quarta-feira, fevereiro 28, 2018

Regulamentos e Não Só

O meu artigo desta semana no zerozero.

A minha crónica de hoje debruça-se sobre um lance, de um normal jogo de futebol, mas cujas implicações e leituras vão muito para lá do próprio lance e do seu principal protagonista.
Refiro-me ao acontecido no último Sporting-Moreirense com a expulsão do sportinguista Gelson Martins por tirar a camisola nos festejos do golo que viria a significar o triunfo da sua equipa e marcado numa altura em que já poucos o acreditavam possível.
E esse lance, decisivo para o resultado mas também para o futuro próximo da equipa leonina, tem de ser visto em toda a sua dimensão e dele retirar algumas conclusões.
Desde logo porque tem um antecedente.
O primeiro cartão amarelo mostrado num lance defensivo em que Gelson teve de suprir a ausência de um colega e fazer falta sobre um adversário que caminhava em direcçao à área da sua equipa num lance de perigo relativo.
Aí, e bem, o árbitro Tiago Martins mostrou-lhe cartão amarelo e marcou a falta no sítio respectivo.
Ao contrário do acontecido na semana anterior, no Vitória-Braga, em que num lance em tudo semelhante o árbitro Rui Costa mostrou vermelho directo a Wakaso e marcou uma grande penalidade de todo inexistente.
Critérios diferentes para lances iguais ou a prova da mentira que o nosso futebol é.
Restando dizer que no jogo de Guimarães, e em dois lances em que se exigia a sua intervenção, o VAR ficou calado provando que de facto só existe para favorecer os que já são largamente favorecidos desde sempre.
Nos jogos em que esses não intervém o VAR não está para se incomodar.
A segunda conclusão do lance de Gelson prende-se com a reacção de Jorge Jesus.
Que tem toda a razão ao estar desapontado com a atitude do seu jogador numa fase crucial do campeonato e em que manifestamente agiu sem pensar no interesse da equipa.
Não há no futebol europeu, nem a nível dos grande colossos, nenhuma equipa que possa lutar em quatro frentes sem a perda de competitividade originada pela fadiga, pelas lesões, pelos abaixamentos de forma.
É humanamente impossível.
E o Sporting, cujo plantel tem quantidade e qualidade mas não tem muita quantidade na qualidade, depois de vencer a taça ctt ainda está na luta pelo titulo, pela taça de Portugal e pela Liga Europa.
Quando na véspera de um jogo decisivo, no qual uma derrota significará o adeus ao titulo, a equipa perde aquele que é provavelmente o seu maior talento porque este num gesto infantil tira a camisola sabendo que já tinha um amarelo e que portanto iria ver o vermelho face aos regulamentos é natural que isso cause no treinador a decepção bem patente nas palavras de Jesus.
Que com Bas Dost preso por “arames” ,e dificilmente recuperável para o “Dragão”, fica também sem Gelson que com ele é responsável por 80% do volume ofensivo da equipa.
E isto leva-nos à questão do profissionalismo versus maturidade.
Gelson Martins é um enorme talento, um jovem de elevado potencial e cuja carreira seguramente atingirá um patamar bastante elevado sendo crível que pouco mais tempo ficará pelo futebol português.
Mas ainda não é produto acabado nem em termos físico/técnicos nem em termos de maturidade como esta expulsão comprova.
E desse processo de maturação terá de fazer parte a interiorização de que o profissionalismo  dos tempos correntes é incompatível com atitudes como as que tomou que sendo de louvar no plano dos sentimentos e da solidariedade pessoal se tornam gravemente lesivas dos interesses da sua entidade patronal que são aqueles que deverá priorizar sempre e em qualquer circunstância.
Que num jogo absolutamente decisivo,  para o qual precisaria de todos os seus melhores jogadores, não vai poder contar com alguns por lesão e com ele próprio por uma acção disciplinar absolutamente evitável.
Dito isto, e a terminar, importa dizer o seguinte:
O golo é o objectivo maior do futebol e a sua maior alegria.
E a forma como os jogadores festejam os golos, às vezes com coreografias tão próprias, fazem parte do grande espectáculo que é o futebol e são dele parte cuja importância não deve ser subestimada.
Equivale isto a dizer que um jogador ver um amarelo por tirar a camisola a festejar um golo é uma estupidez absoluta.
Não ofende, não choca (se por baixo trouxer outra camisola com mensagens eventualmente impróprias isso deverá ser avaliado pelos orgãos disciplinares) e é uma manifestação de alegria que enriquece o espectáculo.
Mas os regulamentos proíbem que se faça.
Mal mas proíbem.
E enquanto assim for os jogadores tem de respeitar os regulamentos, consciencializar-se que não o podem fazer e não o fazendo defenderem os interesses de quem lhes paga.
É tão simples como isso.                                         

terça-feira, fevereiro 27, 2018

Grous


Farol


Avião


Oitavos de Final

O sorteio dos oitavos de final da Liga Europa proporcionou um conjunto de jogos extremamente interessante quer pelo palmarés das equipas envolvidas quer pelo grau de imprevisibilidade que a eliminatória encerra e que proporcionará uns quartos de final difíceis de adivinhar.
O grande jogo, se assim se lhe pode chamar, é o Milan-Arsenal que põe frente a frente duas equipas que são da Liga dos Campeões e não da segunda competição da UEFA tal a valia dos palmarés, o valor das equipas e o seu historial europeu.
Acontece que o Milan anda há alguns anos longe do seu melhor e o Arsenal não tem feito grandes percursos na prova maior  pelo que se encontram aqui.
O vencedor da eliminatória é candidato a vencer a Liga Europa, como parece óbvio, e face ao momento actual das duas equipas o Arsenal é favorito.
O Lazio-Dínamo de Kiev promete algum equilíbrio entre duas equipas a fazerem bons campeonatos mas parece-me de atribuir ligeiro favoritismo aos italianos.
O Leipzig-Zenit põe frente a frente uns alemães estreantes na competição e uns russos já com um interessante historial representando ambas as equipas casos paradigmáticos do muito dinheiro algo "estranho" que vem chegando ao futebol.
Creio que o Zenit , aproveitando o factor casa do segundo jogo, tem ligeiro favoritismo.
O Atlético de Madrid-Lokomotiv de Moscovo põe frente a frente o segundo classificado da liga espanhola e o líder da liga russa naquele que será seguramente um dos confrontos mais interessantes desta fase da competição.
Creio que os madrilenos, que nos últimos anos tem feito belas carreiras na Liga dos Campeões, são favoritos não só a passarem a eliminatória como também a vencerem a Liga Europa. Do meu ponto de vista os principais favoritos até.
CSKA de Moscovo e Olympique de Lyon protagonizam duelo equilibrado entre duas das mais fracas equipas presentes nesta fase. Penso que os russos acabarão por se apurar.
Marselha e Atlético de Bilbau garantem uma eliminatória disputada, bem jogada e com vencedor difícil de prever.
Os franceses que já jogaram com Vitória e Braga ,ganhando os dois jogos em França e perdendo os dois disputados no Minho,estão em terceiro lugar na liga francesa enquanto os bascos estão a fazer uma decepcionante liga espanhola estando actualmente na décima quarta posição.
Teórico favoritismo dos gauleses mas o segundo jogo é em S. Mamés e esse estádio não é fácil para ninguém.
Pessoalmente gostava que passasse o Atlético de Bilbau mas tenho algumas duvidas.
Borússia Dortmund e Salzburgo (outra equipa que já passou por Guimarães esta época) jogam uma eliminatória em que o favoritismo alemão, mesmo sem Aubameyang, me parece claro sem com isto menosprezar a valia dos austríacos.
Finalmente o Sporting-Viktoria Plzen é um jogo em que o favoritismo da equipa portuguesa me parece claro mas sem subestimar a equipa checa que comanda o seu campeonato e tem alguns valores interessantes.
O Sporting terá, para além do adversário, o (bom) problema de estar em três frentes (Liga,Taça de Portugal e Liga Europa) depois já ter ganho outra (Taça CTT) com o natural desgaste fisíco e psíquico que isso provoca num plantel que não é muito extenso  no binómio quantidade/qualidade.
Mesmo assim deverá marcar presença nos quartos de final.
A 15 de Março saberemos até que ponto estas previsões estão correctas face aos clubes que então se apurarem para os oitavos de final.
Depois Falamos

