segunda-feira, março 17, 2025

LPFP

 Júlio Mendes desiste da candidatura à presidência da Liga
Tenho acompanhado com algum interesse este período pré eleitoral na Liga Portuguesa de Futebol Profissional que irá escolher o sucessor de Pedro Proença à frente da instituição.
E acompanho com o interesse de saber que esta é uma eleição das mais importantes na história da liga, quiçá a mais importante, porque é no próximo mandato dos seus orgãos sociais que se vai decidir (pelo menos assim se espera face ao calendário estabelecido) uma questão fundamental para o futuro do futebol profissional em Portugal como o é a negociação centralizada dos direitos televisivos.
Fruto da qual, se bem feita, poderemos ter um futebol mais equilibrado, mais competitivo, mais atraente para investidores e patrocinadores por força de uma mais racional e justa distribuição dos dinheiros da televisão que permitirão elevar o nível competitivo de todos os clubes profissionais.
Algo que noutros países e noutras culturas (e não apenas na cultura desportiva) seria aceite como algo de natural e de bem vindo mas estamos em Portugal e não noutros países pelo que aquilo que se afigura como evidente está longe de o ser para todos.
Porque em Portugal há três clubes que se consideram "donos disto tudo" e que entendem os outros como meros vassalos que outro papel não tem que não seja servir os seus interesses e proporcionarem uns treinos animados às suas equipas.
E há também alguns  dirigentes desses outros clubes que aceitam fazer essa triste figura de servos obedientes por mais absurdo que tal pareça há que dizê-lo!
Daí que esses três clubes vejam a negociação centralizada dos direitos televisivos não como um passo importante na evolução do nosso futebol mas como uma ameaça aos seus feudos e por isso se predisponham a pela frente a apoiarem mas na sombra fazerem tudo para a atrasar ou no mínimo não perderem nenhum privilégio financeiro com a mesma.
Daí a importância da Liga nesse processo.
Porque ou pugna por uma negociação justa, ainda que desagradando a esses três, ou tipo "maria vai com as outras" deixa andar e será como os "donos disto tudo" quiserem.
Em suma interessa aos defensores do imobilismo que a Liga tenha pouco poder, pouca influência, seja dirigida por alguém enfraquecido eleitoralmente e acabe por se tornar insignificante no processo negocial.
E para isso nada melhor que a proliferação de candidatos porque quanto mais surgirem menos abrangência terá o triunfo do que vier a vencer e daí que inicie funções já enfraquecido pela falta de dimensão do seu triunfo eleitoral
E por isso aos candidatos há muito assumidos- Júlio Mendes e Reinaldo Teixeira- se juntou inopinadamente José Gomes Mendes (numa daquelas "curiosidades" em que o nosso futebol é fértil trata-se do actual presidente da Mesa da AG da Liga e como tal o responsável pela marcação do acto eleitoral) sendo provável que ainda possa aparecer um ou outro candidato em prol da estratégia de fragmentação e enfraquecimento da próxima direção da Liga.
Creio que foi por ter percebido isso, e não querendo prestar-se ao papel que alguns destinam ao próximo presidente da instituição, que Júlio Mendes retirou a sua candidatura deixando no terreno, para já, os outros dois candidatos.
Ambos com curriculos interessantes a nível profissional, com experiência desportiva diversa nomeadamente na Liga , no associativismo distrital e noutras modalidades, mas nunca tendo qualquer um deles dirigido um clube profissional de futebol o que é do meu ponto de vista uma menos valia nos respectivos perfis.
Sendo certo que é difícil não olhar para José Mendes como um continuidade do "Proençismo" por interposta pessoa e para Reinado Teixeira como alguém que vivendo há 30 anos dentro do "sistema" terá muita dificuldade em ser um agente renovador à altura do que o nosso futebol precisa.
Em suma nada como prudentemente esperar para ver em que ponto param as modas mas parece-me inequivoco que a batalha pró e contra uma boa negociação dos direitos televisivos já começou.
Depois Falamos.

https://www.abola.pt/futebol/noticias/julio-mendes-desiste-da-candidatura-a-presidencia-da-liga-2025031420413391124

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