O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Num mundo assolado por violência dos mais diversos tipos, desde as guerras em curso em vários pontos do globo até aos crimes diariamente cometidos em sítios públicos e privados, a violência existente no futebol não é seguramente das mais importantes nem das mais preocupantes...mas existe.
E existindo tem de ser combatida.
Não me refiro aqui à violência existente no jogo em si, consubstanciada em faltas graves e agressões que merecem (ás vezes não...) a devida punição disciplinar das equipas de arbitragem com a exibição de cartões amarelos e cartões vermelhos para sancionarem os faltosos.
Nem sequer aos fenómenos de violência entre adeptos e que no passado se traduziam por autênticos arraiais de pancadaria nas bancadas mas que hoje são felizmente cada vez mais raros face à actuação preventiva das forças policiais e à separação de adeptos por bancadas diferentes.
Embora em volta dos estádios e nos seu acessos continue a existir alguma violência fruto da acção de grupos organizados (“casuals” e não só) que agridem e perseguem adeptos dos clubes que defrontam os seus e de dedicam à destruição e ao vandalismo como aconteceu em recente visita do Hajduk Split a Guimarães com bandidos croatas adeptos desse clube ajudados por bandidos pertencentes a uma claque do Benfica a atacarem o centro histórico da cidade destruindo tudo quanto lhes aparecia pela frente,na noite anterior ao jogo, numa autêntica acção de crime organizado que passou completamente impune.
A violência de que vou aqui falar é outra e faço-o na qualidade em que escrevo estes textos ou seja como adepto do Vitória Sport Clube.
Há de há muito, porque convém a quem a criou e a quem a propaga, uma narrativa segundo a qual os adeptos do Vitória entre outros defeitos que lhes são mentirosamente imputados tem também propensão para a violência e para a criação de conflitos com adeptos de outros clubes e também com as forças policiais.
E se essa narrativa dá muito jeito para se justificarem determinado tipo de acções sobre os adeptos vitorianos já o sabemos, e já lá vamos, também de provoca graves danos reputacionais na imagem do clube com todas as consequências daí advindas e que interessam aos nossos adversários e até aos nossos inimigos porque também os temos.
Não nego, porque seria mentira, que isso não tenha acontecido aqui ou ali por circunstâncias diversas e a merecerem a natural condenação porque nesta matéria se há raciocínio que nunca fiz nem farei é que há violência “boa”, a dos nossos, e violência má quando é praticada pelos outros.
Mas se há violência que não tem qualquer justificação é a violência indiscriminada sobre adeptos perpetrada por forças policiais de um Estado que deve defender os seus cidadãos e não agredi-los sem qualquer justificação como tem acontecido por várias com uso de força excessiva (e completamente desnecessária no contexto em que é utilizada) sobre adeptos vitorianos em estádios deste país.
Dou apenas quatro exemplos, dispersos nos últimos dez anos para ilustrar o que afirmo.
Em 2014 antes de um Vitória-Porto, e por força dos incidentes provocados junto á bancada topo sul por adeptos do Porto a PSP invadiu e agrediu indisciminadamente os adeptos do...Vitória presentes na bancada inferior desse topo.
Em 2017, antes de um Vitória-Benfica, uma carga policial sem qualquer justificação obrigou os adeptos do Vitória a fugirem para o relvado para escaparem dos agentes que os agrediam após disturbios e arremesso de objectos e cadeiras pelos adeptos do...Benfica.
Em 2022 durante o jogo com o Puskas Academia, para a Liga Conferência, nova carga policial sem qualquer justificação levou agentes a invadirem a bancada nascente inferior levando o “requinte” ao ponto de apontarem armas de fogo a adeptos aterrorizados entre os quais muitas crianças como se estivessem num qualquer cenário de guerrilha urbana.
Já neste ano de 2024, e poucas semanas atrás, mais uma carga policial absolutamente injustificada sobre adeptos vitorianos, desta vez em Vila das Aves, provocando o pânico entre adultos e crianças que não percebiam a que se devia esse autêntico abuso de poder sobre pessoas que nada tinham feito para o merecerem.
