quinta-feira, agosto 01, 2024

Empatia

Na semana passada estive no casamento de um familiar em Sines. 
Com convidados maioritariamente do Minho, de onde os noivos são naturais, mas também do Baixo Alentejo onde trabalham. 
O copo de água realizou-se num típico monte alentejano e é lá que se passa a pequena história que vou contar. 
Tendo sido dos primeiros convidados a chegar ao monte reparei num miúdo de seis ou sete anos , filho de outros convidados, que andava por lá a jogar a bola sozinho porque da idade dele ainda não tinha chegado mais ninguém. 
Perguntei-lhe , enquanto dava uns toques com ele, de que clube era. 
A resposta não podia ser melhor. Era do Vitória e jogava nos Afonsinhos! Jogador preferido? Jota Silva é claro. 
E fez logo o gesto característico de Jota a festejar os golos. 
Passados uns minutos abeirou-se outro miúdo e deixei-os a jogarem um com o outro. 
Mas ainda vi o jovem vitoriano a interrogar o novo amigo sobre de que terra era e qual o clube dele. O outro miúdo respondeu que era e vivia em Santiago do Cacém e era de um clube de Lisboa. 
E devolveu as perguntas ao que o primeiro respondeu que era de Guimarães e adepto do Vitória. 
O miúdo de Santiago de Cacém quando ouviu o termo Vitória que fez? 
Isso mesmo, o gesto de Jota a festejar golos ou seja fez uma identificação automática entre clube e o seu jogador mais carismático. 
Um miúdo também ele de seis ou sete anos residente no Alentejo e que nunca vira o Vitória ao vivo. 
E isso fez-me reflectir sobre a forma como em apenas dois anos um jogador chamado Jota Silva conseguiu uma identificação tão grande entre a sua imagem e a imagem do clube para lá de uma empatia brutal com os adeptos do Vitória e não só. 
Tenho consciência clara que hoje um clube como o Vitória não tem condições para segurar um talento como Jota para lá de um primeiro contrato. 
Como também tenho a certeza que um jogador que se identifica desta forma com o clube e que potência de tal maneira a sua imagem tem de sair pelo seu justo valor , leia-se cláusula de rescisão (que no caso nem era nada de especial), sem descontos nem ilusórios possíveis benefícios futuros que tentem disfarçar o que não passa de uma deprimente venda em saldo. 
Assunto a que voltarei.
Depois Falamos.

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