Minudências

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

É da boa praxis política, desde sempre, as oposições desvalorizarem as acções e obras do Poder enquanto este procura maximizar as suas realizações tendo ambos,oposição e poder, as mais legítimas e democráticas justificações para assim procederem.
Sempre assim foi, e não apenas na política, razão pela qual ninguém se deve admirar, e muito menos escandalizar , quando assim acontece.
E por isso é perfeitamente comum nos parlamentos, seja o nacional sejam os municipais, assistirmos a dialécticas desse género com o Poder e as bancadas que o apoiam a auto glorificarem-se enquanto os partidos de oposição procuram demonstrar que a cada momento o rei vai nu.
Em Guimarães não se foge a essa regra.
E por isso é normal que nas reuniões de câmara e de assembleia municipal se assista a um PS que procura dizer que tudo que fez foi bem feito sempre (não me lembro de alguma vez ter visto o PS ter a humildade de reconhecer que se enganou!)enquanto a oposição procura desmontar esse discurso fazendo ver que a realidade não é bem assim e que a velha, de trinta anos, maioria socialista também comete erros, omissões e “pecados” quejandos.
Na reunião da assembleia municipal da passada sexta feira não se fugiu a essa regra.
O PS a defender que tudo corre às mil maravilhas, que não foram cometidos erros em área alguma, que tudo que se fez,faz e fará é ideia deles e que a oposição não só não tem razão como não tem ideias nem teve programas nas ultimas eleições.
Um discurso tão velho como a própria maioria socialista.
O que não deixa de ser curioso visto o PS ter a velha prática de copiar algumas ideias do PSD de há muitos anos a esta parte.
Tive oportunidade de questionar o presidente da Câmara sobre duas questões específicas:
A saída dos dois principais responsáveis da cooperativa “Oficina” e a mudança da sede da empresa “Rodrigues e Camacho” de Silvares para Brito.
No primeiro caso interrogando o presidente sobre como era possível ele ser o último a saber dessas saídas recordando que em reunião de câmara dissera nada saber e no fim da reunião a vice presidente anunciava à comunicação social que os dois responsáveis tinham saído e no outro com a proposta levada a reunião autorizando essa mudança para terrenos para onde ela eventualmente não poderia mudar por imposição legal e que só a intervenção de um vereador do PSD evitara que se aprovasse uma possível ilegalidade.
O presidente de câmara considerou essas duas questões como “minudências” desvalorizando o não saber das saídas e garantindo que embora tivesse sido ele próprio a mandar retirar a proposta ela nada tinha de ilegal.
Minudências!
A saída de José Bastos, nomeadamente, que no anterior mandato fora  o vereador da Cultura e que nas duas últimas décadas tem um trabalho reconhecido nessa área,da cultura, é para Domingos Bragança uma tal “minudência” que nem se importou de ser o último a saber.
É, no mínimo, de pasmar.
E uma proposta da sua maioria para autorizar a mudança de uma empresa para terrenos de reserva agrícola e contíguos a um núcleo habitacional, que em termos de PDM não permitem esse tipo de ocupação, é outra “minudência” que não importa valorizar.
Como se a Ecoibéria ou o problema dos armazéns municipais em Polvoreira nunca tivessem existido.
O presidente da câmara tem o óbvio direito de desvalorizar com quem ele trabalhou, de relativizar os erros de com quem ele trabalha, de considerar que tudo corre no melhor dos mundos no novo ducado de Bragança.
Talvez não fosse pior, e a História recente aconselha-o nesse sentido, era estudar com mais profundidade o real significado de “minudência”.
Para um destes dias não ter surpresas desagradáveis...

segunda-feira, fevereiro 26, 2018

O Grande Responsável!

A crise no grupo parlamentar do PSD tem um único responsável e obedece a uma única estratégia.
O responsável é Rui Rio e a estratégia visa ele poder livrar-se nas listas para as legislativas de 2019 de  quase todos( sobrarão sempre um ou outro porque dá jeito disfarçar a ... purga) aqueles que não o apoiaram nas directas de 13 de Janeiro.
Rio gosta de gerir em conflito ele próprio o afirmou na passada semana.
E este conflito com o grupo parlamentar já vem da campanha das directas, foi criado por ele, e alimentado estrategicamente de molde a ter o desfecho que teve.
Nada aconteceu por acaso.
Nas directas Rio deixou cair que não queria Hugo Soares e a sua direcção mostrando assim completa discórdia com o voto de 85% dos deputados que o tinham eleito poucos meses antes.
Ou seja foi mexer com quem estava quieto e desrespeitou a escolha livre de um orgão com autonomia própria.
Uma vez eleito protelou a reunião que Hugo Soares lhe pedira de imediato até ao limite do insustentável passando, inclusive, vários dias sem atender o telefone ao líder parlamentar do seu próprio partido.
Mais um desrespeito pelo líder parlamentar e pelo próprio grupo.
Na reunião, ao que se sabe, limitou-se a dizer que queria outra direcção no grupo parlamentar sem precisar o porquê e sem referir em que é que a direcção em funções não lhe agradava.
Queria mudar...porque...porque...porque sim!
No entretanto, e contrariamente ao que fizeram todos os seus antecessores, deixou passar quase mês e meio sem reunir com o seu grupo parlamentar num desprezo pelo orgão que muitos entenderam, e bem, como autêntica provocação.
Note-se que teve tempo para reunir com António Costa, para tratar dos assuntos que interessavam a António Costa, mas não teve tempo para reunir com os seus próprios deputados!
Mais uma manifestação de desrespeito.
A dois dias da eleição da nova direcção desrespeitou os estatutos do partido, o líder parlamentar e o próprio grupo parlamentar ao não convocar, com uma justificação anedótica, Hugo Soares para uma reunião em que tinha estatutariamente direito a estar presente.
Há portanto, de forma deliberada e estratégica, uma escalada de provocação ao grupo parlamentar preparando a eleição da nova direcção da única forma que interessava a Rio e que era as coisas darem no que deram.
Claro que para isso era necessário encontrar quem se prestasse ao "sacrifício" de protagonizar uma candidatura que tinha tudo para correr mal.
E naturalmente que Rio não querendo queimar um "fiel" numa batalha que queria deliberadamente perder (pensando que depois ganhará a guerra...)tinha de encontrar alguém que tendo,preferencialmente, apoiado Pedro Santana Lopes desse a ideia, falsa como Judas, que a eleição da nova direcção parlamentar seria um passo rumo à unidade.
Não terá tido dificuldade em encontrar, na pessoa de Fernando Negrão, quem se voluntariasse para esta batalha faltando apenas saber até que ponto o "voluntário" está por dentro de toda a estratégia ou é apenas uma figura instrumental ao serviço da mesma.
Em 2019 seguramente saberemos.
As coisas correram como se sabe.
Mal para o PSD, mal para a imagem do partido, mal para a imagem do grupo parlamentar mas muito bem para a estratégia de Rui Rio que no auge da "batalha" desapareceu do combate remetendo-se a um silêncio que diz mais que muitas palavras.
Tendo agora o pretexto, justificativo perante a opinião publica, da razia que vai fazer em 2019 nas listas de deputados delas purgando todos,ou quase, que não o apoiaram e que estiveram ao lado de Pedro Santana Lopes ou não optaram por nenhum dos candidatos.
E por isso aparecem agora protagonistas diversos(alguns dos quais se tivessem vergonha na cara estavam calados depois de andarem quatro anos a torpedear o governo de Passos Coelho), com responsabilidades presentes e/ou passadas  no partido a vários níveis, a falarem a uma só voz na condenação da expressão da liberdade individual de cada deputado na hora de votar e pretendendo a sua excomunhão partidária ou punição equivalente.
Naquilo que não é mais que uma canhestra e ridícula manobra de diversão das responsabilidades de Rui Rio, e da sua direcção é claro, na crise que o partido vive apenas uma semana depois de um Congresso que devia ter sido o início de um novo ciclo.
As coisas são o que são.
Rui Rio tem o direito, por mais execrável que para muitos ela seja, de ter esta estratégia de afrontamento ao grupo parlamentar e de criação de condições que perante a opinião pública justifiquem a purga que aí vem.
Não tem , nem ele nem os seus porta vozes, é o direito e a moral de atribuírem a outros as responsabilidades que lhes cabem nesta triste situação.
Depois Falamos.

