões financeiras) este objectivo de as linhas do Metro do Porto chegarem a Esposende é ainda assim perfeitamente exequível e pode bem ser uma primeira bandeira de desenvolvimento do município e de preparação para o seu futuro.
E em ano de eleições autárquicas não tenho qualquer dúvida que quem quiser asumir este objectivo nele encontrará um importantissímo trunfo eleitoral.
Depois Falamos.

3 comentários:

Pedro Valente disse...

Apoiado

Anónimo disse...

É necessário reforçar esta ideia, que parece esquecida, porém as condições permanecem as mesmas! Lastima de transporte publico, e continua a haver muitos estudantes e trabalhadores na área metropolitana do porto!
Se a população não bate o pé e exige as condições ou pelo menos, faz alarido, nunca iremos ser ouvidos.
Estamos tão perto e tão longe de ter um metro em Esposende ou até, uma linha individual que se junta na Póvoa de Varzim.
Acordem!

luis cirilo disse...

Caro Anónimo
De facto esta ideia não tem sido minimamente equacionada por quem de direito. Nem sequer vejo os primeiros interessados, os esposendenses, a defenderem algo que só traria vantagens ao município e muito em especial a eles próprios.
O prolongamento da linha de metro da Póvoa até Fão para lá das vantagens mencionadas no texto ainda traria outra que era proporcionar uma ligação a Campanhã e portanto aos comboios que liga o Porto a Lisboa e a linhas internacionais. Bem como ao futuro TGV. Falta poder reivindicativo.