Os sistemas eleitorais que vou referir tem muitos anos, não foram criados para as eleiçoes que vou comentar, e por isso quem a elas concorreu sabia perfeitamente as regras do jogo pelo que obviamente os que perderam não se podem queixar.
Mas isso não obsta que se possa manifestar a mais natural das estranhezas por existirem sistemas em que quem tem mais votos não ganha as eleições.
Assim aconteceu nos Estados Unidos quando em 2000 Al Gore teve mais votos que George W. Bush mas não ganhou as eleições e depois em 2016 quando Hillary Clinton teve uma votação superior a Donald Trump em mais de três milhões de votos e também não foi a vencedora.
Creio que em ambos os casos com sério prejuizo para os EUA e para o mundo mas é o sistema eleitoral americano com as suas especificidades muito próprias.
Do meu ponto de vista caduco, ultrapassado, mas é aos americanos que cabe mudá-lo se assim entenderem.
No passado domingo em França, e com um sistema eleitoral diferente dado prever uma segunda volta que se revelou propícia às mini geringonças de que a esquerda tanto gosta, aconteceu outra vez o mesmo, ou seja o vencedor no voto popular não ganhou as eleições.
E se nos desligarnos dos comentários e comentadores televisivos, dos correspondentes ou enviados especiais a França que até a seleção francesa da futebol puseram a festejar os resultados eleitorais quando não foi nada disso que se passou, e naturalmente da esquerda e extrema portuguesas que à falta de vitórias próprias anda de radar ligado a ver se descobre vitórias alheias para festejar, constatamos uma realidade diferente e que está expressa nos quadros que ilustram este texto.
O partido mais votado foi o RN de Marine Le Pen e Jordan Badella que teve mais de dez mihões de votos e 37% de percentagem mas elegeu apenas 143 deputados.
Em segundo lugar com menos três milhões e trezentos mil votos que o RN e 25%95 de percentagem ficou a coligação "Nova Frente Popular" mas elegendo 176 deputados, fruto das tais mini geringonças e do próprio sistema eleitoral, foi proclamada vencedora das eleições.
Em terceiro lugar com menos três milhões e setecentos mil votos que o RN , 24%64 de percentagem e elegendo 150 deputados ficou a coligação "Juntos" do presidente Emmanuel Macron.
Como disse no início é um sistema eleitoral com muitos anos e quem concorre a eleições em França sabe as regras do jogo.
Mas tenho dúvidas que em termos puramente democráticos seja compreensível que quem teve mais votos não seja o vencedor das eleições e chamado a formar governo (com ou sem maioria é outra história) e que dez milhões de votos elejam apenas 143 deputados enquanto 6,8 milhões elegem 176 e 6,3 milhões elegem 150.
Muitas vezes em Portugal queixamo-nos do nosso sistema eleitoral e periodicamente surgem propostas de o modificar.
Não tenho dúvidas de que é necessário fazê-lo até para travar a abstenção e o desencanto das pessoas com a política.
Mas que essa mudança não vá nunca na direção dos sistemas francês ou americano.
Á beira desses o nosso é muito bom.
Depois Falamos
2 comentários:
Permita-me acrescentar que a mesma percentagem de votos "votados" permitiu eleger uma esmagadora maioria do Labour na casa dos comuns do parlamento inglês, com um sistena também ele diferente.
Caro Francisco Guimarães
Com a curiosidade de com a menor votação de sempre de um partido vencedor de eleições o Labour ter obtido uma das maiores vitórias de sempreem termos de deputados eleitos. De facto não há sistemas eleitorais perfeitos
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