P.S. O Congresso foi a prova provada que onde quis consensos Rui Rio fê-los.
No Grupo Parlamentar é evidente que não quis!

Luar em Jerusalém


Lobo

Foto: National Geographic

Barco


quinta-feira, fevereiro 22, 2018

0 Trigésimo Sétimo

"E também não irei ao trigésimo sétimo ,em Lisboa, que consagrará Rui Rio e dará início a um período da vida do PSD sobre o qual tenho as maiores interrogações. E preocupações..."

Em 23 de Janeiro terminava a minha habitual  crónica para o jornal digital Duas Caras com as linhas acima transcritas nas quais evidenciava a minha preocupação com o que será esta nova fase do PSD e manifestava a intenção de não ir ao congresso.
Mas acabei por ir.
Numa lógica de amizade e solidariedade com um conjunto de pessoas amigas, com as quais tinha trabalhado diariamente  durante três meses na candidatura de Pedro Santana Lopes, que estariam todas elas presentes no conclave laranja.
E não quis ser o único a faltar.
E portanto o previsto, nessa matéria, a 23 de Janeiro acabou por não se confirmar mas o resto, infelizmente, confirmou-se e até acabou por se agravar.
Tenho de facto preocupações com o que se vai passar daqui em diante.
Preocupações agravadas por algumas escolhas de Rio para os orgãos nacionais,e em especial para a Comissão Política,  que me parecem insensatas e mais potenciadoras de problemas do que de soluções.
Preocupações com a forma como foi tratada a questão da liderança do grupo parlamentar que em nada contribuiu para a coesão do partido e bom funcionamento desse importante orgão e depois ainda agravada com a não convocatória do líder em funções para uma reuniao de um orgão em que tem assento.
Preocupações com o vasto conjunto de generalidades dos dois discursos de Rui Rio ao congresso com ideias e propostas com que é fácil estarmos todos de acordo incluindo o PS,o CDS, o PCP, e o BE e por isso sem uma marca distintiva que faça a diferença.
Preocupações ainda com a obsessão  que alguns dos novos dirigentes parecem ter contra o governo de Pedro passos Coelho e que os terá levado na primeira reunião da comissão política a passarem mais tempo a criticá-lo do que a discutirem a melhor forma de fazerem oposição ao PS e ao governo da Frente de Esquerda.
Preocupações, finalmente, com o facto de a estratégia de aproximação subalterna ao PS, em que Rio insiste perante a rejeição sobranceira dos socialistas em tudo que não sejam questões que lhes interessam, ter tudo para correr muito mal ao PSD.
Fora a amizade que me levou ao congresso e as preocupações que para ele levei e que dele trouxa agravadas que mais dizer sobre este congresso?
Que foi uma reunião relativamente "morna", que não ficará na História do PSD como um grande congresso, e que os momentos mais importantes e que colheram maior atenção (e aplausos) dos congressistas foram a intervenção de despedida de Pedro Passos Coelho na sexta feira e os discursos de Luís Montenegro e Pedro Santana Lopes no sábado alturas em que perpassou pela sala uma certa nostalgia dos grandes congressos do passado.
Inicia-se agora uma nova etapa.
Marcada positivamente pelo entendimento entre Rui Rio e Pedro Santana Lopes na elaboração das listas conjuntas a vários orgãos do partido naquilo que pode ser entendido como um bom exemplo de pedagogia democrática entre quem ganhou e quem perdeu e um esforço para  a unidade interna.
Preciso é que a partir de agora as intenções subjacentes a esse entendimento não se fiquem por meras intenções e tenham consequências práticas na vida do partido ao longo dos próximo dois anos.
Desejo que assim seja.
Cá estaremos todos para avaliar se é.
Depois Falamos

Albatroz


Lua


Montreal


O Material e o Imaterial


O meu artigo desta semana no zerozero.

Os mais antigos e tradicionais clubes desportivos em Portugal, muito especialmente os que se dedicam à prática do futebol,  nasceram num contexto que nada tem a ver com a realidade que hoje existe no nosso panorama desportivo.
Uns já centenários, outros muito perto disso e outros ainda já com largas décadas de actividade, foram fundados por grupos de amigos que se juntavam em bancos de jardim, em farmácias,em estabelecimentos comerciais ou noutros lugares e que fruto da paixão pelo futebol e pelas notícias que dele iam tendo provenientes de Inglaterra (onde ele nasceu) decidiam fundar clubes para se poderem entregar a essa prática.
Pagavam os equipamentos,organizavam os jogos, disputavam-nos em campos improvisados e assim se foi fazendo o caminho da modalidade no nosso país num cenário de amadorismo que apenas o passar dos anos permitiu evoluir para outros patamares organizativos.
Um cenário em tudo diferente, como está bom de ver, daquele que existe hoje em que os clubes se encontram subalternizados face à aparição das SAD que são quem de facto manda no futebol.
Mas se olharmos para os principais clubes portugueses (Vitória, Sporting,Académica,Benfica, Belenenses,Braga,Porto, Boavista, Marítimo, Setúbal) constatamos que antes do aparecimento das tais SAD já existia uma rica e diversificada História de cada um deles e palmarés que sendo também muito diferentes face à dimensão de cada um sustentavam um percurso de que nenhum se deve envergonhar.
E essa História e esses palmarés desses dez clubes (para mim os maiores de Portugal com licença de todos os outros) não se construiram apenas com os resultados no futebol mas também com base no seu ecletismo, nas suas modalidades amadoras e depois profissionais, com base na paixão e entusiasmo dos seus adeptos.
É sabido, pelo menos por aqueles que se interessam por estudar a História do nosso Desporto, que um dos principais factores de crescimento e adesão popular dos três maiores clubes portugueses foi o facto de durante largas décadas do século passado terem a modalidade de ciclismo que num tempo em que não havia televisão (e depois havendo dava ainda os primeiros e incipientes passos) e a imprensa desportiva não era nada do que é hoje os ciclistas levavam pelo país fora as camisolas desses clubes, em despiques que ficaram famosos como os de Alfredo Trindade com José Maria Nicolau ou de Joaquim Agostinho com Fernando Mendes, fidelizando para os respectivos clubes muitos e muitos adeptos.
E por isso me refiro neste texto de hoje à importância do material e do imaterial na História dos clubes portugueses.
Separando de forma clara ambas as realidades.
Porque quanto ao material ninguém tem dúvidas.
Os clubes construiram estádios, pavilhões , piscinas, pistas de ciclismo (Antas e Alvalade tiveram famosas pistas em redor do relvado até à década de 70 do século passado) e posteriormente complexos desportivos.
Os clubes tem salas de troféus onde guardam as suas taças, as suas medalhas, os seus troféus conquistados ao longo de muitos anos e que são a prova palpável da dimensão do clube  e da riqueza do seu palmarés.
E isso é a parte material da sua História.
Depois há o resto.
A paixão dos adeptos, as histórias que se transmitem de geração em geraçao dos grandes momentos dos clubes mas também de momentos anedóticos e histórias pitorescas, as memórias dos grandes jogadores, dos grandes jogos, dos treinadores de excelência e dos dirigentes que marcaram épocas.
Sem esquecer as lendas que tanto enriquecem o imaginário dos adeptos.
E essa é a parte imaterial da História de cada clube.
Que pertence ao clube e a todos os seus adeptos,sem excepção,e que é fundamental, tanto como a parte material diria, na construção da identidade dos clubes, na fidelização dos seus adeptos, no passar do sentir clubista de pais para filhos ao longo de sucessivas gerações.
E é muito importante que isso não seja subalternizado ou, pior ainda, esquecido.
Porque vivemos hoje tempos de materialismo, de predominância dos factos sobre as convicções, de uma subordinação do fervor clubístico aos ditames económicos de vária ordem, de uma subalternização da História colectiva às personalidades individuais que em cada momento dirigem os clubes.
E isso leva a distorções perigosas.
Ao ponto de por vezes parecer que alguns dirigentes consideram que os clubes/SAD só existem desde que eles existem como dirigentes, de parecerem pensar que os clubes são deles e deles podem dispor, de agirem como se o material e o imaterial fossem propriedade sua.
Nada de mais errado.
Mas também nada de mais perigoso!
Porque no dia em que os adeptos sentirem que já nada nos clubes é seu (porque nalgumas SAD há muito que deixou de ser), e que o seu amor e paixão servem apenas para sustentar quem por eles não tem o respeito devido, então é de recear que o inevitável afastamento dos adeptos acabe por ditar o fim dos clubes.
E este sendo um cenário indesejável, e a evitar a todo o custo, não deixa por isso de ser um cenário possível face aos caminhos que algum dirigismo desportivo português insiste em querer trilhar!

