quinta-feira, outubro 09, 2014

Ambição (quase) Centenária

Confunde-se com a nossa história, quase centenária, o desejo de sucessivas gerações de vitorianos em verem o seu clube sagrar-se campeão nacional de futebol e dar à camisola da equipa A as quinas que no passado juniores e iniciados usaram e esta época são orgulhosamente pertença dos nosso juvenis.
Há mais de 40 anos que ouço falar dessa aspiração.
E em conversa com muitos vitorianos, muito em especial aqueles que foram referência para mim e me ensinaram muito sobre o clube, nunca ouvi da boca deles a palavra "impossível".
Pelo contrário sempre disseram que era muito difícil, mas possível, alcançar esse feito.
E recordavam-me sempre, com um conhecimento de causa bem melhor que o meu, a época de 1968/1969 em que ficamos a três pontos do titulo.
Por culpa nossa(alguns empates em casa que comprometeram) mas também por alguns atropelos da arbitragem nomeadamente uma derrota no Restelo totalmente atribuível ao árbitro.
Depois outros anos existiram, 1986/1987 por exemplo, em que andamos na periferia do sucesso.
A verdade é que ainda não fomos campeões nacionais.
Mas podemos ser.
Acredito piamente nisso.
Temos é de saber fazer o caminho para lá chegarmos.
Temos uma base de partida muito boa; um excelente estádio, um complexo desportivo com todas as condições de treino, um futebol de formação que está a trabalhar muito bem e não só apresenta resultados como tem dado ás duas equipas profissionais um lote valioso de jovens talentosos.
Em que é preciso melhorar?
Na estabilização da equipa A em termos de manter um plantel em que os seus principais jogadores fiquem no clube durante vários anos.
Na busca de parcerias europeias que nos permitam "chegar" a jogadores que o nosso orçamento, por si só, não permite alcançar.
Num reforço do capital accionista da SAD que propicie um maior investimento no futebol.
Numa politica de prospecção agressiva e no terreno que nos abra possibilidades de contratar bons jogadores em mercados de imenso potencial como Brasil, Argentina, Uruguai ou Chile antes de outros clubes com mais poder financeiro os descobrirem.
No termos em lugar de decisão (LPFP e FPF) vitorianos que estejam lá não para que o clube seja favorecido mas para tentarem evitar que seja um "enteado" perante os "filhos" do "sistema".
Numa verdadeira politica de comunicação, interna e externa, que não deixe o clube para trás nas "guerras" mediáticas que fazem parte do "folclore" do futebol.
Num marketing agressivo e numa politica comercial eficaz que dêem expressão ao potencial que sabemos ter,mas que está muito longe de ser devidamente aproveitado, e aumente as receitas do clube nessa área.
E na Ambição.
Da administração da SAD, dos técnicos e dos jogadores que em cada momento administrem, treinem ou joguem.
A ambição de verem o Vitória ser campeão nacional e acreditarem que podem contribuir para fazer isso possível.
É uma ambição que tem toda a razão de ser.
Não para este ano, nem para o próximo ou o outro a seguir.
Há um longo e minucioso trabalho a fazer.
Mas que pode e deve ser feito.
E estou certo que os adeptos estarão,como sempre, na primeira linha da ambição e do desejo de conquista.
Afinal pelos adeptos já seríamos campeões há muito!
Depois Falamos.

16 comentários:

Diogo Leite disse...

Março está à espreita, meu caro. São precisos projectos, mas mais do que projectos, são precisas acções. Os vitorianos esperam, e eu também!
Um abraço!

Anónimo disse...

Para o Vitória ganhar precisa de jogar muito futebol, muito mais que os outros, e não cometer erros. Em portugal o árbitro está lá para restabelecer o 'sistema'. Porque é que não existe uma organização independente para juízes do desporto, que selecione e classifique as arbitragens? A justiça deverá ser sempre independente de qualquer interesse económico, político, etc... Será que a questão dos patrocinadores realmente não influencia a atuação dos árbitros? No mercado dos patrocínios a visibilidade é relevante, se a mesma marca patrocina o organizador dos eventos e clubes participantes nesses eventos, existe conflito de interesses. Como é que isto é legal?
As palavras de hoje de Manuel Cajuda a propósito da seleção não deixam dúvidas sobre o nosso futebol.

Miguel Silva

Anónimo disse...

