Desde o início de mandato dos actuais órgãos autárquicos que o PSD vem
propondo, em sede de Assembleia Municipal, que as sessões desta sejam
transmitidas em directo numa página da internet para que os vimaranenses possam
na tranquilidade das suas casas seguirem as sessões da sua assembleia
municipal.
É uma proposta que para além de permitir aos cidadãos essa comodidade,
evitando deslocações que nalguns casos com ida e volta serão de dezenas de
quilómetros, também contribui para a aproximação entre eleitos e eleitores com
notórios benefícios na imagem do órgão autárquico.
É algo que já acontece em muitos outros municípios com maioria
socialista como Guimarães podendo citar-se a titulo de exemplo Lisboa, o maior
município do país, e Cabeceiras de Basto no nosso distrito para além de Fafe
que aprovou na passada sexta-feira, por proposta do PSD local, que doravante
também as sessões da sua assembleia passarão a ser transmitidas via internet.
Em Guimarães é que não porque o PS não deixa.
Devo dizer que por vezes, ao ouvir algumas intervenções da bancada
socialista, quase percebo a teimosia em não deixarem os vimaranenses terem
amplo acesso às sessões mas creio que a transparência deve sempre e em qualquer
circunstância ser um valor primeiro para os eleitos pelo povo.
Mas para além dessas questões importantes da transparência, da
aproximação entre eleitos e eleitores, do respeito pelos cidadãos há outras
razões que fazem o PSD lamentar esta obstinação socialista em manter uma “lei
da rolha” quanto à transmissão das assembleias.
É que o PS, como por exemplo na última sexta-feira, proporciona
momentos de bom humor, de entretenimento e deleite democrático face ao que os
outros partidos presenciam das actuações de deputados socialistas que sobem ao
palco e é pena que muitos vimaranenses não possam assistir também.
Na sexta-feira cheguei a pensar que estávamos num verdadeiro “Got
Talent Guimarães”!
Com meia dúzia de “concorrentes” socialistas a subirem ao palco para
exibirem os seus talentos oratórios, perante o moderado entusiasmo da sua
“família” em maioria na “plateia” e o olhar embevecido do “júri” e do seu
presidente.
Manda a verdade que se diga que nem foram muito criativos, tão pouco
originais ou diferenciados nos “números” que protagonizaram, porque o “guião
foi igual para todos e seguiu cinco pontos obrigatórios:
- Louvar entusiasticamente a Câmara.
- Criticar verrinosamente a Oposição PSD/CDS/MPT
- Elogiar o governo da geringonça e criticar o do PSD/CDS.
- Mostrar ao presidente da Câmara a mais intensa das solidariedades.
- Proclamar que é Deus no céu, Domingos Bragança na terra e Guimarães o “jardim do Éden”.
Com uma ou outra nuance, como a obstinação em falarem do programa
eleitoral da coligação “Juntos por Guimarães” de 2013 quando o que está em
escrutínio na assembleia é obviamente o programa de quem ganhou as eleições e
foi mandatado pelos vimaranenses para dirigir o município, os diversos
“concorrentes” socialistas alinharam pelo mesmo diapasão e proporcionaram
momentos de bom humor embora não possam ser levados muito a sério tal a
divergência entre a realidade e as suas fantasiosas “actuações” talvez já
influenciadas pelo espirito de Carnaval.
A verdade é que as fizeram dando animação ao “concurso” e merecendo do
presidente do “júri” acenos de
concordância e trocas de opinião com os restantes “jurados”, que sentados à sua
volta e conscientes de que a sua opinião vale cada vez menos (e por isso nenhum
deles foi sequer chamado a avaliar” concorrentes”), se limitavam a ouvir e
calar.
O que terá corrido menos bem, mas isso é algo que a “produção” do
“concurso” terá que resolver internamente, foi o pormenor de quando o
presidente do júri se pronunciava sobre as actuações dos “concorrentes”, mesmo
quando o fazia num tom de voz a exigi-los, os aplausos eram escassos ou nenhuns
o que de alguma forma contradizia os pontos 1) 4) e 5) do guião anteriormente
citado.
Foi, no que aos “concorrentes “ do PS diz respeito, uma sessão
proveitosa do “Got Talent Guimarães” e mais um passo nas bem animadas “primárias”
socialistas para vereador que se vem disputando por todo o concelho.
E como até ao final do mandato ainda haverá mais sessões do “Got
Talent” é de esperar que os “concorrentes” socialistas sem fugirem ao guião
definido ainda apresentem novos “números” e actuações mais convincentes para
tentarem convencer o presidente do “júri” dos seus talentos e capacidades para
serem vereadores.
Não sei é se vale a pena tanto trabalho, tanto empenho, tanto
fundamentalismo para serem vereadores da oposição.
Mas eles lá saberão as linhas com que se cosem…