terça-feira, fevereiro 20, 2018

Matos Rosa

Conheci o José Matos Rosa em 2000.
Ao tempo ele era vice presidente da distrital de Portalegre e eu secretário geral adjunto na liderança de Durão Barroso iniciada dois anos antes no congresso de Coimbra.
Foi precisamente na preparação de uma visita alargada do líder ao distrito de Portalegre que tive oportunidade de conhecer o Matos Rosa numa deslocação preparatória da visita que fiz aos locais que seriam depois visitados por Durão Barroso.
Creio que estabelecemos uma empatia imediata que se prolongou por estes dezoito anos que se seguiram.
Quis o destino, tantas vezes caprichoso e imprevisível, que fosse precisamente o Matos Rosa a substituir-me enquanto secretário geral adjunto quando em meados de 2002 fui nomeado governador civil de Braga e consequentemente deixei a secretaria geral do partido.
E nestes dezasseis anos que se seguiram o Matos Rosa esteve quase sempre na secretaria geral do PSD.
Primeiro como secretário geral adjunto dos secretários gerais José Luís Arnaut, Miguel Relvas, Miguel Macedo e Luís Marques Guedes, e depois ascendendo ao cargo de secretário geral em Junho de 2011 no congresso de Carcavelos.
E nestes sete anos em que foi secretário geral do partido, provavelmente o que mais tempo se manteve no cargo, dele se pode dizer que exerceu as suas funções de uma forma tão consensual, competente e abrangente que se tornou seguramente não só um dos melhores secretários gerais de sempre como também aquele que mais perto esteve dos militantes de base ao longo de todo o tempo que exerceu o cargo.
O que aliás se tornou fácil de comprovar pelas enormes ovações que sempre se ouviam nos congressos quando o seu nome era anunciado como secretário geral.
Devo ao José Matos Rosa algumas atenções e gestos amigos que consolidaram uma amizade que se estabeleceu praticamente desde que nos conhecemos.
Recordo, entre vários outros exemplos possíveis, o dia em que lhe telefonei ( uma das qualidades que sempre apreciei nele é que nunca deixava um telefonema sem atendimento imediato ou devolvendo posteriormente a chamada) pedindo-lhe para vir a um plenário de uma secção do distrito mas prevenindo-o que não esperasse mais de vinte ou trinta militantes na sala porque era essa realidade dessa secção.
A resposta foi pronta dizendo que viria com todo o gosto porque para ele as secções mereciam todas o mesmo respeito e atenção.
E veio!
Com o congresso do passado fim de semana terminou as suas funções como secretário geral.
E terminou-as muito bem organizando de forma exemplar umas eleições directas que se previam  polémicas, com controvérsias e dificuldades várias mas em que a experiência, a sensatez e a natural boa disposição e bonomia do Matos Rosa tornaram fácil o que podia ter sido complicado.
Sai por cima.
Homenageado e aplaudido pelos congressistas que assim lhe tributaram o apreço pela forma exemplar como exerceu o cargo.
Ao longo destes dezoito anos tenho tido no José Matos Rosa um bom amigo.
Daqueles com que não se fala todos os dias nem todos os meses mas que quando com ele falamos parece que a última vez tinha sido no dia anterior.
Estou certo que assim continuará a ser no futuro tal como acredito que o PSD não desperdiçará o seu capital de experiência, sabedoria e popularidade junto das bases.
Porque mesmo sendo secretário geral ,e deputado na Assembleia da República,o Matos Rosa nunca deixou de ser um de nós, militante de base e consciente do quão efémero o poder é.
Também por isso exerceu durante tanto tempo e tão bem o cargo de secretário geral.
Depois Falamos.