Se quiser sondar o que diz o meu 'coração' a respeito do seu texto «Ambição (quase) Centenária», transcreveria o seguinte:
A cada vitória conseguida na presente época estamos mais perto de isso acontecer, Sr. Luís Cirilo. Só os empates ou as derrotas nos afastarão do título. Simples. Só temos de os evitar.
Porquê pensarmos a longo prazo quando podemos ser campeões agora?
Para ganhar o campeonato os elementos individuais da equipa têm de encarar cada jogo como se fosse o último das suas vidas. Estando dispostos a deixar a vida em campo, seguindo as instruções do nosso mister, com ou sem apoio ruidoso nas bancadas, naturalmente serão campeões.
Muito mais do que as infraestruturas que temos ou as parcerias que necessitamos, para que os resultados surjam no imediato é preciso mudar o modo de encarar o adversário para mentalidade ganhadora.
Não se pode jogar a pensar na Liga dos Campeões, na Liga Europa, na Taça da Liga ou na Taça de Portugal ou para ficar classificado nos cinco primeiros.
A mentalidade ganhadora em futebol é fazer reset antes de cada jogo e acabá-lo com mais golos que o adversário. Consegue-se com sacrifício, jogar e ganhar em equipa para ficar em primeiro.
Se os jogadores acreditarem, se a equipa refletir essa crença dentro de campo, se o treinador transmitir confiança sem vacilar, o adversário fraqueja e seremos campeões mais cedo do que o Sr. Luís Cirilo imagina.
Comigo resulta quando recito interiormente os Salmos 23, do Rei David, sempre que enfrentei adversidades.

«O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
Em verdes prados me faz descansar e conduz-me às águas refrescantes.
Reconforta a minha alma, guia-me pelos caminhos rectos, por amor do Seu Nome.
Mesmo que atravesse os vales sombrios, nenhum mal temerei porque estai comigo,
O Vosso bastão e o Vosso cajado dão-me conforto.
Preparais-me um banquete frente aos meus adversários.
Ungis com óleo a minha cabeça e a minha taça transborda.
A graça e a bondade hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida.
A minha morada será a casa do Senhor ao longo dos dias.»

Lido à pressa, faz pouco sentido. Mas a jogar futebol com um objetivo tão supremo como o Campeonato, tenho certeza que tudo ficará mais clarividente a quem o souber decifrar.

Quim Rolhas

Anónimo disse...

"A verdade é que ainda não fomos campeões nacionais.
Mas podemos ser."
VAMOS SER CAMPEÕES !
E não demorará tanto quanto isso, estou convicto disso. Está a fazer-se um bom trabalho de reestruturação do clube que vai dar frutos mais cedo talvez do que se pensa. Não sei se o Sr. Cirilo se perfila ou não como candidato, e a oposição é sempre uma mais valia em qualquer clube, mas olhe que esta direcção precisa de mais alguns mandatos...

luis cirilo disse...

Caro Diogo:
Projectos e ideias não faltam aos vitorianos. Neste blogue tenho deixado,ao longo dos anos,muitas ideias quanto ao que deve ser o nosso clube. Algumas tentei implementá-las quando estive na direcção como sabe. Com maior ou menor sucesso. Mas o grosso delas está ainda em projecto. Até ao dia em que seja possível pô-las em prática.
Caro Miguel Silva.
É verdade o que diz. Nomeadamente sobre patrocínios e patrocinadores. E também sobre a publicidade de borla que as televisões dão aos patrocinadores de três clubes em detrimento de todos os outros. Por isso é preciso uma boa estratégia que permita ultrapassar todas essas desvantagens.
Caro Quim Rolhas:
Concordo com o seu ponto de vista e gosto da sua mentalidade ganhadora. Infelizmente, e ao contrário de si, não creio que estejam reunidas as condições para podermos aspirar a mais que um quarto/quinto lugar nesta época. E já será bom, neste contexto, ficarmos por aí. Claro que se em Janeiro não sair nenhum jogador e for possível reforçar a equipa com mais dois/três jogadores podemos talvez pensar em mais qualquer coisa. Se entretanto mantivermos a classificação actual.
Caro Anónimo:
O objectivo de ser campeão nacional não pode ser atingido sem um trabalho de médio prazo. Que estará já iniciado, nomeadamente com a criação da equipa B, mas que será concluído (assim esperamos) apenas dentro de alguns anos. Provavelmente por outros jogadores, outros técnicos e outros dirigentes. O que importa é o resultado final e não quem o leva a cabo.
Adeptos, dirigentes, técnicos e jogadores servem o Vitória. Não é o Vitória que os serve a eles.

