O meu artigo desta semana no zerozero.pt
O defeso é por natureza o tempo mais chato do futebol!
Desde logo porque não há futebol de competição, não há a adrenalina dos jogos, a emoção da disputa de resultados e classificações.
Mas também porque é o tempo da ilusão, do sonho e do acréscimo de esperança com a contrapartida da desilusão, da expectativa não cumprida, da notícia que num dia é verdade e no dia seguinte é mentira, do jogador que vinha mas afinal não veio, do rumor que não se confirmou e por aí fora.
É também o tempo do exagero, neste caso face ao período de duração do defeso, que pode agradar a alguns clubes, a bastantes jogadores e a todos os empresários mas tenho as maiores dúvidas que seja benéfico para a maioria dos clubes e para a grande maioria dos adeptos que veêm as suas equipas serem depradadas pelos clubes economicamente mais poderosos frustrando expectativas que os inícios de época por vezes acalentam.
Penso que em defesa do futebol a FIFA e a UEFA (esta por o mercado europeu ser o mais importante) deviam restringir drasticamente os períodos de funcionamento do mercado impedindo que com as competições já a decorrer ainda possam existir mudanças de clube para alguns jogadores.
Seria perfeitamente aceitável que com o início das pré eliminatórias das competições europeias o mercado encerrasse permitindo a clubes e treinadores uma estabilidade de trabalho que actualmente não existe e que leva a que alguns treinadores desenhem uma equipa e um modelo de jogo com base no plantel do início dos trabalhos e depois tenham que alterar tudo ao sabor do mercado e da lei do mais forte até porque nalguns clubes as cláusulas de rescisão são apenas uma piada sem...piada.
Mas as regras, por agora, são estas e há que saber viver com elas.
E por isso aqui deixo uma breve opinião sobre o que poderá ser a época do Vitória no tempo em que está num defeso prestes a terminar face ao jogo europeu desta semana frente ao Floriana de Malta e a contar para a segunda pré eliminatória da Liga Conferência,
O Vitória que apresentou ontem o seu plantel, mas sem esquecer que até 2 de Setembro falta muito tempo, num triunfo sobre o Rayo Vallecano em que a exibição e alguns reforços criaram o habitual entusiasmo numa massa adepta sempre ansiosa por ter razões para acreditar numa grande temporada.
E olhando o actual plantel, do qual “apenas” saíram até agora André André e Afonso Freitas com a contrapartida de oito entradas (que obviamente fazem pressupor saídas), há que dizer que é um plantel muito bem composto com soluções para todos os sectores especialmente da baliza ao meio campo restando a dúvida sobre o sector atacante porque no que toca a pontas de lança Ramirez e Bica suscitam expetativas mas tem de as confirmar , Nélson Oliveira tem de render mais do que na época passada , enquanto Butzke parece ser carta fora do baralho mas não há certezas quanto a isso, enquanto nos flancos há clara carência de soluções porque o regresso de Kaio César, a utilização de Mangas como extremo e o regresso à competição depois de grave lesão de Telmo Arcanjo me parece curto para o necessário ainda por cima com um treinador que gosta de jogar em 4-3-3.
O que acentua a estranheza pelo facto de o extremo Ronaldo Lumungo, possivelmente o melhor jogador da equipa B na temporada passada com golos, alguns deles espectaculares, e assistências não esteja a trabalhar com a primeira equipa para, ao menos, Rui Borges poder aquilatar das suas qualidades quando outros jogadores da B o tem feito.
Mas esta é uma opinião sobre o plantel ao dia de hoje porque até ao dia dois de Setembro muita coisa vai seguramente acontecer.
Deseja-se que de molde a aumentar o entusiasmo dos adeptos e a competitividade da equipa mas sinceramente duvida-se que assim vá ser porque há jogadores que se anunciam na porta de saída que farão imensa falta e para os quais não se divisam neste plantel substitutos à altura.
Refiro-me, especialmente, a Jota Silva e Tomás Handel.
Mas há outros nomes aventados nesta lógica atrás referida de o defeso ser o tempo da especulação, do diz-se que disse, de a notícia de hoje não corresponder à notícia de amanhã.
Em suma do manter actual a célebre frase do melhor presidente de sempre do Vitória segundo o qual “ o que hoje é verdade amanhã pode ser mentira”.
Seja como for o Vitória quinta feira tem o seu primeiro compromisso oficial e o chegar à fase de grupos da Liga Conferência é uma prioridade e uma obrigação pelo que há que ir a jogo com todos os argumentos ao dispôr do treinador.
O que vai acontecer a seguir logo se verá.