O Congresso


O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

O PSD concluiu este fim de semana o seu processo normal de renovação dos orgãos dirigentes com a realização do seu trigésimo sétimo congresso em que elegeu as equipas que vão dirigir o partido nos próximos dois anos.
Concluiu assim um processo iniciado a 13 de Janeiro quando em eleições directas elegeu o presidente da comissão política nacional dando a Rui Rio o mandato para dirigir o partido nos próximos dois anos.
É sabido, porque da natureza das coisas, que uma eleição disputadíssima entre dois candidatos e respectivos apoiantes cria sempre algumas fracturas internas que o bom senso obriga a que sejam sanadas o mais rapidamente possível a bem dos superiores interesses do partido.
E o PSD não foge à regra.
As directas dividiram o “país laranja” a meio, Rui Rio venceu em doze dos círculos eleitorais e Pedro Santana Lopes em onze, e os três mil e poucos votos de diferença numa eleição em que quarenta por cento dos militantes com cotas pagas não exerceram o direito de voto obrigam a especiais cuidados na reconstrução interna.
Deve dizer-se que nesse aspecto Rui Rio e Pedro Santana Lopes souberam estar à altura do que as circunstâncias exigiam e conseguiram transmitir uma imagem extremamente positiva do vontade em unirem o partido.
Conversaram na semana anterior, entraram juntos no primeiro dia de trabalhos, elogiaram-se mutuamente nos discursos, assistiram lado a lado a boa parte do congresso e constituíram equipas de trabalho que após negociações naturalmente complexas, e algo morosas, conseguiram levar a nau a bom porto e constituírem listas conjuntas para vários orgãos nacionais.
E assim foi possível que para a Mesa do Congresso, o Conselho Nacional e o Conselho de Jurisdição Nacional fossem constituídas listas respeitando a proporção eleitoral saída das eleições directas.
De fora ficou, naturalmente,a Comissão Política Nacional que é um orgãos que sendo o “executivo” do partido deve ser escolhido exclusivamente pelo líder conforme aconteceu.
Foi um exemplo de bom senso, de inteligência e de pedagogia democrática que ficou bem a Rui Rio e a Pedro Santana Lopes, que prestigiou o PSD e marcou a diferença em relação ao sucedido no PS depois da disputa entre António Costa e António José Seguro.
E essa foi a grande lição do congresso e a imagem mais forte que dele fica.
Agora falta o resto.
Que é levar ao dia a dia do partido esse desejo de unidade e permita ,quando for o tempo de fazer escolhas, manter um clima de entendimento que respeitando as naturais diferenças e prioridades permita que o PSD enfrente os desafios externos num espírito de união que o torne naturalmente mais forte.
Para lá desse clima de união entre as partes o Congresso ficou marcado ainda por outros aspectos que poderão,ou não, ter influência na vida futura do partido.
As escolhas de Rui Rio para a Comissão Política Nacional (repito que é matéria exclusiva do presidente do partido) estiveram muito longe de serem consensuais e mereceram a discordância de muitos dos seus apoiantes nas directas que consideraram não terem sido devidamente “recompensados” pelo apoio prestado.
Sendo certo que fazer escolhas é sempre muito difícil não deixa de ser igualmente verdade que algumas delas são surpreendentes quer pelas ausências quer por uma ou outra presença muito difícil de entender face ao contexto que rodeia os escolhidos.
Refiro-me concretamente a Salvador Malheiro  e muito especialmente a  Elina Fraga cuja escolha  desagradou de forma generalizada a todos os congressistas como foi bem patente na sessão de encerramento do congresso.
Outro aspecto aspecto que marcou, e muito, o congresso foi o discurso de Luís Montenegro que foi ao púlpito dizer algumas coisas que tinham de ser ditas, olhos nos olhos como deve ser nestes casos, e que manifestando o apoio ao líder eleito não deixou também de marcar terreno para o futuro deixando claro que para Rui Rio a alternativa única é ganhar eleições.
Agora com a casa arrumada, com orgãos eleitos e líder escolhido, o PSD tem de se preocupar em falar para fora e apresentar políticas que entusiasmem os portugueses e lhe permitam ganhar o país em 2019 dando sequência natural às duas anteriores vitórias em eleições legislativas.
Todos sabemos que não é fácil.
Mas também sabemos, todos, que nunca foi fácil em quarenta e quatro anos de História do PSD.

Família Urso


Capela


Castelo de Burg Hohenzollern, Alemanha


segunda-feira, fevereiro 19, 2018

Mau

Não há palavras boas para caracterizar situações más.
E o resultado deste Vitória-Braga foi o pior de sempre (na óptica vitoriana) em cinquenta e nove jogos disputados em Guimarães para o campeonato nacional da primeira divisão ou primeira liga como agora se chama.
Nesses 59 jogos o Vitória venceu trinta e sete, registaram-se treze empates e o Braga venceu por "apenas" nove vezes,das quais quatro nos últimos cinco anos, conseguindo ontem a terceira vitória consecutiva em deslocações ao D.Afonso Henriques.
Números e factos são números e factos e estes apontam no sentido de nestes últimos anos o Braga estar a alicerçar uma superioridade até então inexistente cujas razões não cabem esmiuçar neste texto mas são razoavelmente conhecidas pelos vitorianos.
Ontem as duas equipas encontraram-se com uma invulgar distância de dezassete pontos favorável aos visitantes (agora vinte...) mas nunca as classificações influenciaram dérbis embora traduzam o estado de cada clube e o grau daquilo a que pode ambicionar cada equipa.
E a história do jogo foi uma história conhecida.
O Vitória, inesperadamente privado de Raphinha e Konan (mas especialmente do primeiro que tem sido o abono de família), até entrou bem a pressionar o adversário e a criar duas jogadas de relativo perigo junto da baliza bracarense mas que os jogadores vitorianos não conseguiram concretizar.
Mas como quem não marca...sofre o Braga aproveitou um erro de Rafael Miranda e fez o seu primeiro golo lançando alguma intranquilidade na equipa vitoriana.
Depois...bem, depois entrou em campo Bruno Paixão.
Um dos piores árbitros dos últimos vinte anos, um péssimo árbitro seja qual for o prisma da avaliação, que transformando uma falta fora da área numa grande penalidade e um cartão amarelo em cartão vermelho "matou" o Vitória e consequentemente "matou" o jogo.
Depois disso a natural maior valia individual e colectiva do Braga, que tem no banco jogadores que seriam titulares indiscutíveis no Vitória, encarregou-se de fazer o resto elevando o marcador para números nunca vistos e que só não foram maiores porque por um lado os bracarenses geriram o cansaço do jogo europeu em Marselha (é, o Braga tinha disputado um jogo europeu na quinta feira)e por outro "aquilo" estava tão fácil que cada jogador do Braga que tinha a bola perto da área vitoriana queria ser ele a rematar esquecendo colegas em melhor posição.
A dimensão do resultado é explicável pela intervenção do árbitro, disso não tenho duvidas, mas o mérito bracarense e a convicção que ganharia mesmo com onze contra onze é algo de que também não duvido face ao que se viu ontem e ao que se tem visto desde Agosto de 2017.
Por mais que isso nos doa, e dói, o Braga é hoje superior ao Vitória em termos de valia do plantel, qualidade da equipa, categoria dos jogadores e patamares de ambição pelos quais compete.
E também nos resultados da ultima dúzia de anos!
Não querer encarar isto de frente, arranjar desculpas e álibis, fazer apelo a um bairrismo e uma clubite sem sentido é apenas uma forma de  atrasar a necessária recuperação pelo Vitória de um lugar que tem de ser sempre o seu.
O de maior clube do Minho e quarto clube de Portugal.
Enquanto não puder ser mais que isso...
Depois Falamos.

P.S. De Pedro Martins já não vale a pena falar muito. A sua gestão do jogo de ontem foi igual à de tantos outros jogos quer na táctica quer nas opções iniciais quer nas substituições. Acontece é que se sabia há muito que a corda estava tão esticada que acabaria por rebentar.
Foi ontem!

sexta-feira, fevereiro 16, 2018

Até Já !

Ao longo da dúzia de anos que este blogue conta Pedro Passos Coelho foi aqui referido muitas vezes.
Com elogios, com criticas, apoiando decisões  que tomou mas também divergindo de opções e escolhas a que procedeu.
Sendo certo que foram mais os elogios e os apoios que as criticas e discordâncias mas,em ambos os casos, sempre dentro da mais absoluta liberdade de pensamento e sem "palas" partidárias que sempre fiz questão de não usar em relação a ninguém.
Hoje Pedro Passos Coelho cessa funções como presidente do PSD.
Apenas Aníbal Cavaco Silva liderou o partido por mais tempo.
Não vou aqui fazer qualquer espécie de História dessa liderança,por um lado porque ainda é cedo e por outro porque certamente haverá quem o faça com acesso a informação e conhecimentos que não tenho, mas há três coisas que posso dizer.
A primeira é que enquanto líder do PSD ganhou duas eleições legislativas.
O triunfo em 2011 pôs-lhe nas mãos um país numa situação desgraçada,fruto da governação de Sócrates,Costa e Cia., quase na bancarrota e já sob intervenção externa.
Governou com enorme coragem, inteligência , sensatez e um profundo sentido de Estado.
Exagerou nesta ou naquela medida?
Sim. Exagerou.
Mas no que exagerou fê-lo sempre no que considerava ser o interesse de Portugal e nunca dos interesses eleitorais do PSD.
E isso ninguém pode negar.
A segunda é que fruto dessa governação rigorosa e de defesa do interesse nacional, que incluiu aturar birras do parceiro de governo, deixou ao sucessor um pais em bem melhor estado do que aquele em que o encontrou!
Fez tudo que era necessário e desejável?
Não. Não fez.
Mas deixou criadas as condições para os que vieram a seguir fazerem.
A terceira é que sai depois de vencer duas eleições legislativas com destaque para as de 2015 em que depois de quatro anos de governação dificílima quase ninguém acreditava que ainda fosse possível ganha-las.
Mas ganhou!
E é essa a fasquia que deixa para o seu sucessor na liderança do PSD.
Pedro Passos Coelho foi um dos melhores lideres da História do PSD, foi um excelente primeiro-ministro num tempo terrível, deixou uma marca enquanto homem de Estado.
Como militante mas especialmente como português revejo-me na sua liderança e estou grato pelo que fez por Portugal.
Sai hoje.
Mas acredito que será apenas um "Até Já".
Portugal e o PSD não podem dispensar um dos seus melhores.
Depois Falamos,