Anónimo disse...

Eu frisei antes de comentar em cima, Sr. Luís Cirilo, que era meu coração a falar. Mas se quer a minha resposta racional a essa pretensão, eu também lha dou. Não vai gostar, mas pronto, aqui vai:
«Não me parece ser possível o Vitória sagrar-se Campeão porque nunca vi nada parecido antes. Essa disputa costuma estar entregue a equipas como Sporting, Porto e Benfica. Somos pequenos demais para chegar lá. Mais vale resignarmo-nos à nossa condição. Contentamo-nos mais a fazer brilharetes de meia temporada com as sobras de outras equipas do que a perseguir sonhos impossíveis, só ao alcance dos grandes.»
Como notou, Sr. Luís Cirilo, o meu lado racional é muito aborrecido e não contribui em nada para a minha felicidade vitoriana.

Quim Rolhas

luis cirilo disse...

Caro Quim Rolhas:
Afinal parece que sou mais optimista que o meu amigo nesta matéria. Porque eu acredito que é possível. se fizermos o trabalho de casa muito bem feito.

Anónimo disse...

É só deixar o coração falar e temos festa. Quer ver um exemplo do que sinto agora? «Estamos em 3º no campeonato, perto do primeiro lugar. Falta pouco. Não tarda, ganhando fora de casa aos três do costume, seremos campeões»
Se o meu lado racional manifestar opinião a este respeito, dirá mais ou menos isto: «Estamos no terceiro lugar, a descer de acordo com o valor do plantel inicialmente traçado. Por este andar, não devemos descer de divisão porque há outros piores do que nós. Melhores anos virão».
Por isso, prefiro a boa onda da primeira postura. O risco que corro é só meu e não estou a enganar ninguém.
Quanto ao seu texto, e no âmbito do que já falamos, fora destes devaneios de lado A ou B, concordo também que há muito trabalho pela frente.
Continuo achar que nesta altura, o importante é imprimir um registo de trabalho com uma mentalidade ganhadora.

Quim Rolhas

Anónimo disse...

Concordo plenamente com as suas palavras! mas já agora gostaria de acrescentar que, um dos fatores mais limitadores ao sucesso de uma equipa de futebol, é entrar em campo e pensar que o juiz da partida pode influenciar o resultado. Para quem viu o jogo do restelo, em que o nosso vSC ganhou 3 a 0 com 10 elementos! depressa chega à conclusão que falar dos erros dos árbitros não passa de desculpas de mau perdedor e de muito pouca ambição! à imagem do Rei Davi, a jovem equipa do Vitória, não quis saber de desculpas, acreditou, e partiu para cima do adversário como se de um Golias se tratasse! a ambiçao e o crer, é que faz as pessoas crescerem...

luis cirilo disse...

Caro Quim Rolhas:
O suporte essencial de todo o trabalho que há a fazer é precisamente a ambição. A todos os níveis!
Caro Anónimo:
São coisas diferentes.
A atitude da equipa tem de ser sempre a do Restelo. Fazer apelo à própria qualidade e determinação para superar os problemas que surgem de onde não deviam surgir.
Mas a atitude de quem dirige tem de ser no sentido de evitar ao máximo que esses tais problemas surjam e condicionem a equipa.
E nesse aspecto temos estado aquém do necessário.

Anónimo disse...

Ao contrario de muitos ,penso que o Vitoria poderá ser Campeão se agarrar a oportunidade quando ela surgir. Passo a explicar:lEMBRO A ÉPOCA DE 1969 E 1986,nada foi programado, a época começou bem os resultados apareceram a equipa e os socios empolgaram-se cria-se uma dinámica de vitoria e tudo parece correr bem!A questão vem a seguir e aqui trata-se de não saber lidar com a situação,ir buscar mais um reforço que seja necessário apostar tudo nos prémios de jogos pelas vitórias galvanizar a sociedade civil local ete. etc..
Acredito mais que o Vitória será um dia Campeão numa destas circunstancias do que em objectivos a longo prazo.
E porque não tentar já este ano? Investir tudo numa vitoria em Setubal e depois vamos vendo.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Eu acredito mais no trabalho planificado. Mas sermos campeões pelo efeito surpresa de uma época em que tudo corra bem também serve.
Se ganharmos em Setúbal cria-se uma bela expectativa para a recepção ao Sporting. A ver vamos...

