Nos cinco anos e uns meses, duas legislaturas incompletas, em que fui deputado pelo PSD na Assembleia da República o Parlamento teve a presidi-lo duas figuras que muito diferentes em muita coisa foram presidentes que prestigiaram a instituição e a própria democracia.
António de Almeida Santos do PS e João Bosco Mota Amaral do PSD.
Dois verdadeiros senadores do regime democrático, com enorme experiência política e de vida, com cargos ocupados em vários orgãos de soberania que lhes permitiram um conhecimento das coisas e das causas que sempre aplicaram no mais elevado cargo parlamentar.
Mota Amaral mais formal, mais cumpridor até ao limite do regimento parlamentar, senhor de uma ironia fina e de um sentido de humor peculiar, rigoroso no funcionamento do plenário e respeitado por todos os grupos parlamentares.
Almeida Santos mais tolerante, com maior bonomia na condução dos trabalhos, mais propenso a desculpar falhas regimentais, também ele possuidor de um notável sentido de humor e obviamente merecedor de enorme respeito de todos os deputados.
Eram dois presidentes para os quais os deputados olhavam com enorme consideração.
Que vinha das respectivas, e notáveis,"folhas de serviço, da esmerada educação que a ambos caracterizava , da inteligência com que se relacionavam com toda a gente de todos os grupos parlamentares, do respeito natural que emanava das suas figuras.
Nunca precisaram de se irritar, de encresparem o diálogo fosse com quem fosse, de levantarem a voz para se fazerem ouvir.
Ambos foram dignos continuadores da uma lista de Presidentes que enobreceram aquela casa, desde o 25 de Abril, iniciada com Henrique de Barros na Assembleia Constituinte e terminada com Assunção Esteves, a primeira mulher a presidir ao Parlamento, em 2015.
De lá para cá tem sido um longo, desolador e vergonhoso hiato.
Que como tudo na vida terá o seu fim.
Depois Falamos.
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