O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.
Agora que o PSD vai realizar o 37º
congresso da sua História, daqui por um mês, recordo alguns dos 23 em que
estive presente ao longo dos anos
O primeiro em que estive presente,como
delegado da JSD, foi o de 1983 em Albufeira.
Foi o congresso da "troika"
dirigente que liderada formalmente por Nuno Rodrigues dos Santos era-o, na
verdade,por Mota Pinto.
Os delegados do distrito de Braga foram,
na sua esmagadora maioria, num autocarro fretado pela distrital que saiu de
Braga ás seis e tal da manhã e chegou a Albufeira ás cinco da tarde.
Os trabalhos decorreram numa sala do Hotel
Montechoro longe do gigantismo dos espaços onde agora decorrem os congressos.
Outros tempos.
No ano seguinte (nesse tempo a
periodicidade era anual) o congresso foi em Braga no Teatro Circo.
Estive presente como delegado da JSD
distrital apoiando a moção da "Nova Esperança" liderada por Marcelo
Rebelo de Sousa e da qual faziam parte Pedro Santana Lopes, José Miguel Júdice,
José Manuel Durão Barroso, etc.
Guardo a memória de um congresso bem
animado.
Não estive em 1985 num dos mais mediáticos
congressos de sempre do PSD.
O que elegeu Cavaco Silva como líder.
Uma "falha" que só não é
imperdoável porque se deveu a muito boas razões.
Em 1986 lá estive no Coliseu de Lisboa na
consagração de Cavaco que tinha acabado de vencer as eleições. Um ambiente de
pura apoteose.
Do congresso de 1988 (tinham passado a ser
de dois em dois anos) novamente no Coliseu, não guardo nenhuma memória especial
a não ser o facto de os delegados de Guimarães terem arranjado quartos numa
residencial que então existia em frente ao edifício. Recordo-me que da varanda
se via perfeitamente a entrada principal do edifício,quem entrava e quem saía.
Em 1990, com o PSD a governar em maioria
absoluta, o congresso foi no pavilhão Carlos Lopes (Lisboa) e foi daqueles sem
história.
Em 1992 não estive no congresso do Porto
no pavilhão Rosa Mota.
Mas em 1995 estive no Coliseu.
No mais mediático congresso do PSD de
sempre.
Aquele em que Fernando Nogueira e Durão Barroso
disputaram arduamente a liderança.
Um conclave histórico.
Nele iniciei um ciclo de 18 presenças
consecutivas em congressos!
Em 1996 em Vila da Feira o congresso
elegeu Marcelo como líder e eu fui, pela primeira vez, eleito para o Conselho
Nacional na lista do novo líder.
Foi um congresso cheio de peripécias a
maior das quais terá sido a apoteótica recepção a Cavaco Silva na sessão de
encerramento.
Sob a liderança de Marcelo realizaram-se
três congressos em volta de questões estatutárias e programáticas.
No Coliseu de Lisboa ainda em 1996, em
Tavira em 1998 onde se dá a ruptura entre Marcelo e Durão Barroso e no Coliseu
do Porto já em 1999 com uma enorme polémica por causa dos dois terços na
aprovação das alterações estatutárias.
Ainda em 1999 Marcelo sai e Durão Barroso
é eleito líder no congresso de Coimbra sem oposição e num congresso sem
história.
Em 2000 em Viseu a liderança é disputada a
Barroso por Marques Mendes (com Passos Coelho como candidato a
secretário-geral) e Santana Lopes tendo o líder renovado o mandato com um
resultado ligeiramente acima dos 50%.
Foi o congresso em que Durão Barroso me
convidou para secretário-geral adjunto cargo que exerceria nos dois anos
seguintes.
Em 2002 o PSD voltou ao Coliseu de Lisboa.
Com Durão Barroso já primeiro-ministro foi
outro congresso sem história e do qual não guardo memória especial.
O mesmo se pode dizer do congresso
seguinte, em 2004 realizado em Oliveira de Azeméis, que seria o ultimo de
Barroso como líder visto já estar a fazer as malas para Bruxelas embora isso na
altura fosse segredo de Estado.
Ainda em 2004, mas já em Novembro, o
congresso foi em Barcelos e destinou-se, essencialmente, a ratificar a
liderança de Pedro Santana Lopes que sucedera a Barroso no partido e no
governo.
