"Ninguém" quer o novo aeroporto no Montijo.
Não querem as autarquias mais directamente afectadas, não querem as populações , não querem as associações ambientalistas receando o impacto no meio ambiente local, não quer a autoridade nacional da avião civil.
Não quer boa parte da opinião pública conforme algumas sondagens tem revelado.
Não querem a maior parte dos partidos da oposição conforme declarações públicas dos mesmos ao longo dos tempos.
Mas o governo quer.
E a Vinci, empresa francesa com maior volume de negócios a nível mundial na área da construção, detentora da portuguesa ANA (Aeroportos e Navegação Aérea), também quer por razões óbvias que passam pela negócio de muitos milhões que representa a construção do aeroporto.
Quer o governo, quer a multinacional com volume significativo de negócios no nosso país ( e todos sabemos da subserviências dos governos PS às multanacionais e aos grandes negócios) então onde está o problema?
Está na lei.
Que obriga a que todas as autarquias abrangidas pelo novo aeroporto deêm parecer favorável á construção do mesmo para que este possa avançar.
" Azar dos Távoras" as autarquias do Seixal e da Moita são contra e deram parecer negativo.
Pelo que o aeroporto , face ao previsto na lei, não poderá ser construído.
Numa democracia perfeita isso levaria a que o governo estudasse outras localizações para a construção do aeroporto em conformidade com o que lei prevê e no pleno respeito da sempre tão apregoada autonomia do Poder Local.
Mas António Costa, Pedro Nuno Santos e o restante governo tem da democracia uma ideia muito rudimentar e como qualquer aprendiz de tiranete detestam ser contrariados ainda por cima num negócio que envolve tantos e tão apetecíveis milhões e milhõezinhos.
E então descobriram uma solução com base na "xico espertice" que nunca lhes falta neste e noutros momentos.
Se a lei estorva...muda-se a lei.
Uma solução que de Putin a Chavez passando por Kim Jong Il já era conhecida e testada com sucesso nesses paises.
E noutros da Ásia a África.
Mas em Portugal, democracia razoavelmente imperfeita, há aquele detalhe de para mudar esta lei ser necessária uma maioria no Parlamento que o governo desde o espalhanço da geringonça tem cada vez mais dificuldade em reunir.
Porque o BE está cada vez mais distante e é contra a opção Montijo , a CDU defende a opção Alcochete e não iria cometer o "hara quiri" de ir contra a opinião de duas câmaras suas, o PAN também é contra e CDS, Chega e IL não chegavam para a necessária maioria mesmo que o quisessem.
Restava o PSD.
Que sem surpresa, face ao seu histórico perante este governo desde que é liderado por Rui Rio, se ofereceu prontamente para ajudar o governo naquilo que o governo precisa fazendo tábua rasa do seu estatuto de maior partido da oposição(?), ignorando o que sempre defendeu sobre descentralizção e regionalização com tudo que isso implica de passagem de competências e atribuições do poder central para o poder local, prontificando-se para ser parceiro activo na mudança de uma lei que apenas interessa ao governo e à multinacional que por trás mexe alguns cordelinhos.
Dando em ano de autárquicas uma visão catastrófica (para ele PSD) do que realmente pensa sobre o Poder Local, a sua autonomia e as decisões dos seus orgãos próprios.
Esquecendo, até, os multiplos agravos, desconsiderações e malcriadices de que tem sido alvo no Parlamento por António Costa, Augusto Santos Silva, Eduardo Cabrita, Pedro Nuno Santos e mais alguns.
Mas o ajudar o governo e merecer um elogio por poucochinho que seja do primeiro ministro vale mais que tudo isso.
E por isso o PSD vai apanhar o "avião" pilotado pelo PS rumo ao aeroporto do Montijo nele ocupando o lugar do pessoal de cabine que serve os passageiros (no caso a Vinci) mas não decide rigorosamente nada em termos de rotas e outras opções importantes durante a viagem.
Um dia este Bloco Central vai acabar mal e o "avião" em que PS e PSD seguem juntos vai despenhar-se com o estrondo que é fácil de imaginar.
E na consulta às caixas negras do aparelho desconfio que se vai saber tanta mas tanta coisa interessante sobre esta e outras viagens que mal se pode esperar por esse dia.
Registando a curiosa ironia de as caixas negras dos aviões serem...cor de laranja.
Depois Falamos.
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