Nuvens


Ponte Velha, Florença


Pinguins


quinta-feira, fevereiro 15, 2018

Sugestão de Leitura

Confesso que o li com um atraso de cerca de dois anos , em relação à data da sua publicação,o que no futebol português é uma imensidão de tempo.
Era um dos que estava à muito em lista de espera para ser lido mas lá acabou por chegar a sua vez.
Devo dizer, antes de mais, que aprecio o trabalho jornalístico e de comentador de Rui Santos.
Nem sempre estou de acordo com ele, às vezes até em frontal desacordo, mas reconheço-lhe duas qualidades fundamentais para quem exerce a sua profissão:
Sabe de futebol e é isento no comentário sem fazer fretes a ninguém e muito menos aqueles três clubes a quem quase todos fazem os tais fretes.
Neste livro aborda algumas questões candentes do nosso futebol desde as finanças dos clubes às arbitragens passando por alguns dos seus principais protagonistas a nível de jogadores,treinadores e dirigentes e por temas importantíssimos como os direitos televisivos.
Espaço ainda para uma abordagem ao futebol internacional, nomeadamente às convulsões na FIFA que levaram à queda de Blatter, e à forma como a FPF se tem posicionado na UEFA e na própria FIFA.
Mas o tema central do livro,e que tem sido uma preocupação do autor nesta ultima década, é mesmo a introdução das tecnologias como auxiliares da arbitragem causa pela qual Rui Santos se vem batendo há muito.
Nomeadamente pela tecnologia "olho de falcão" e essencialmente pelo vídeo árbitro que ele considera um factor decisivo para auxiliar os árbitros a defenderem a verdade desportiva das competições.
Em suma um livro muito interessante para quem se interessa pelo futebol para lá das palas da clubite mais desenfreada.
Depois Falamos

De Ovar a Pyongyang

A história é pequena, simples e triste.
A distrital de Aveiro do PSD enviou à Mesa do Congresso uma moção para ser apresentada no decorrer do congresso do próximo fim de semana que não cumpria os requisitos  regulamentares dado que não tinha sido atempadamente votada em Assembleia Distrital como o regulamento estipula.
Face a isso, e muito bem, a Mesa do Congresso recusou a admissão da moção.
Não podia fazer outra coisa.
A distrital de Aveiro recorreu da decisão.
Sem ponta de razão mas com a convicção que neste novo tempo do PSD para alguns vale tudo e por isso há quem esteja acima de  um regulamento que supostamente seria igual para todos. 
E fê-lo com o espantoso argumento de que a moção tinha sido subscrita pelo presidente da mesa da assembleia distrital e que isso era suficiente para a sua validação porque ele representa toda a assembleia!!!
Lê-se e não se acredita que ainda há quem tenha tão distorcido conceito de democracia.
Talvez no Estado Novo assim fosse, na Venezuela de Maduro caminha-se para que assim seja e de certeza que na Coreia do Norte assim é.
Basta o presidente assinar que todos os outros, quais meros verbos de encher,estão desde logo representados pela presidencial assinatura.
Face a esta lógica, então no congresso nem valeria a pena eleger orgãos e bastaria eleger os presidentes que depois decidiam por todos sem a "maçada" de terem de debater os assuntos e sujeitá-los à democrática opinião da maioria.
Felizmente que a democracia interna no PSD ainda não chegou  (e espero que não chegue nunca) a este lamentável estado.
Mas não contente com o achar-se credora de privilégios que os outros não tem a distrital de Aveiro "enriqueceu" o recurso com uma acta da assembleia distrital, realizada nove dias após o fim do prazo para a entrega de moções, em que foi finalmente aprovada a moção anteriormente remetida à Mesa do Congresso.
Espantosamente a Mesa pactuou com este estado de coisas e admitiu a moção à discussão no congresso.
Violando o regulamento, pactuando com um estado de privilégio, dando a uma moção um tratamento de favor.
Muito mal andou a Mesa do Congresso.
E é difícil não ficarem a pairar sérias duvidas sobre se o sucedido foi um infeliz caso isolado ou traduz uma a postura daqueles que durante os próximos dois anos vão dirigir o partido  nos vários orgãos.
A ver vamos...
Depois Falamos

Inverno


Hipopótamo


quarta-feira, fevereiro 14, 2018

Derbi Milenar

O meu artigo desta semana no zerozero.