Um congresso em que apesar do aparente
clima de unidade já se pressentiam alguns "posicionamentos" para o
que aconteceria meses depois.
Do congresso de 2005, em Pombal, as
memórias que tenho (do antes e do durante) davam para um...livro.
Foi o ultimo em que o líder foi eleito em
congresso e ficará para a história como um combate épico entre Luís Marques
Mendes e Luís Filipe Menezes que o primeiro venceria à tangente naquilo que
depois se perceberia ser uma vitória de Pirro.
Em 2006, na sala Tejo do pavilhão
Atlântico, decorreria um congresso estatutário em que seriam aprovadas as
eleições directas do líder sob proposta de Luís Filipe Menezes e que seriam o
primeiro passo para a sua ascensão à liderança.
Ainda em 2006, e realizadas as primeira
"directas" a que Marques Mendes concorreu sozinho depois de chumbada
a candidatura de José Alberto Pereira Coelho, realizou-se um congresso electivo
na Póvoa de Varzim e que foi mais um passo em frente na estratégia de Menezes
conquistar a liderança.
A melhor memória que tenho é a da auto
caravana que os apoiantes de Menezes estacionaram em frente ao pavilhão e onde
funcionava o gabinete de apoio às candidaturas apresentadas aos vários orgãos.
Passei lá dois dias de intenso trabalho e
só de lá saí para as refeições (quando havia tempo...) e para ir dormir. No
congresso...mal entrei.
O congresso seguinte foi em 2007, em
Torres Vedras, foi o da consagração de Luís Filipe Menezes que tinha
acabado de derrotar em "directas" o anterior líder e iniciava uma
liderança que não se estendeu por muito tempo.
Recordo bem que no dia de encerramento do
congresso fui jantar com alguns amigos e "profetizei" sem prazer e
com alguma tristeza que a liderança não duraria mais de seis meses.
Infelizmente tive razão.
Para quem tinha estado sempre presente ao lado
de Menezes entre 2005 e 2007 (outro período que dava um ...livro) era fácil
perceber que os indícios saídos das escolhas feitas não podiam dar noutra coisa
senão naquilo que deram.
O congresso de 2008 foi no Multiusos de
Guimarães.
A líder eleita era Manuela Ferreira Leite
que tinha vencido Pedro Passos Coelho e Santana Lopes mas por resultados tão
aproximados que o partido ficou "partido" em três.
Tendo apoiado de perto a campanha de
Santana Lopes ainda hoje acho que se ele tem arrancado mais cedo tinha vencido.
Não foi possível e infelizmente o PSD não
ganhou nada com isso.
Do congresso recordo algumas peripécias
engraçadas a melhor das quais foi depois de ter sido recusada ás candidaturas
de Passos e Santana instalações próprias no pavilhão ter sido possível arranjar
por portas travessas (leia-se gentileza do Amadeu Portilha) um gabinete para a
candidatura de Santana Lopes bem melhor que aquele atribuído à líder eleita.
Desse congresso guardo, apesar da derrota
nas directas, muito boas memórias pessoais.
O congresso de Mafra, em 2010, com Manuela
Ferreira Leite de saída foi um contar de espingardas entre Passos Coelho,Paulo
Rangel e Aguiar Branco que daí a dias disputariam a liderança em novas eleições
directas.
Ainda em 2010 , em Carcavelos (Cascais),
seria entronizado Passos Coelho que entretanto vencera as directas e iniciava o
seu caminho para o poder num congresso sem grande história.
Finalmente em 2012, novamente na sala Tejo
do Pavilhão Atlântico, com o PSD no poder e Passos Coelho a primeiro-ministro
estive presente no meu 18ºcongresso consecutivo que seria o último dessa longa
série iniciada em 1995 no Coliseu de Lisboa.
Um congresso sem grande história também.
Não estive no 35º, no Coliseu de Lisboa,
que ficará mais para a história como aquele em que Marcelo foi provar que tinha
o "povo laranja" com ele do que por qualquer outra razão
politicamente susceptível de merecer recordação.
Também não fui a Espinho ao seu 36º congresso.
E também não irei ao trigésimo sétimo ,em
Lisboa, que consagrará Rui Rio e dará início a um período da vida do PSD sobre
o qual tenho as maiores interrogações.
E preocupações...