Com o covid-19 a retirar espaço à política pura e dura, por razões que advém da pandemia e por razões que advém de desistências várias quanto ao exercício da oposição, parece cada vez mais provável que nas presidenciais de 2021 a corrida de Marcelo seja apenas contra os números que quer alcançar e lhe permitam a mais triunfal das reeleições.
Não se lhe adivinha oposição séria.
O PSD vai apoiá-lo, sem vontade nenhuma mas não tem outro remédio, o PS de forma mais ou menos visível também o apoiará depois de cinco anos em que teve no presidente o seu melhor apoiante e quantas vezes porta voz, o CDS acabará por o apoiar porque sabe que um candidato próprio seria humilhado face à previsível votação de André Ventura.
O Chega tem candidato próprio que se vai converter nesta eleição presidencial no depositário de muitos votos de protesto que lhe permitirão um resultado muito confortável e a aspiração de outros voos nas legislativas de 2023.
À esquerda do PS nada de novo.
Fatal como o destino o PCP terá o seu candidato, provavelmente o futuro líder a fazer rodagem, para aproveitar os tempos de antena e incansavelmente defender as mesmas causas de sempre aproveitando para uns ataques a Ventura que este obviamente muito agradecerá.
A curiosidade é saber se irá a votos mas só não o fará se à esquerda aparecer um qualquer "Sampaio da Nóvoa" que permita ao candidato do partido desistir sem perder a face.
O BE terá candidato, ou candidata se Marisa Matias repetir a candidatura, que servirá para defender umas causas já conhecidas, segurar o eleitorado, ter tempo de antena e ir a votos.
O objectivo será evidentemente captar o voto de quem à esquerda não quer votar Marcelo nem no camarada que o PCP apresentar.
É uma estratégia já conhecida e com que o BE se tem dado bem.
Depois aparecerão os habituais candidatos "queijo da serra" com quem não vale a pena perder tempo porque para lá do cumprimento de um direito de cidadania não acrscentam nada à disputa.
Ficam apenas uma dúvida e uma certeza.
A dúvida é quem será a candidatura da chamada esquerda mais ou menos independente (Sampaio da Nóvoa, Ana Gomes, Carvalho da Silva, etc) que aparecerá para disputar votos com os candidatos do PCP e BE e que permita à ala esquerda do PS (aquela que só não está no BE porque lá não há poder) não votar Marcelo e tranquilizar a consciência votando em alguém de esquerda pura.
Não será também essa candidatura que tirará o sono a Marcelo embora possa pôr definitivamente em causa a tal percentagem histórica.
E depois a certeza.
A certeza de que à direita de Marcelo e à esquerda de André Ventura há um enorme espaço vazio.
Constituído pelos PSD que não querem votar Marcelo, pelos CDS que nem querem Marcelo nem Ventura, pelos votantes da Iniciativa Liberal e da Aliança que estão divididos sem qualquer entusiasmo entre Marcelo, Ventura e a abstenção, por socialistas moderados que não querem Marcelo mas também não querem o tal candidato da esquerda independente, por muitos abstencionistas em busca de causas para apoiarem e de candidatos em quem votarem.
E nesse enorme espaço há lugar para uma candidatura de ruptura.
Uma candidatura de alguém que seja novidade, que tenha um bom discurso, ideias inovadoras e relativamente ousadas, uma excelente imagem televisiva e pessoal, um trajecto profissional reconhecidamente de sucesso, que seja jovem e de preferência mulher.
E essa candidatura não ganhando as eleições presidenciais, como está bom de ver, teria excelentes condições para ganhar o futuro.
Depois Falamos
P.S. As minhas piores notas no Liceu foram sempre na disciplina de Desenho.
Por isso não valem a pena pedirem-me para fazer um...
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