Em semana do mais antigo, mais importante e mais “clássico derbi do futebol português que é aquele que se trava entre Vitória Sport Clube,de Guimarães, e Sporting Clube de Braga,de Braga, importa aqui deixar aqui algumas palavras sobre a rivalidade entre os dois clubes mas também sobre a rivalidade em geral.
Eu sei que para aqueles que acham que o centro do mundo está na segunda circular de Lisboa ou na avenida Fernão de Magalhães no Porto as palavras anteriores devem fazer muita confusão mas a verdade é que a rivalidade quase centenária entre Vitória e Braga é apenas a versão mais recente de uma rivalidade milenar entre Guimarães e Braga pelo que qualquer derbi à beira deste é muito recente e de importância relativa!
A rivalidade faz parte da própria essência do futebol.
Nela ao longo dos anos assentou o crescimento, a popularidade, a divulgação do jogo como a modalidade desportiva mais apaixonante de todo o planeta.
A rivalidade não tem dimensão única.
Existe em todos os tamanhos.
Desde as turmas da escola, passando por ruas vizinhas, colectividades populares da mesma comunidade, até atingir a dimensão máxima que lhe é dada pelos grandes clubes de futebol.
Em que muitas das vezes a rivalidade atinge picos entre clubes da mesma cidade de que o melhor exemplo que conheço é a existente entre os dois maiores clubes de Sevilha.
O Bétis e o Sevilha.
Mas há muitas outras conhecidas a nível europeu e mundial.
Manchester United - Manchester City, Arsenal -Tottenham, Liverpool - Everton, Milan - Inter, Flamengo - Fluminense, River Plate - Boca Juniores, Juventus- Torino, Barcelona-Espanhol, Lazio-Roma, Benfica-Sporting, Porto-Boavista, Corinthians-Santos e por aí fora.
Depois há as rivalidades entre polos opostos no mesmo país.
Barcelona – Real Madrid, Liverpool – Manchester United, PSG- Marselha, Porto-Benfica, Milan-Juventus entre tantas outras.
São rivalidades assentes na competição desportiva mas a que não escapa, em muitos dos casos, uma componente política normalmente associada ao facto de um dos clubes ser da capital do país e o outro de uma grande cidade que se considera injustiçada face aos privilégios da capital.
Barcelona, Porto e Marselha são três casos claros de que a rivalidade desportiva tem uma forte componente de reivindicação regional!
Mas a rivalidade que quero aqui hoje falar é outra.
A existente entre Vitória e Sporting de Braga.
Ou entre Guimarães e Braga se quisermos ser mais abrangentes.
É uma rivalidade entre duas comunidades, que nos últimos quase 100 anos se reflectiu e alcançou expressão máxima na disputa desportiva entre os dois clubes, que ao longo da História sempre reclamaram uma primazia de importância de uma face á outra.
Tem Guimarães e Braga bons argumentos, é indiscutível, para cada uma delas se reclamar mais importante do que a outra face aos indicadores que lhe dão jeito.
Uma é no comércio e serviços a outra na indústria.
Uma na sua importância histórica enquanto berço da nação e a outra o seu significado religioso face à importância da Igreja na construção de Portugal ao longo dos séculos.
Guimarães foi a primeira capital de Portugal.
Braga é capital de distrito e o seu arcebispo é primaz de Portugal e das Espanhas conforme o seu título.
Vitória e Braga não escapam a esse confronto de “importâncias”.
O Vitória tem a seu favor a posição no ranking de todos os campeonatos, nos quatro terceiros lugares que já alcançou, nas inúmeras vezes que se superiorizou ao seu rival nos antigos campeonatos do Minho, no facto de ter muito mais participações na 1ª divisão do que o seu oponente.
Mas também no facto de ter um estádio, um pavilhão e um excelente complexo desportivo seus enquanto o Braga nem uma sala tem para fazer as suas assembleias gerais.
Tendo, o Vitória, como cereja em cima do bolo uma massa associativa incomparável em dimensão, entusiasmo e dedicação exclusiva ao clube que lhe permitem ser de forma consistente o quarto clube português em médias de assistência apenas atrás dos do “costume”.
Curiosamente o Vitória B é também o quarto clube em média de assistências na II Liga depois de em anos anteriores ter chegado a liderar essa estatística e ter entrado no ranking dos vinte clubes com mais espectadores à frente de algumas equipas da primeira Liga.
Entre muitas outras coisas.
O Braga esgrime com as “suas”duas taças de Portugal, o seu vice campeonato, a participação na final da Liga Europa,a taça ctt, o crescimento sustentado ao longo dos últimos quinze anos, a crescente fidelização de uma nova geração de adeptos ao clube ultrapassando a tradição de muitos anos do bi clubismo que os caracterizava.
Creio que hoje, friamente analisado, o Braga vai desportivamente á frente do Vitória.
Fruto do tal crescimento sustentado, das boas opções desportivas, da escolha correcta de aliados.
Mas o Vitória, esse, mantém o seu maior trunfo.
Uma massa associativa que é do clube, só do clube, e que no seu pior momento dos últimos 50 anos (a passagem pela II liga) deu uma resposta espantosa de dedicação e amor à instituição.
Os vitorianos provaram, e provam todos os dias,que são do Vitória.
Falta os bracarenses provarem que são do Braga e não das vitórias e troféus que o Braga tem alcançado nos últimos anos.
Concluo com duas notas:
A primeira para dizer que não trocaria nunca a nossa História pela História do Sporting de Braga.
Tenho muito orgulho em o Vitória ser como é, e ser o que é.
A segunda para constatar o belo desafio que se põe à direcção vitoriana que sair das eleições de 24 de Março:
Com base num trabalho racional e sustentado, em estreita ligação com a massa associativa, devolver o Vitória ao seu lugar de quarto clube português em termos desportivos.
Porque no resto, e é muito esse resto, nunca deixou de o ser!

Farol, Ilhas Faroe


Balmoral, Escócia


Águia e Raposa


terça-feira, fevereiro 13, 2018

O Regresso da Champions

E depois da costumeira pausa de inverno está de regresso, já esta semana, a mais importante competição de clubes de todo o futebol mundial.
Oito confrontos apaixonantes, entre dezasseis das melhores equipas da Europa, que permitirão que após jogadas as duas mãos seja estabelecida a verdadeira elite de oito clubes que disputará os quartos de final da prova.
Que prognósticos é possível fazer levando em linha de conta a valia dos clubes, a qualidade dos seus jogadores e a forma como se estão a comportar nos respectivos campeonatos nacionais?
Acredito que o Manchester United é favorito face a um Sevilha que está a fazer um campeonato dentro do que lhe é habitual mas parece não ter os argumentos suficientes para contrariar o poderio da equipa de José Mourinho.
Noutros tempos um Real Madrid-PSG seria eliminatória claramente favorável aos espanhóis.
Agora não é.
Não só porque o Real está a fazer uma época decepcionante,em que apenas lhe resta a Liga dos Campeões, mas também porque os franceses são hoje uma equipa muito forte a quem a contratação de Neymar projectou para o primeiro patamar do futebol mundial.
Pese embora Ronaldo estar de regresso à sua capacidade goleadora e ter como hábito estar ao melhor nível nesta prova creio que desta vez o Real vai ficar pelo caminho e o PSG seguirá em frente.
Mas nunca fiando...
O confronto entre um Chelsea em queda e um Barcelona que quase passeia na Liga espanhola tem os catalães como claros favoritos e com lugar quase assegurado na próxima eliminatória. Falta "só" confirma-lo em campo.
Juventus e Tottenham protagonizam um dos jogos mais equilibrados destes oitavos de final.
Mas acredito que a maior experiência  dos italianos acabará por ditar regras.
Basileia e Manchester City disputarão a eliminatória quiçá mais desequilibrada de todas.
A fortíssima equipa inglesa, que também ela se passeia pela sua liga, não terá grandes dificuldades em eliminar uma equipa suíça que está nesta fase apenas e só porque teve a sorte de ter um grupo de apuramento extremamente acessível.
Porto e Liverpool são dois dos oito campeões europeus presentes nesta fase.
É uma eliminatória equilibrada entre duas equipas que estão a fazer excelentes campeonatos mas em que o segundo jogo, a disputar em Anfield Road, terá um peso decisivo no apuramento.
O que equivale a dizer que o Liverpool é em teoria favorito. Na prática logo se verá.
Alemães do Bayern e turcos do Besiktas disputarão dois jogos em que o natural é a maior valia individual e colectiva dos bávaros fazer lei e permitir aos comandados de Jupp Heynckes seguirem em frente.
Mas para isso convir-lhes-á irem para Istambul com um resultado minimamente confortável.
Finalmente Shakhtar e Roma disputarão uma eliminatória muito aberta que será, assim creio, disputada até ao ultimo minuto e com vencedor muito difícil de prever.
Enfim arrisco que a equipa de Paulo Fonseca seguirá em frente.
Em suma aposto em Manchester United, PSG,Barcelona,Juventus, Manchester City, Liverpool, Bayern e Shakhtar como "clientes" dos quartos de final.
Mas depois dos jogos de hoje e amanhã já poderemos ter uma primeira ideia do acerto destas previsões.
Depois Falamos.

10 Memórias e 3 Conclusões

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.