Anónimo disse...

Como vê, Sr. Luís Cirilo, a julgar pelos últimos comentários acima, não sou o único a pensar o mesmo a respeito da potencialidade do Vitória na presente época, desde que não perca o primeiro lugar de vista.
Primeiro não se pode desperdiçar pontos em Setúbal. E depois, passo a passo, pensa-se no resto.

Quim Rolhas

luis cirilo disse...

Caro Quim Rolhas:
A questão essencial,relativamente a esta época,é precisamente essa. Não descolar do pódio para poder lá mais para diante afirmar uma candidatura. Do meu ponto de vista tal não será possível pelas razões que já debatemos.
Mas também lhe digo que se ainda tivessemos Ricardo, Paulo Oliveira e Soudani(ou Baldé) a minha opinião seria bem parecida com a sua.

Anónimo disse...

Tenho dado muitas voltas à cabeça com isso, Sr. Luís Cirilo. Mais do que devia. É que quando se alimentam esperanças destas, sem sustentabilidade nos suplentes do plantel, o tombo é muito maior na 2º volta. Mas já estamos habituados a nascer grandes e a morrer pequenos.
Já falamos aqui para a necessidade de os jogadores cultivarem hábitos saudáveis, pelo menos, 3 dias antes de cada jogo. Com boa alimentação, cultivo de uma mentalidade ganhadora, não utilização de aparelhos electrónicos, abstinência sexual, não colocação de objecos de adorno metálicos tais como relógios, pulseiras, brincos ou anéis. Às vezes isso chega para o jogador se exceder em termos individuais, outras vezes para afinar a equipa ou mantê-la intacta temos de recorrer a outros procedimentos, onde a honra pode ser beliscada, sem pôr em causa o fair-play.
Todos os anos o Vitória chega a Dezembro com sinais de boas graças, mas nos primeiros dias de Janeiro, os clubes mais endinheiradas, chegam cá e levam-nos os nomes mais proeminentes muito antes de eles renderem o que deviam no Vitória ao nível futebolístico e financeiro. O único arsenal de reforços grátis que o Vitória tem, como se sabe, vai sendo a equipa B que este ano vai tentar sobreviver como pode.
Para repelir interesses de gaviões nos nossos jogadores, o Vitória tem de ser capaz de se apresentar como comprador em Dezembro e ir buscar 3 ou 4 jogadores, assegurando os que tem, usando as mesmas armas. Uma delas é 'lesionar' o jogador ao nível burocrático, na secretaria, anulando a cobiça alheia. Muitos clubes fazem-no de forma subtil, outros à descarada. Vai-se a ver a recuperação médica do jogador torna-se surpreendente após o fecho do mercado de transferências de Inverno.
O Vitória precisa de bom esquerdo, um bom ala esquerdo e um avançado na mesma linha do Alvez para fazer uma 2ª volta de fazer inveja e sem sobressaltos. O mister Rui Vitória, caso o clube enjeite a golpes baixos, teria de refinar os seus métodos de ilusão, tornando os seus jogadores pouco apetecíveis à cobiça alheia. Por uma vez na vida, a pódio é valioso demais que estarmos todos os anos a enfrentar Dezembro e Janeiro cheios de medo.

Quim Rolhas

luis cirilo disse...

Caro Quim Rolhas:
Concordo na generalidade com os seus comentários.
E comentarei apenas as suas conclusões para dizer o seguinte: O Vitória, se quiser fazer até ao fim um campeonato ao nível do que vem fazendo, tem de se reforçar em Janeiro.
De duas formas:
Mantendo os indispensáveis do plantel e indo ao mercado buscar dois/três jogadores que sejam reforços no imediato. Ou seja que entrem de imediato na equipa ou discutam seriamente o lugar dos titulares. Parece-me que se ao grupo for possível juntar um ponta de lança, um central e um extremo poderemos perfeitamente discutir um lugar entre o terceiro e o quarto. Se, até lá,não nos atrasarmos de forma irremediável.