Com o problema do covid-19 a ganhar uma expressão brutal na Europa,
aquela a que antigamente se chamava Europa Ocidental mas nem tanto na
anteriormente chamada Europa de Leste ( o que não deixa de ser curioso mas não
é tema para aqui) , são cada vez mais as interrogações sobre o que vai fazer o
mundo do futebol para resolver os seus problemas e tanto quanto possível
concluir as provas em curso.
A primeira questão é desde logo essa: Será que vai ser possível
concluir os campeonatos nacionais e as próprias competições europeias dentro
dos terrenos de jogo ou será necessário optar por outras (más) soluções?
Creio que em bom rigor ninguém poderá dizer, nos dias ou semanas mais
próximos, aquilo que vai na realidade acontecer porque a contenção do vírus
ainda está, infelizmente, muito longe de ver a luz ao fundo do túnel.
Um parentesis para dizer que entendo-se a importância do assunto,
nomeadamente naquilo que se prende com a sobrevivência dos clubes e os milhares
de empregos que existem em função do futebol (e não apenas de jogadores e
treinadores como às vezes erroneamente alguns parecem pensar)e que é imperioso
tentar proteger, a verdade é que o futebol é insignificante perante a luta pela
Vida que dramaticamente se trava em todo o mundo.
Voltando ao assunto é conhecida para já a posição da UEFA, que tipo
Pôncio Pilatos lavou as mãos do problema e limitou-se a indicar às federações
nacionais uma data até á qual as competições tem de estar concluídas, tendo agora em cada país que ser encontrada
uma solução que leve em linha de conta vários factores do qual o primeiro terá
de ser, sempre, a respectiva situação sanitária.
Há , grosso modo, três hipóteses em cima da mesa das federações e
ligas.
1) Dar as provas por concluídas homologando as respectivas
classificações.
2) Tentar reatar os campeonatos, ainda que com jogos à porta fechada,
para os concluir dentro do prazo da UEFA.
3) Assumir que não há condições para reatar as provas,mas também não
homologar as classificações, procurando outras formas de indicar apurados
europeus e subidas e descidas de divisão.
Há ainda poucas definições em qualquer um dos sentidos possíveis.
Sabe-se já da decisão da federação belga que decidiu que os
campeonatos não será reatados, homologou as classificações com indicação do
campeão, dos apurados para as competições europeias e das subidas e descidas de
divisão.
Conhece-se a intenção da federação inglesa de concentrar as equipas
todas na zona de Londres para numa maratona de jogos à porta fechada, ao longo
de dois meses, terminar o campeonato (que o Liverpool está a cinco pontos de
conquistar) mas ainda não é certo que isso aconteça porque, entre outras
questões, os clubes ainda não se pronunciaram.
Não se sabe ainda de alguma federação que já tenha decidido terminar o
campeonato sem homologar a classificação procurando, então, outras formas de
decidir as questões em aberto.
Em Portugal, o caso que mais nos interessa, a Liga divulgou agora a
sua intenção de reatar o campeonato no final de Maio (com início dos treinos
das equipas na primeira semana desse mês) podendo assim conclui-lo dentro dos
prazos estabelecidos pela UEFA.
Isto se a pandemia o permitir é claro.
São decisões muito complexas, que envolvem interesses que vão dos
desportivos aos financeiros, passando por questões de indole comercial como os
direitos televisivos, e por isso seja qual for a solução ela não só não será
perfeita como desencadeará polémicas sem fim especialmente nos países latinos.
Pessoalmente, e tendo a enorme vantagem de não ter que decidir nada,
tenho a seguinte posição sobre o assunto mais na óptica de entusiasta do
futebol do que na de adepto do “meu” Vitória Sport Clube.
Entendo que só faz sentido restar as competições se isso implicar
portas abertas e bancadas com público dentro da normalidade que deve presidir à
realização de um espectáculo desportivo.
Porque não há espectáculo sem espectadores.
Jogar à porta fechada significa, não vale a pena tentarmos dourar a
pílula, que ainda não estão restabelecidas as normais condições sanitárias, que
ainda há perigo de contágio e assim sendo creio que o futebol não tem o direito
de pôr em risco a saúde e a vida dos jogadores, treinadores, funcionários e
todos os responsáveis envolvidos na organização dos jogos em nome de interesses
que sendo respeitáveis são muito inferiores ao valor supremo da Vida.
Por isso se o amplamente desejável, que é concluir as competições em
total normalidade com público nas bancadas e sem receios quanto à saúde de cada
um, não for possível então defendo que o campeonato deve ser dado como
concluído com a homologação das classificações à altura da suspensão do mesmo e
apenas com a nuance de não existirem descidas de divisão e consequente alargamento
para vinte clubes na próxima época com a promoção de Farense e Nacional.
Seguindo-se nos escalões inferiores o mesmo princípio.
Creio que era o que a UEFA devia ter decidido caso se confirme não
haver condições para os reatar com absoluta normalidade.
Dar por concluídos os campeonatos desta época, permitir que a próxima
arrancasse de forma absolutamente normal e não estar a pressionar as datas da
próxima temporada com inicios tardios de campeonatos sabendo que há jogos de
apuramento para o mundial de 2022 e Europeu em Junho/julho.
Devia.
Mas preferiu atirar a responsabilidade para as Federações e Ligas
nacionais.
Com prejuízo do futebol receio bem...
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