Tudo isto, e muitos outros casos que poderia referir, sem que alguma vez a hierarquia das forças policiais e o próprio Estado tenham mostrado qualquer interesse em averiguar se o uso da força se processou em parâmetros correctos e adequados aos eventuais incidentes (caso tenham existido é claro) ou se houve o tal uso de força excessiva pelo qual tem de haver responsáveis e a respectiva responsabilização.
Ou seja parece que bater em adeptos do Vitória é um novo “desporto” que pode ser praticado sempre que apeteça e na maior das impunidades.
E cabe aqui lembrar aquele oficial da PSP que por dar umas bastonadas, se justas ou injustas é outra questão, num adepto do Benfica no exterior do estádio D. Afonso Henriques teve processos disciplinares e processos judiciais para lá de uma perseguição sem quartel na comunicação social com todos os prejuízos pessoais e profissionais daí decorrentes.
Porque, pelos vistos, bater num adepto do Benfica é crime enquanto bater em adeptos do Vitória é “desporto”!
E portanto esses abusos de poder sobre adeptos vitorianos revelam uma impunidade dos seus autores a fazer lembrar, para lá do já referido caso dos bandidos adeptos do Hajduk Split e do Benfica que vandalizaram o centro histórico de Guimarães, o bando de ladrões identificados como adeptos do Benfica que no final de um jogo com o Vitória assaltaram os armazéns do clube no topo norte do estádio D.Afonso Henriques roubando e vandalizando o que bem lhes apeteceu com o inaudito atrevimento de publicarem imagens dos crimes nas redes sociais sem alguma vez terem sido incomodados por isso tanto quanto se sabe.
Daí há que dizer, de forma clara e sem sofismas, que tal como defendo punições exemplares para adeptos que provoquem a violência nos estádios e fora deles igualmente defendo que aqueles que vestindo farda das forças de segurança não a saibam prestigiar, e ao abrigo dela pratiquem abusos de poder, devem ser responsabilizados pelos seus actos e impedidos de continuarem a pratica-los.
Porque tal como todo um clube, seja qual for, não pode pagar por ter algumas “ervas daninhas” no seu seio que prejudicam a sua imagem também as forças de segurança (especialmente PSP e GNR) que são pilares essenciais na defesa do Estado de Direito não podem ver a sua reputação manchada por quem não merece vestir a sua honrada e prestigiada farda.
Mas, e a terminar, há outras formas de violência exercidas sobre o Vitória e os vitorianos que também tem de ser denunciadas e combatidas pelo que de nocivo encerram.
Refiro-me a mentiras, invenções e calúnias lançadas sobre clube e adeptos por gente sem vergonha nem noção da responsabilidade.
E já nem me refiro ao badalado caso de um desmiolado que cuspiu no prato onde tinha comido e em que a Justiça se encarregou de repôr a verdade depois de ataques ao clube como não há memória de alguma vez terem acontecido em Portugal em relação a qualquer outro clube e massa adepta.
Mas apenas a um caso mais recente em que um jornalista do Record (jornal pertencente a um grupo de comunicação social especialista em sensacionalismo, que não faz dos escrúpulos causa maior e que tem uma relação difusa com a Verdade, de que fazem parte o jornal Correio da Manhã e os canais de televisão CM TV e Now entre outros orgãos) se ter dedicado a inventar o que ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém fez qualquer tipo de declaração sobre o (não) assunto e ninguém reportou em qualquer dos relatórios obrigatórios num jogo de futebol.
Mas apesar da inegável inexistência de qualquer ilícito já se sabe que a mentira faz o seu caminho com uma facilidade maior do que a verdade e essa invenção apenas reproduzida nos orgãos de comunicação social desse grupo levou a que quem não se consegue colocar acima desse nível, ou seja é tão ruim como eles, já tivesse instaurado um processo disciplinar ao clube!
Esperemos que mais uma vez a Justiça reponha a Verdade.
Sendo certo que estes ataques ao Vitória e aos seus adeptos merecerão sempre uma condenação clara e frontal sem o refúgio nas meias palavras ou o medo de infringir o politicamente correcto por parte de todos os vitorianos que sentem as dores do clube como suas.
É esse o ADN dos adeptos do Vitória Sport Clube!