Uma das melhores formas de encarar conscientemente o futuro é relembrando, e respeitando, o passado e dele colhendo os ensinamentos que a qualquer momento e em qualquer oportunidade poderão ser úteis.
E por isso resolvi recordar hoje alguns momentos que me marcaram na minha vida de vitoriano, ao longo de cinco décadas , deixando de lado o momento presente sobre o qual não há falta de pessoas a exprimirem opinião.
Escolhi dez memórias, entre centenas possíveis, para hoje partilhar com os leitores deste jornal digital.
Primeira: Inevitavelmente o primeiro jogo que vi do Vitória,algures no início dos anos 60, ainda no campo da Amorosa naquele que terá sido um dos últimos jogos de campeonato que lá foram disputados antes da inauguração do estádio municipal.
Foi há mais de 50 anos mas ainda recordo as bancadas cheias, o entusiasmo dos espectadores, os jogadores ali tão próximos e o triunfo sobre o Porto.
Ir ao futebol,ver o Vitória jogar, foi o cumprir de um sonho de menino.
Segunda: As manhãs de domingo no campo da Amorosa, a ver jogar os escalões de formação, eram um ritual que preenchia a infância e a juventude de muitos miúdos da minha geração que quer fizesse chuva quer fizesse sol ao domingo marcavam presença a partir das nove da manhã para verem os jogos de iniciados,juvenis e juniores.
Ora por trás das balizas,ora ao longo das linhas laterais, era um forma de ver futebol bem diferente da do estádio porque ali os jogadores estavam mesmo à nossa frente e podíamos apreciar todos os pormenores do jogo, as “bocas” entre eles e por aí fora.
Ainda hoje considero que as singularidades daquele campo ajudaram a formar o vitorianismo de sucessivas gerações de vimaranenses.
Terceira: O estádio municipal foi uma grande inovação em relação à Amorosa embora nem sempre totalmente positiva. Relvado, balneários condignos, bancadas mais amplas mas público muito longe dos jogadores e a ter entre o terreno de jogo e as bancadas um fosso que era destinado a levar água mas tal nunca aconteceu.
A única água que lá existia era a da chuva  o que não obstou a que nele,fosso, crescesse abundante vegetação na qual se instalou uma vasta colónia de rãs!
E não deixava de ser pitoresco nalguns momentos mais “mortos” do jogo (recordo que nos anos 60 não havia claques nem cânticos como hoje) ouvir o coaxar das rãs no fosso. Algo que hoje seria totalmente impossível de acontecer.
Quarta: A equipa de 1968/1969 ficará sempre na minha memória, e de todos os vitorias que a viram jogar, não só como uma das melhores de sempre do nosso clube mas também como aquela que mais perto ficou de ser campeã nacional.
Depois de um campeonato fantástico em que venceu em Guimarães os três do costume e empatou na Luz e Alvalade o Vitória ficou a apenas três pontos do titulo muito por força de alguns empates caseiros e de uma derrota “sistémica” no Restelo da qual o grande beneficiário foi o Benfica que acabaria por se sagrar campeão.
Mas essa equipa provou que o maior sonho dos vitorianos pode ser concretizado. Pena é terem passado quase 50 anos sem o ser.
Quinta: Já tínhamos perdido duas finais com Belenenses e Sporting. Mas a final das Antas com o Boavista, numa tarde em que milhares de vitorianos fizeram do estádio do Porto casa sua, ficará para sempre na nossa pior memória.
Porque fomos a melhor equipa, porque ganhamos claramente nas bancadas (já ouvi isto em qualquer lado...), mas uma arbitragem miserável roubou-nos a Taça e deu-a ao Boavista perante o desespero e a revolta de uma enorme massa adepta.
Sexta: O primeiro treino de José Maria Pedro no Vitória despertou um entusiasmo inimaginável até então. Acorreram ao estádio milhares de vitorianos encantados com a contratação do carismático treinador cuja vinda para Guimarães abriu, não tenho qualquer dúvida, um novo e estimulante ciclo na vida do clube.
Da ambição desportiva às infraestruturas.
Nestas registam-se as primeiras obras de melhoramento e ampliação nas bancadas enquanto em termos desportivos bastará recordar que o primeiro jogo de Pedroto foi face ao Braga e ao intervalo o Vitória já vencia por 4-0 depois de um dos maiores vendavais de futebol ofensivo que vi naqueles estádio.
Sétima: Mas pese embora outras grandes equipas do passado talvez nenhuma tenha povoado o universo vitoriano de tantos sonhos como a das épocas de 1985/1986 e 1986/1987 treinadas por António Morais e depois Marinho Peres.
Grandes jogadores, grandes exibições, um entusiasmo desmedido nos adeptos e a conquista de um quarto e um terceiro lugar que souberam a muito pouco face à valia da equipa e à ambição que transmitia às bancadas.
Em ambas as épocas ,os do “costume”, não nos deixaram ir mais longe com alguns valentes roubos de igreja que falsearam a  verdade desportiva desses campeonatos.
Mas voltou a provar-se que era possível sonhar alto.
Oitava: A conquista da supertaça em 1989, única em quatro finais disputadas, foi a primeira grande conquista do Vitória. Depois de uma época anterior em que correra o risco de descer e apenas a ida ao Jamor salvara a temporada da completa frustração (pese embora a derrota) a final da supertaça disputada em duas mãos constituiu um momento de exaltação vitoriana.
Triunfo em Guimarães por 2-0 e depois nas Antas uma noite mágica de Neno, defendendo literalmente tudo, garantiu a conquista do troféu com um empate a zero golos.
Nona: O Vitória não tem um grande palmarés europeu como é sabido. Para lá dos quartos de final da taça UEFA em 1986/1987 pouco mais há a assinalar que mereça grande destaque.
Mas a eliminação do Parma em 1996 foi um dos  momentos que mais fez vibrar os vitorianos pela surpresa que constituiu em termos europeus.
O Parma era então uma das mais fortes equipas de Itália (Buffon,Thuram, Dino Baggio, Sensini,Cannavaro, Zola, Chiesa,Melli) enquanto o Vitória tinha uma boa equipa mas nada que se assemelhasse o que não impediu que,depois de uma derrota tangencial em Itália por 1-2, uma “noite mágica” no D. Afonso Henriques permitisse um triunfo por 2-0 e o consequente apuramento.
Foi uma daquelas vezes em que o “gigante adormecido” acordou. Infelizmente adormece com muita frequência...
Décima: A mais bela tarde vitoriana, no Jamor em vinte e seis de Maio de 2013, é uma memória recente mas que me acompanhará para sempre pela importância que teve para o nosso clube. Primeira taça,à sexta tentativa, conquistada por um plantel sem vedetas mas com talentos sólidos e comandada por uma equipa técnica de grande qualidade.
Apoiada nas bancadas por uma multidão vitoriana que foi outro espectáculo dentro do próprio espectáculo e que mostrou bem quanto ambição e desejo de conquista existe nos nossos adeptos.
Estas dez memórias, que como disse atrás foram escolhidas entre centenas de outras, permitem-me tirar três conclusões:
Primeira: Sinto-me muito feliz, e também orgulhoso, de toda a minha vida ter sido, continuar a ser e ter a certeza de que serei sempre apenas e só adepto do Vitória.
Segunda: Ter dificuldade em entender,ou não entender mesmo, aqueles vimaranenses que se dizem vitorianos mas depois em questões de títulos e não só admitirem a sua simpatiazinha por um dos três estarolas. Ou, pior ainda, aqueles que sendo simpatizantes desses clubes se dizem vitorianos quando lhes dá jeito.
Terceira: Olhar com a comiseração que merecem aqueles vimaranenses que nunca ligaram ao Vitória para nada, nunca foram vistos no estádio ou no pavilhão e menos ainda nos jogos fora de casa (excepto finais de Taça...), apareçam em alturas para eles estratégicas a afirmarem-se vitorianos ao sabor dos seus interesses políticos, económicos, sociais ou quaisquer outros.
O Vitória é de todos os vitorianos.
 Mas apenas podem ser considerados vitorianos aqueles que são sempre e só pelo Vitória sem aceitarem misturar o preto e branco com outras cores nem fazerem do clube trampolim para carreiras em áreas com as quais o clube nada tem a ver.

P.S. Uma nota final para dizer que toda a minha vida coloquei sempre o interesse do Vitória acima do interesse do meu partido.
Tenho pena que alguns agora se deixem “emoldurar” pela razão exactamente inversa.